Já estamos habituados que os reforços sportinguistas sejam recebidos com desconfiança pela generalidade dos comentadores dos programas televisivos, mas no último sábado aconteceu algo que não imaginava ser possível. Refiro-me à reação a uma eventual chegada de Joel Campbell para o Sporting (na altura ainda não estava oficializada) pelo elenco do Mais Tabaco.
Convido-vos a assistir a uma parte do que foi dito por Dani, Luís Aguilar, Diamantino e Bernardino Barros, avisando desde já os mais sensíveis que dificilmente irão ouvir comentários mais abjetos vindo de gente que tem a obrigação de ser rigorosa e imparcial.
Joel Campbell está há vários anos no Arsenal e nunca se conseguiu impor no clube. Isso é indiscutível. Chegou a Inglaterra com 19 anos e foi emprestado nas três primeiras épocas a Lorient, Bétis e Olympiakos - sempre sem opção de compra, o que significa que o Arsenal tinha (e tem) confiança no jogador. Esses empréstimos correram melhor ou pior, mas, nas últimas duas épocas, Campbell já fez parte do plantel do Arsenal. A primeira não correu bem e acabou num novo empréstimo para o Villarreal, mas a última acabou por ser uma boa surpresa para a generalidade dos adeptos. Em 2015/16, Campbell fez 30 jogos pela equipa principal do Arsenal (e não na equipa sub-23, como disse Diamantino).
Mas, pior do que essa incorrecção, foram as acusações de falta de profissionalismo que Dani (oh, a ironia, que sabe Dani de profissionalismo para estar a apontar o quer que seja aos outros?) referiu, pois nunca houve qualquer episódio fora dos relvados ou nos treinos. Pelo contrário.
Basta ver a reação da generalidade dos adeptos de Campbell nas redes sociais para perceber que é um jogador respeitado - coisa que nunca aconteceria caso o compromisso com a equipa não existisse. E até Wenger disse isto sobre Campbell em janeiro deste ano (LINK):
Falta de compromisso? Quem lhe terá segredado isso ao ouvido? Também para rir (ou chorar) é a esterotipagem dos jogadores costa-riquenhos, trazendo Bryan Ruiz ao barulho. Pelos vistos, para esta malta, não é suficiente ser-se um dos jogadores de maior classe do futebol português. Também precisa de ter a intensidade de um Slimani ou de um Adrien. Ou, se calhar, já que exigir não custa nada, Bryan Ruiz também poderia ter uma capacidade de impulsão e jogo de cabeça ao nível dos melhores centrais, e ainda umas mãos tão seguras como as dos guarda-redes de topo. Tudo isto é ofensivo e lamentável.
Finalmente, é interessante ver tantos ses pelo facto de um jogador de 24 anos não ter conseguido triunfar na Premier League, em oposição, por exemplo, aos intermináveis elogios a Rafa pelo que tem feito no Braga. Não é propriamente a mesma coisa ser-se um jogador desequilibrador na Premier League e na Liga NOS. Aliás, o melhor jogador dos dois últimos campeonatos apenas veio para Portugal por não se ter conseguido impor em Espanha. Talvez fosse sensato não se fazerem juízos tão precipitados e esperar para ver o que os jogadores serão capazes de fazer em clubes com ambições semelhantes. Mas já se sabe como é: enquanto uns contratam o refugo por não terem capacidade para mais, outros...
São inqualificáveis estes ataques feitos pelo Mais Tabaco à honra do jogador. Conseguiram cair ainda mais fundo com este desfile de mentiras e incorreções factuais, que seriam facilmente evitados caso existisse um pouco de boa-fé e se fizessem um trabalho de casa minimamente decente.