À semelhança do que fiz nas duas épocas anteriores, vou fazer um balanço dos lances críticos de arbitragem dos jogos dos grandes após cada jornada.
Em primeiro lugar, quero relembrar o que considero como lances críticos: são situações cujas decisões de arbitragem têm um impacto direto, imediato e inegável na partida.
Considero lances críticos:
- penáltis assinalados ou por assinalar
- cartões vermelhos diretos mostrados ou por mostrar
- 2º amarelo exibido a um jogador que leva à sua expulsão, ou que tenha ficado por mostrar
- golos marcados em fora-de-jogo
- golos anulados (incluindo golos não anulados por fora-de-jogo, desde que os intervenientes diretos da equipa que defende não desistam da jogada)
Não considero lances críticos:
- Faltas mal assinaladas que deram origem a um golo
- Cantos mal assinalados que deram origem a um golo
- Qualquer tipo de erro de arbitragem que não tenha antecedido de imediato o golo ou assistência
- Foras-de-jogo mal assinalados em que um jogador não rematou de imediato à baliza ou em que os jogadores da defesa deixaram de se fazer ao lance
- Cartões amarelos mal mostrados (ou que ficaram por mostrar), que sejam (ou fossem) o 1º cartão que o jogador vê na partida, independentemente de mais tarde ver ou não outro amarelo
Por exemplo, não considero um canto mal assinalado na partida como um erro crítico porque a probabilidade de dar golo é pequena, ao contrário de um penálti por assinalar ou de um golo mal anulado. Não considero um 1º amarelo mal mostrado como um erro crítico porque o jogador pode corrigir a sua atitude em função desse cartão para evitar o 2º amarelo. Já um erro na exibição de um 2º amarelo é um erro crítico pois implica uma equipa irreversivelmente beneficiada e outra prejudicada.
Para além disso, valorizo mais os erros críticos de arbitragem que acontecem primeiro. Uma expulsão perdoada aos 15' é completamente diferente de uma expulsão perdoada aos 80', assim como um erro com um resultado em aberto é bem mais prejudicial que um erro com um resultado decidido.
Vou basear a análise sobretudo em lances selecionados em programas como o Dia Seguinte ou Prolongamento, mas poderei incluir outras situações de jogo que se justifiquem.
Farei este post no final da semana seguinte à jornada, de forma a realizar a análise o mais a frio possível e depois de ter tido oportunidade de assistir a múltiplas análises na comunicação social. De qualquer forma, deixo a seguinte declaração de interesses: apesar de fazer um esforço para analisar todos os lances da forma mais racional que me é possível (independentemente dos clubes em causa), não deixo de ser um adepto fervoroso do Sporting e admito que as minhas lentes verdes me possam toldar o juízo que faço em algumas situações.
De qualquer forma, tento ser o mais coerente possível e em casos duvidosos costumo rever lances semelhantes que aconteceram no passado para ver o que escrevi - o que acaba por servir um pouco como instrumento de auto-regulação.
Sei que muita gente acha inútil este tipo de exercícios, o que é uma opinião que respeito. No entanto, não vejo qualquer mal em fazer um registo continuado da qualidade das arbitragens que temos por cá usando sobretudo parâmetros racionais e objetivos. Sei que o trabalho de um árbitro em Portugal é extremamente ingrato, mas isso não quer dizer que os erros que existem (que são em número demasiado elevado) não sejam resultado de incompetência e, por vezes, mesmo propositados (seja de forma consciente ou como mecanismo de auto-defesa). Mas também todos sabemos que as arbitragens podem decidir campeonatos - apesar de muitos não gostarem de o admitir.
Feitas as explicações e declarações de interesses, vamos ao balanço da 1ª jornada.
Tondela 1-2 Sporting (Carlos Xistra)
58': Golo do Tondela é validado - decisão errada, Luís Alberto está em posição de fora-de-jogo quando Bruno Nascimento toca a bola para a frente, e ajeita posteriormente a bola com a mão; o golo devia ter sido anulado
90'+4: Gelson Martins cai na área após contacto com Murillo; o árbitro assinalou penálti - decisão certa, o jogador do Tondela chega atrasado e derruba Gelson; não existe jogo perigoso, visto que o pé de Gelson não se levanta para além do razoável, para além de que o adversário ainda não está nas imediações quando faz o movimento para controlar a bola
18': Herrera remata e a bola bate no braço de Tomané; o árbitro não assinala penálti - decisão certa, o jogador vira-se para se proteger no momento do remate mas tem o braço colado ao peito, não havendo intencionalidade em jogar a bola com o braço
87': No momento da marcação de um livre, Tomané cai na área, o árbitro não assinala penálti - decisão certa, as imagens não são claras, mas não parece haver nada de anormal
=: arbitragem sem influência no resultado
10': Leo Bonatini cai na área após contacto de Luisão nas costas; o árbitro não assinalou penálti - decisão errada, Luisão empurra o avançado do Estoril, ficando por assinalar um penálti e a exibição de um cartão amarelo ao defesa benfiquista
41': Gaitan cruza e há a dúvida se a bola bate no braço de Anderson Luís; o árbitro não assinalou penálti - decisão certa, o defesa do Estoril tem as mãos atrás das costas e mesmo que a bola tenha tocado no braço é um lance casual
Nota: se alguém disponibilizar alguma imagem frontal da transmissão da BTV que mostre com maior clareza o lance, agradeço. Se essas imagens provarem que houve falta, farei a revisão desta análise.
Estatísticas da jornada
Feitas as explicações e declarações de interesses, vamos ao balanço da 1ª jornada.
Tondela 1-2 Sporting (Carlos Xistra)
58': Golo do Tondela é validado - decisão errada, Luís Alberto está em posição de fora-de-jogo quando Bruno Nascimento toca a bola para a frente, e ajeita posteriormente a bola com a mão; o golo devia ter sido anulado
90'+4: Gelson Martins cai na área após contacto com Murillo; o árbitro assinalou penálti - decisão certa, o jogador do Tondela chega atrasado e derruba Gelson; não existe jogo perigoso, visto que o pé de Gelson não se levanta para além do razoável, para além de que o adversário ainda não está nas imediações quando faz o movimento para controlar a bola
=: apesar do erro, arbitragem sem influência no resultado
Porto 3-0 Guimarães (Fábio Veríssimo)
18': Herrera remata e a bola bate no braço de Tomané; o árbitro não assinala penálti - decisão certa, o jogador vira-se para se proteger no momento do remate mas tem o braço colado ao peito, não havendo intencionalidade em jogar a bola com o braço
87': No momento da marcação de um livre, Tomané cai na área, o árbitro não assinala penálti - decisão certa, as imagens não são claras, mas não parece haver nada de anormal
Benfica 4-0 Estoril (Tiago Martins)
41': Gaitan cruza e há a dúvida se a bola bate no braço de Anderson Luís; o árbitro não assinalou penálti - decisão certa, o defesa do Estoril tem as mãos atrás das costas e mesmo que a bola tenha tocado no braço é um lance casual
62': Leo Bonatini cai na área após um carrinho de Talisca; o árbitro não assinalou penálti - decisão certa, Talisca não chega a tocar no jogador do Estoril
77': Talisca remata e a bola bate no braço de Mattheus; o árbitro assinalou penálti - decisão errada, visto de trás, dá a ideia que o braço esquerdo do defesa estorilista bate na bola, mas numa imagem de perfil que a SIC Notícias disponibilizou percebe-se que a bola bate primeiro na barriga, o que significa que qualquer toque posterior não pode ser considerado como deliberado.
Nota: se alguém disponibilizar alguma imagem frontal da transmissão da BTV que mostre com maior clareza o lance, agradeço. Se essas imagens provarem que houve falta, farei a revisão desta análise.
=: Ficou um penálti por assinalar a favor do Estoril quando o resultado era 0-0; o golo que dá o 2-0 a menos de 15 minutos do fim surge de um penálti que parece não existir (X)