Dois anos depois de ter iniciado as emissões, as alterações que estão a ser feitas na Sporting TV parecem indiciar o desejo de se iniciar um novo ciclo. Fazendo um balanço destes dois primeiros anos, não tenho dúvidas em considerá-lo positivo. Obviamente que a Sporting TV não é um canal perfeito e tem muito para melhorar, mas seria desonesto não reconhecer que cumpriu bem o objetivo primordial a que se propôs: fazer chegar aos sportinguistas os jogos das suas equipas de futebol e modalidades, seniores e camadas jovens.
Foi na Sporting TV que pudemos acompanhar, por exemplo, a ronda de elite de futsal e Final Four da UEFA Futsal Cup em 2014/15, a participação do Sporting nas meias-finais e final da Taça CERS (em ambas as épocas), a conquista do campeonato nacional de Ténis de Mesa e, claro, a maior parte dos jogos caseiros das nossas equipas de andebol, hóquei, futsal, equipa B e escalões de formação de futebol. E ainda a cobertura de eventos especiais como as Galas Honoris ou as apresentações de início de época, para além de entrevistas ao presidente e a outros elementos da estrutura, aos treinadores e jogadores. Ou seja, comparando tudo aquilo a que pudemos assistir através da Sporting TV com aquilo que (não) teríamos visto se o canal não existisse - e que foi a realidade que vivemos até julho de 2014 -, então só podemos concluir que estamos MUITO melhor do que há dois anos.
Para além destes diretos, também são importantes os programas de comentário sobre o futebol nacional (como o Especial Jornada ou o Juízo Final), onde os sportinguistas podem ter contacto com pontos de vista diferentes (e, muitas vezes, bastante mais equilibrados) daqueles que inundam a antena nos canais de informação e enchem capas de jornais. Uma palavra sobre Carlos Dolbeth, o mais polémico dos comentadores do canal: simpatizo com muitas das ideias que quer fazer passar, mas não me revejo na forma como o faz - e creio que a credibilidade da Sporting TV acaba por sair afetada por algumas das suas encenações.
Outro dos programas que acompanhei com mais interesse ao longo destes dois anos foi o Futebol de Perdição: com um tom mais descontraído, nunca deixou de ser um espaço de crítica inteligente e mordaz, mesmo com as mudanças de plantel que se foram verificando ao longo do tempo. Segundo o que ouvi, não deverá fazer parte da nova grelha, o que lamento: não me parece justo que seja julgado pelo nível de audiências, considerando que sempre foi colocado num horário que é tudo menos acessível e lógico.
No meio daquilo que nos foi oferecido, é evidente que existem muitos pontos a melhorar. Os meios técnicos utilizados (no primeiro ano nem sequer havia repetições) e a própria qualidade dos comentários nos diretos (que variam em função da modalidade, pois há comentadores que são melhores que outros) podem e devem evoluir. Para além disso, parte da emissão mais generalista não traz, na minha opinião, grande valor acrescentado à programação do canal. Mas é normal que o canal não seja perfeito - estranho seria se se verificasse o contrário, considerando que falamos de um canal recém-fundado e que tem de operar com um orçamento muito limitado.
Parece-me que a contratação de Rui Miguel Mendonça para a direção e de Sérgio Silva são sinais de desejo de implementar um maior nível de profissionalismo naquilo que é o fillet mignon dos conteúdos da Sporting TV: os diretos do futebol e modalidades. Elevando a qualidade nestas transmissões, é meio caminho andado para que o canal continue a conquistar um número cada vez maior de sportinguistas.