domingo, 31 de agosto de 2014

É para lutar pelos três pontos

                                                                                                                                              
A visita ao estádio do nosso velho rival é, indiscutivelmente, o primeiro grande desafio da época para o Sporting. É sempre um jogo muito especial, que todos querem ganhar, antecipado com um nível de ansiedade e nervosismo diferente por parte dos adeptos dos dois clubes. Não duvido que seja também um jogo aguardado com grande expetativa por muitos profetas da desgraça, que já estarão a esfregar as mãos perante a perspetiva de podermos ficar a 5 pontos de uma liderança bicéfala que tanto se esforçam por proteger. 

Mais do que olharem para os nossos pontos fortes, esses profetas preferem salientar a inexperiência de Sarr, o nervosismo desse jogador banal que para eles é Maurício - curioso como agora já quase todos dizem que Rojo é um grande central, apesar da maioria o ter desvalorizado continuamente enquanto jogava e fazia grandes exibições equipado de verde e branco. Mas da mesma forma que identificaram ao fim de um ou dois jogos os inultrapassáveis defeitos dos nossos reforços, também conseguiram ver de imediato o enorme potencial de César, Luís Felipe e Talisca ao fim de um par de pontapés na bola de águia ao peito. E da mesma forma que auguraram enormes dificuldades na adaptação de Nani e os problemas de balneário que a sua chegada provocará, ao mesmo tempo em que não viam qualquer problema na ascensão imediata de Júlio César à titularidade.

Nada lhes dará mais prazer do que poderem enterrar a candidatura ao título declarada por Bruno de Carvalho, o tal que deu indicações a Nani para marcar o penálti contra o Arouca (segundo uma "testemunha ocular" que falou ao Correio da Manhã), e que causou uma grande revolta na equipa técnica.

Perante tantas reservas colocadas pelos desinteressados especialistas que debitam diária ou semanalmente as suas sustentadas opiniões, perante a falta de qualidade do nosso plantel, perante um balneário estilhaçado e desmotivado, talvez fosse mais prudente comparecermos na Luz com o simples intento de não levarmos uma goleada.

Fará algum sentido darmos ouvidos a este tipo de sentenças? Claro que não.

Como é evidente, temos que entrar em campo com todo o respeito pelo adversário, mas nunca com medo. Sim, teremos pela frente uma equipa que, apesar da sangria a que foi sujeita na pré-época, continua a apresentar um onze de enorme qualidade <irony mode on> onde, por exemplo, o defesa esquerdo titular da seleção portuguesa no mundial é apenas a 3ª opção para essa posição <irony mode off>.

Não nos podemos esquecer que quem tem Gaitan e Salvio pode ganhar um jogo a qualquer momento, e será um indiscutivelmente um teste duríssimo para a nossa defesa, onde Esgaio ainda se está a integrar, Jefferson não é propriamente um mestre a defender, e Maurício e Sarr ainda estão em processo de conhecimento mútuo. Será fundamental tratar muito bem a bola quando estivermos a atacar, não permitindo que o Benfica tire partido da sua maior força: o aproveitamento de lances de contra-ataque, aproveitando momentos de maior desequilíbrio dos nossos setores mais recuados. 

Mas também há motivos para estarmos confiantes, pois o nosso adversário também tem os seus problemas. Em primeiro lugar porque o onze, sendo muito forte, não está ao mesmo nível do da época passada: em vez de ter as dúvidas geradas pela abundância que o plantel tinha então, Jesus tem agora dilemas de outra natureza - Talisca ou Jara em vez de Rodrigo? -, e aquela defesa tem uns rins que poderão ser aproveitados pela mobilidade e repentismo dos nossos jogadores mais adiantados. Depois, porque podemos ter a certeza de que Jesus não poderá colocar a meio do jogo gente do calibre de Cardozo, Markovic e Rúben Amorim (os suplentes que entraram em jogo na 3ª jornada da época passada). Quando as forças começarem a faltar, não vai haver uma fonte quase inesgotável de talento para lançar lá para dentro - aliás, muito pelo contrário.

Entrando em campo com Montero, Carrillo e Nani, e tendo Capel, Slimani e Mané de reserva para serem lançados frescos na segunda em função das necessidades do jogo, há condições também para deixarmos o adversário a temer pelo que poderá suceder à sua baliza ao longo dos 90 minutos. A batalha no meio-campo será dura, mas este ano poderemos contar com a dupla William / Adrien para fazer aquilo que fomos incapazes na visita à Luz na época passada - manter o adversário mais longe da nossa área. 


Sim, é verdade que a derrota por 2-0 do ano passado poderia ter sido muito mais pesada. É verdade que jogámos muito pouco, deixando os nossos rivais e os tais profetas com uma sensação de diferença de nível entre as duas equipas que estava longe de corresponder à realidade. Pois bem, será muito bom que continuem a pensar que essa "diferença" se mantém ou que não foi significativamente encurtada. Que continuem a pensar que Enzo é muito superior a William, que um Carrillo inspirado não consegue ter momentos de magia de um Salvio, que Maxi e Eliseu metem os nossos laterais a um canto (que pena Cédric não estar em condições de jogar) ou que um Lima com 0 golos é muito superior a um Montero que vive uma seca que está difícil de acabar, mas que continua com muito futebol nos pés.

É hora de matar um borrego que se prolonga há demasiados anos, muitas vezes alimentado pela nossa própria incapacidade, mas noutras ocasiões mantido artificialmente pelos Capelas e Gomes que nos calharam em sorte. 

Muita concentração, cabeça fria, inteligência, nunca facilitar, não ter problemas em mandar a bola para o mato em situações de maior aperto e, se não for pedir muito, um pouco mais de eficácia concretizadora do que a que temos tido esta época. De resto, é acreditar que é possível e ter confiança no trabalho que está a ser desenvolvido, porque temos valor mais que suficiente para lutarmos pela vitória! SPOOOORTING!