Ainda era muito novo na altura em que Jorge Gonçalves assumiu a presidência do Sporting. Lembro-me, claro, das unhas que apresentou durante a campanha eleitoral, do enorme entusiasmo que gerou, mas também do caos que se lançou quando o dinheiro começou a faltar. Se isso foi fruto de alguma cabala contra a sua direção, ingenuidade, incompetência ou algo mais grave que isso, não sei dizer. Recordo-me apenas da tremenda desilusão que tive com o desmoronamento das esperanças que tinha construído a partir das suas muitas promessas.
Nunca tive grande vontade de revisitar o seu mandato para perceber o que efetivamente se passou, mas não consigo deixar de constatar muitas semelhanças entre a ascensão e queda de Jorge Gonçalves e todo o processo eleitoral de 2011 e posterior mandato de Godinho Lopes. No entanto, nesta comparação existe um ponto a favor de Jorge Gonçalves: quando a situação ficou insustentável reconheceu a existência dos problemas, apresentou a demissão para que os sócios pudessem escolher uma nova direção, e apresentou uma lista para ir a votos. A derrota para Sousa Cintra foi pesadíssima (Jorge Gonçalves teve apenas 10% dos votos), mas teve carácter para permitir que os sócios o avaliassem em eleições.
Independentemente de tudo isto, o trágico destino de Jorge Gonçalves certamente que não deixará indiferente nenhum sportinguista que tenha acompanhado o percurso do bigodes enquanto candidato e presidente do clube. Que descanse em paz.