sábado, 31 de dezembro de 2016

Tanaka despede-se dos sportinguistas

Poucos dias depois de o Sporting ter anunciado a transferência definitiva de Tanaka para o Kashiwa Reysol, o jogador despediu-se esta manhã dos sportinguistas com uma série de mensagens publicadas no Twitter. Bonita atitude de um jogador de um profissionalismo inatacável, cujo livre marcado frente ao Braga ficará na memória dos adeptos durante muito, muito tempo.









Exibição q.b. para fechar 2016

Foi com uma vitória e uma exibição q.b. que o Sporting fechou o ano de 2016, frente a uma equipa de escalão inferior que se apresentou em Alvalade bem arrumada e com vontade de fazer uma gracinha no contra-ataque. O jogo foi pouco interessante e a (pouca) história que teve resume-se às oportunidades que o Sporting foi criando, em número suficiente para golear, mas, ainda assim, escassas para o domínio territorial registado durante os 90 minutos.

Foto: Global Imagens / Gerardo Santos



Jogo levado a sério - Jorge Jesus não facilitou, e colocou o melhor onze que tinha disponível. A dupla Castaignos - Dost teve uma nova oportunidade, depois das boas indicações deixadas no Restelo. Não se pode dizer que a equipa tenha correspondido com a qualidade desejada, mas, de uma forma geral, houve vontade e empenho por parte dos jogadores, que criaram oportunidades suficientes para vencer confortavelmente. Sem ter havido exibições de encher o olho, destacaria (obviamente) Gelson, mas também Campbell, Castaignos - esteve perto de marcar por duas ocasiões -, Coates e Esgaio - o lateral fez a assistência para o golo de Gelson e teve duas importantes intervenções defensivas a matar situações de potencial perigo para a baliza de Beto. 

A entrada de Elias - o brasileiro substituiu o lesionado Adrien, e aproveitou bem os minutos que teve. Procurou ter bola e foi dos mais esclarecidos na sua distribuição. Fez um par de passes de rotura muito bem medidos, um dos quais devia ter sido melhor concretizado por Gelson. Defensivamente também esteve bem, demonstrando vontade em recuperar a bola quando esta estava na posse de jogadores do Varzim.

O ambiente no estádio - foi surpreendente, pela positiva, a atmosfera que se viveu durante a partida. Considerando que era um jogo para a fase de grupos da Taça da Liga contra uma equipa de um escalão inferior, a afluência dos sportinguistas foi bastante interessante: com as bancadas B fechadas, todas as bancadas inferiores registaram uma taxa de ocupação considerável. Mas também há que assinalar a presença de cerca de 800 ruidosos adeptos do Varzim, que não se pouparam no apoio à sua equipa até ao final. Belo ambiente para despedida de 2016.



Baixa definição - mais uma vez, o Sporting teve muita facilidade em chegar à área adversária, mas foram inúmeros os lances que se perderam por um passe mal medido ou por se demorar demasiado tempo a decidir. É um problema que afeta a equipa no geral, mas no topo da má definição esteve Gelson. Não deixa de ser irónico que tenha marcado num lance em que (pelo menos, é o que me parece) tentou cruzar. A facilidade com que consegue encontrar espaço é inversamente proporcional à capacidade que tem em meter a bola no sítio certo. Quando conseguir melhorar este aspeto do seu jogo, será imparável.

Motores gripados - William e Adrien, principalmente o segundo, estiveram muitos furos abaixo do seu melhor. Estiveram, sobretudo, lentos e ineficazes na distribuição de jogo, o que acabou por condicionar (bastante) a qualidade da exibição da equipa.



Uma vitória por dois golos daria uma tranquilidade adicional para o jogo de Setúbal, que precisaria de nos vencer por dois golos para nos ultrapassar na classificação do grupo. Assim, se os setubalenses vencerem o Sporting por um golo na última jornada, o vencedor será a equipa que tiver a média inferior de idades de jogadores utilizadores na competição. E, na eventualidade de uma derrota do Sporting, o Varzim ainda tem possibilidades de se apurar - precisando de vencer em Arouca por vários golos. De qualquer forma, será um cenário extremo que temos obrigação de evitar. No dia 4, às 20h15, o Sporting tem de ir - e irá - a Setúbal para vencer.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Carta aberta ao presidente da FPF

Novo texto do 3295C.



Caro dr. Fernando Gomes:

O trabalho que cada um desenvolve à frente das instituições que dirige acaba por ser o legado que se deixa, não apenas para as gerações vindouras mas também honrando a história que nos precede. A sua passagem pela Federação Portuguesa de Futebol ficará, certamente, marcada pela conquista do título europeu. Um momento de imensa alegria para o país. No entanto, nem seis meses depois, no mesmo ano que agora acaba, mandou colocar (ou pelo menos não se opôs) os vencedores do Campeonato de Portugal na lista de vencedores da Taça de Portugal.

Com uma “decisão informática” provavelmente baseada numa acta mal interpretada da organização que dirige, pura e simplesmente apagou da história do futebol português 12 títulos de campeão, reconhecidos por toda a imprensa da época. Aliás, nem se percebe muito bem a decisão já que no mesmo site em que foi feita a ‘mudança’ dos Campeonatos de Portugal, continua a estar reconhecido ao FC Porto o título de primeiro campeão nacional na época 1921/22. Reconhece-o, mas retira-lhe o título, incluindo a competição como Taça de Portugal.

Num só ano consegue o melhor e o pior do que deixará para a história o avaliar como presidente da organização que superintende o futebol nacional, desde o tempo em que se chamava União Portuguesa de Futebol (UPF). Apesar da mudança do nome para Federação Portuguesa de Futebol ter apenas acontecido em 1926, por certo não quererá manchar a tradição e continuar a considerar Sá e Oliveira como o primeiro presidente da instituição que dirige.

Poderá parecer-lhe rebuscada esta analogia, mas creio que entende o alcance da razão.

Não são apenas os clubes campeões nacionais entre 1922 e 1939 que saem prejudicados desta contabilidade tão enganosa quanto fraudulenta. É, igualmente, a própria FPF. Como explica à FIFA que os Campeonatos que atribuíam o título de campeão nacional entre esses anos tenham sido martelados na Taça de Portugal? Só porque ambas as competições se disputavam nos mesmos moldes? Não creio que se escude nesse argumento.

Revisionismos da história dão sempre mau resultado e só na propaganda nazi é que se acreditava que uma mentira dita mil vezes se tornava numa verdade. Considerar que se andou a disputar a Taça de Portugal nos primeiros 16 Campeonatos organizados em Portugal é humilhante para a FPF e, especialmente, para si por dar cobro, ainda que com o seu silêncio e manobras informáticas, a uma mentira contada muitas vezes na vã tentativa de que se torne verdade. Humilhante por ser, acima de tudo, uma falta de respeito por todos aqueles que se esforçaram e foram consagrados, reconhecidos e homenageados até por Presidentes da República no seu tempo. Não por ganharem a Taça de Portugal e sim por serem campeões nacionais.

Se defende intransigentemente os interesses do futebol português, comece por respeitar a sua história e não embarque em teorias pseudo-iluminadas que lhe possam garantir que liga a título experimental não é a mesma coisa que liga experimental. Isso não é um problema semântico. É apenas ridículo.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A apresentação de Pedro Madeira Rodrigues

Pedro Madeira Rodrigues apresentou ontem a sua candidatura à presidência do Sporting. A forma escolhida para o fazer pareceu-me adequada: agendada com alguns dias de antecedência, numa altura em que o calendário competitivo está a meio gás. O tom do discurso foi adequado à ocasião. Dirigiu várias críticas à atual direção - e em particular a Bruno de Carvalho -, mas, concordando-se ou não com as questões apontadas, houve elevação na forma como as fez.

Pouco depois, o candidato deu uma entrevista à CMTV, onde o registo usado foi semelhante ao da apresentação.

No que toca ao conteúdo, não me apercebi de nada - quer na apresentação, quer na entrevista - que possa ser usado como uma bandeira de campanha. Apesar de as intenções parecerem as melhores e de os objetivos serem ambiciosos, Pedro Madeira Rodrigues não apontou mais do que algumas ideias genéricas sobre o rumo que o clube tomará na eventualidade de ser eleito presidente. Ou seja, limitou-se aos habituais lugares comuns, como o de prometer montar uma equipa dirigente competente e vencedora - mas sem indicar qualquer nome concreto -, ou como o de resolver o isolamento do Sporting no futebol nacional - mas sem parecer demasiado preocupado pela forma com que os nossos rivais utilizam o poder de bastidores que têm.

Pedro Madeira Rodrigues falou também no trabalho que fará para atrair novos investidores para o clube. Referir-se-ia à entrada de capital previsto na reestruturação financeira? Ou falamos de outro tipo de investidores? Acredito que esta questão será clarificada numa próxima oportunidade.

De negativo, assinalo apenas o uso de alguma demagogia, totalmente desnecessária. Apercebi-me de três casos perfeitamente evitáveis.

Na entrevista à CMTV, o candidato criticou as comissões pagas pelo Sporting, usando um exemplo em concreto: segundo Pedro Madeira Rodrigues, o Sporting pagou quase 4 milhões de euros em comissões num só atleta. Isto não é verdade. O candidato estaria certamente a falar da transferência de Alan Ruiz, na qual o clube teve encargos adicionais de 3,2 milhões. No entanto, desses 3,2 milhões, apenas 1 corresponde a comissões - os restantes 2,2 milhões foram para o prémio de assinatura do jogador. De 1 milhão para "quase 4 milhões" vai uma enorme diferença. De qualquer forma, não faz qualquer sentido acusar-se a atual direção de não ter controlar os gastos com intermediários e empresários - são evidentes os progressos registados face ao que se verificava com as direções anteriores.

Outra acusação pouco lógica foi a de que o Sporting é prejudicado pelas arbitragens por causa do isolamento do clube imposto pela estratégia de Bruno de Carvalho. Até parece que o clube não era prejudicado pelas arbitragens antes de Bruno de Carvalho ter passado a ser presidente...

Mas a acusação mais despropositada foi feita logo no início da apresentação, quando Pedro Madeira Rodrigues disse: 
"Para agravar este panorama, já de si perturbador, Bruno de Carvalho tem sido sinónimo de títulos. É verdade. Mas de títulos para um dos nossos rivais.". 

O Benfica não começou a ganhar por causa de Bruno de Carvalho. O Benfica começou a ganhar por causa do declínio de Pinto da Costa, tomando-lhe o poder e a rede de influências no edifício do futebol português. No momento em que esta transição de poder se deu, a principal preocupação de Bruno de Carvalho era manter à tona um clube falido financeira e desportivamente. Será que Pedro Madeira Rodrigues acredita que Godinho Lopes - ou qualquer outra pessoa que pegasse no clube em março de 2013 - teria impedido que o Benfica passasse a ganhar? Demagogia desta dispensa-se.

Apesar destas questões que me desagradaram, não faz sentido estar a julgar-se uma candidatura pela sua apresentação ou por alguns pontos menos positivos. Irão existir muitas oportunidades para aprofundar as ideias que Pedro Madeira Rodrigues quer implementar no clube, começando, obviamente, pela divulgação do programa eleitoral da sua lista. 

Resumindo: gostei da forma escolhida para lançar a candidatura, e compreendo que o foco ainda não esteja nas especificidades das ideias - mas, a partir de agora, há que começar a defini-las e discuti-las publicamente. E espero que as críticas - porque é legítimo que existam críticas - se limitem apenas ao que é criticável.

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Rui Patrício: 3º melhor GR do mundo em 2016


Mais uma distinção - agora da IFFHS - para Rui Patrício: terceiro melhor guarda-redes do mundo em 2016. Mais um justo reconhecimento de uma enorme época. Parabéns, Rui!


sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

A prenda estava no sapatinho de Dost

Quando já se adivinhava mais um desaire para coroar um dezembro bem amargo, Bas Dost tirou a prendinha do seu sapatinho e ofereceu-a, em forma de vitória, a todos os sportinguistas. Um golo que surgiu já nos descontos e que colocou justiça no resultado.

Não foi, no entanto, uma exibição que ficará na memória. Pelo contrário. Perante um Belenenses desfalcado (sem Domingos Duarte, João Palhinha e Rosell), a primeira parte do Sporting esteve ao nível do pior que esta equipa já mostrou: jogadores apáticos e incapazes de ligarem uma jogada, sem conseguirem sequer criar uma única oportunidade de golo. Na realidade, o Sporting teve sorte em não estar a perder ao intervalo, pois a grande oportunidade dos primeiros 45 minutos foi da equipa da casa: uma ocasião de 3x1 que o Belenenses não conseguiu concretizar, graças à ação de contenção de Esgaio e às boas manchas feitas por Beto.

Na segunda parte, o Sporting entrou bem e conseguiu finalmente criar perigo na baliza de Joel, mas foi um ascendente que não durou muito. O Belenenses começou a soltar-se, passou a haver mais espaço para jogar, e houve boas oportunidades nas duas balizas (com uma bola no ferro para cada lado). A diferença acabou por estar na categoria do holandês goleador.





O golo ao cair do pano - um grande golo de Bas Dost, que, vindo de trás - na sequência de um cruzamento de Campbell -, aproveitou o movimento de Castaignos a arrastar os centrais e finalizou de primeira sem marcação. Mais uma vez, o holandês a mostrar que basta ser servido decentemente para haver golos. A média não há-de andar muito longe disto: em cada duas boas oportunidades que lhe dão, concretiza uma.



Beto a chegar-se à frente - substituíu o lesionado Rui Patrício da melhor forma, com duas defesas fulcrais, que valeram pontos ao Sporting. Muito bem a fazer a mancha e a defender o remate na situação de 3 contra 1 que o Belenenses teve, e foi também decisivo na segunda parte ao parar um remate sem oposição dentro da sua área. A baliza está muito bem entregue na ausência do seu habitual dono. Beto não foi o único jogador a aproveitar bem a oportunidade: Douglas também esteve em bom nível.

A onda verde - depois de tudo o que se passou nas últimas duas semanas, é impressionante a quantidade de sportinguistas que foram apoiar a equipa numa noite fria a meio da semana. Mais do que ninguém, mereceram a alegria do golo de Bas Dost.




Alguns sinais de vida no princípio da segunda parte - depois de uma primeira parte muito fraca, o Sporting entrou relativamente bem na segunda parte, conseguindo criar algumas oportunidades para marcar. A entrada de Campbell ajudou, já que o costa-riquenho conseguiu gerar desequilíbrios que o seu compatriota, Bryan Ruiz, nunca foi capaz de criar. Infelizmente, a equipa não foi capaz de manter esse ascendente durante muito tempo.


Um deserto de ideias no último terço - A equipa está organizada, sabe o que tem a fazer sem bola, consegue recuperá-la relativamente depressa e impor um domínio territorial claro. O problema vem depois. O jogo do Sporting é previsível. Ninguém procura o espaço nas costas da defesa adversária, raramente a equipa tenta esticar o jogo. Apenas dois jogadores combateram, ontem, essa previsibilidade: Gelson, com as suas arrancadas, e Alan Ruiz, por ser o único a tentar fazer uso da meia distância. Na segunda parte também houve Campbell. Muito pouco para uma equipa que tem tanta bola.

Os cruzamentos - Esgaio, Jefferson, Adrien, Gelson, Bryan Ruiz e Alan Ruiz tentaram várias vezes meter a bola na área durante a primeira parte, mas não houve nem um cruzamento bem direcionado. Na segunda parte vi dois bons cruzamentos: um de Castaignos e o de Campbell, que deu golo. Verdade seja dita que também não ajuda haver tão pouca presença na área (havendo dois jogadores, um ao primeiro poste e outro ao segundo, aumentam as probabilidades de a bola se dirigir para um deles - como se viu no golo, aliás), mas é um aspeto que é urgente corrigir. Andamos a desperdiçar uma quantidade absurda de ataques desta forma.



Três pontos importantes que, esperamos todos nós, podem ajudar a devolver à equipa a tranquilidade e confiança perdidas. Já vimos esta época a equipa a jogar muito, muito mais. É aproveitar a quadra para recarregar as baterias, para atacar a segunda metade da época num nível bastante superior ao de dezembro. Será certamente mais fácil com uma vitória no saco.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Football Leaks: a parceria obscura entre Rybolovlev e Jorge Mendes

Artigo do L' Equipe, que pode ser lido aqui: LINKSegue-se a tradução para português. Vale a pena ler até ao fim.



FOOTBALL LEAKS: A PARCERIA OBSCURA ENTRE RYBOLOVLEV (MONACO) E JORGE MENDES

Segundo as novas revelações do Football Leaks, o proprietário do AS Monaco, Dmitri Rybolovlev, ter-se-á associado a um fundo de investimento que compra percentagens de jogadores, alguns dos quais passaram pelo seu próprio clube. Tudo isto com o agente português Jorge Mendes.

Sabe-se que Jorge Mendes já fez bons negócios com o Monaco, onde o agente português colocou os jogadores Falcao, Moutinho, James Rodriguez e Ricardo Carvalho. As últimas revelações do Football Leaks, publicadas quarta-feira pela Mediapart, mostram uma outra faceta dos negócios entre Dmitri Rybolovlev, presidente do AS Monaco, e Mendes.


Um fundo registado no Chipre

O bilionário russo terá usado um fundo de investimento (Browsefish Limited) para comprar, em total sigilo, parcelas de jogadores. Este fundo está registado no Chipre, mas o seu verdadeiro endereço aponta a Rybolovlev, no Monaco. O fundo terá comprado em junho de 2014 partes dos direitos económicos de seis jogadores do Braga, numa época em que a compra de jogadores por terceiras entidades (TPO) era autorizada, excetuando em certos países como a França ou o Reino Unido. Segundo o Football Leaks, a Browsefish detinha percentagens de doze futebolistas. "Se dirigir um clube ao mesmo tempo que se possui partes de jogadores dificilmente haverá compatibilidade, mas o conflito de interesses agrava-se quando um desses futebolistas acaba por ser contratado pelo Monaco", explica a Mediapart. É o caso do médio brasileiro Fabinho, membro do clube Mendes.



O exemplo absurdo de Fabinho

A transferência de Fabinho resume bem este esquema. Segundo o Football Leaks, em janeiro de 2014, a Browsefish terá adquirido 48,5% do jogador, isto é, metade da percentagem que pertencia a Mendes. No momento dessa compra, Fabinho já jogava no Monaco, emprestado pelo Rio Ave (Portugal) em junho de 2013. O seu presidente seria, portanto, proprietário de metade de um jogador que alinhava no seu clube. Posteriormente, o Monaco comprou-o, a 15 de maio de 2015. Isto é, quinze dias após a interdição dos TPO pela FIFA. Sendo que, algures durante esse intervalo de tempo, a 1 de janeiro de 2015, a Gestifute recomprou a parte de Fabinho que pertencia à Browsefish, pelo que o Monaco não comprou um jogador detido parcialmente... pelo seu presidente.

De acordo com a comunicação social, o Monaco comprou Fabinho por um valor entre os 5 e os 6 milhões de euros. Mas o documento oficial registado pelo Monaco no sistema de regulação de transferências da FIFA indica a soma de 10 cêntimos de euro. Para além disso, a sociedade Gestifute, que detinha 97% de Fabinho no momento da transferência, não aparece nos documentos enviados à FIFA. "Parece uma operação de TPO disfarçada em benefício de Jorge Mendes, quinze dias após a interdição de tais práticas", explica a Mediapart. Outro negócio igualmente nebuloso foi o do antigo defesa do Monaco, Wallace, que também integrou o portefólio de TPO da Browsefish.

Segundo o Football Leaks, entre janeiro de 2014 e junho de 2015, as vendas de parcelas de jogadores ao fundo de Rybolovlev representaram 87% da atividade TPO da Gestifute, a empresa de Mendes, e gerou 6,85 milhões de euros em mais-valias para o agente. Para a Mediapart, este sistema poderá ser também um meio para pagamento de comissões disfarçadas a Jorge Mendes. A Mediapart tentou contactar Mendes e Rybolovlev, mas os dois não responderam. Não há informações que indiquem se o fundo em questão ainda existe e se, em caso afirmativo, se respeita as novas leis.



O artigo do L' Equipe terminou na linha anterior. Daqui para a frente, o texto é meu. 

Este artigo do L' Equipe baseou-se num outro artigo da Mediapart, cujo link foi colocado mais acima, e que apenas pode ser lido na totalidade por assinantes. No entanto, tive a oportunidade de ler o artigo completo, e existem mais pormenores interessantes:

  • Em junho de 2014, a Browsefish Limited (o fundo de investimento de Rybolovlev), comprou 30 a 40% dos direitos económicos de seis jogadores do Braga, nos quais se incluía Rafa Silva, que entretanto se transferiu para o Benfica.
  • Jorge Mendes comprou 97% dos direitos económicos de Fabinho por 1 milhão de euros. Posteriormente, vendeu 48,5% a Rybolovlev por 2,325 milhões. Mais tarde, a Gestifute recomprou esses 48,5% por apenas 1 milhão! Conforme escreve a Mediapart: "Ficamos a imaginar o motivo que terá levado o proprietário do Monaco a aceitar um negócio tão desfavorável".
  • Ao contrato de venda de Fabinho do Rio Ave para o Monaco por 10 cêntimos, foi acrescentada uma adenda que, em caso de uma venda futura do jogador, o Monaco deverá entregar 50% do valor da transferência ao Rio Ave.
  • Em relação a Wallace, Jorge Mendes comprou, faseadamente, 90% dos direitos económicos do jogador por 6,4 milhões. Posteriormente, vendeu 45% a Rybolovlev por 4,4 milhões. Nesta altura, Wallace jogava no Monaco, por empréstimo do Braga (que, por sua vez, tinha pago 1€ ao Cruzeiro pelos direitos desportivos). Para apresentar um aspeto menos nebuloso, no dia 3 de julho de 2014, o Braga comprou os 90% dos direitos económicos a Mendes e Rybolovlev, mas comprometendo-se  a entregar à Gestifute a totalidade do valor de uma futura transferência. Não há nenhuma referência à Browsefish de Rybolovlev, mas presumindo-se que a Gestifute seria responsável pelo encontro de contas com o fundo - resta saber com que percentagem de comissão. Entretanto, em 2016, o Braga vendeu Wallace à Lazio por 8 milhões, o que significa que o lucro para os investidores foi relativamente reduzido. O Football Leaks não esclarece como Mendes e Rybolovlev distribuíram os ganhos.
  • O Football Leaks mostra que a Browsefish detinha percentagens de 12 jogadores, incluindo o mexicano Raul Jimenez, que agora joga no Benfica. O que pode lançar a seguinte questão: considerando as movimentações sucessivas de direitos económicos (compras, vendas e recompras) nestes negócios que envolvem Gestifute e Browsefish, usando os clubes como meros repositórios de jogadores, será que os 100% que o Benfica detém de Jimenez são reais? Ou estamos perante uma situação igual ou parecida com aqueles 100% que o Braga "detinha" de Wallace? Jimenez que, recorde-se, já terá guia de marcha definida por uma verba recorde - pelo menos é o que diz o feeling de Luís Filipe Vieira. E quem fala de Jimenez, fala de Rafa Silva.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O Sporting e a comunicação

Um assunto que tem sido muito discutido entre os sportinguistas (e também por adeptos de outros clubes) nos últimos tempos é a estratégia de comunicação do clube. Não sou um especialista na área da comunicação e não tenho pretensões de dar lições a quem quer que seja, mas, enquanto recetor dessa estratégia, posso partilhar a minha perceção sobre o que está a ser feito e os resultados que estão a ser obtidos.

Desde que Bruno de Carvalho tomou posse como presidente do Sporting, tem-se pautado por uma postura frontal e agressiva em relação a tudo aquilo que considera ser importante denunciar. É uma figura que nunca se esconde e que (pelo menos até há pouco tempo) raramente deixa que sejam outros a falar por si, não hesitando em usar os vários meios que tem à sua disposição para passar a sua mensagem: entrevistas na televisão (generalista, de informação ou no canal do clube), na rádio ou nos jornais, posts no Facebook, conferências de imprensa ou, ainda, aproveitando eventos a que comparece para conversas mais curtas na comunicação social.

No princípio desta época, notou-se um abrandamento das intervenções públicas de Bruno de Carvalho. Isso pode ter-se devido a três motivos: considerou que não havia motivos para falar/escrever; decidiu resguardar a sua imagem à entrada de uma época em que se realizarão eleições no clube; e pela entrada de Nuno Saraiva para Diretor de Comunicação, que passou a fazer parte das despesas de guerrilha em lugar do presidente.


O Sporting e o setor da arbitragem: da trégua inicial ao regresso à normalidade

Houve, também, uma mudança estratégica evidente no relacionamento com a arbitragem. A mudança de responsáveis do CA deixou o Sporting numa atitude de expetativa em relação à eficácia das medidas implementadas para combater os efeitos dos desastrosos mandatos de Vítor Pereira. O bom-senso inicial revelado nos critérios de nomeação ajudou a construir uma boa imagem inicial deste CA. Infelizmente, o quadro de árbitros continua o mesmo, e foi uma questão de tempo para a dualidade de critérios e a influência nos resultados regressarem em força. Convém relembrar que o Sporting não criticou publicamente a escandalosa arbitragem de Artur Soares Dias em Guimarães (que nos custou dois pontos), nem a atuação de Vasco Santos na Choupana (que nos poderá ter custado mais dois pontos). No entanto, as más arbitragens voltaram a ser uma constante, com os suspeitos do costume a saírem sistematicamente prejudicados. Creio que faltará apenas uma coisa para o Sporting voltar ao estado de guerra aberta com o setor de arbitragem: uma não revisão da escandalosa nota dada a Jorge Sousa no último dérbi. Se não for revista, será sinal evidente que estão a brincar com o Sporting, e é previsível que termine em definitivo o benefício da dúvida dado a este CA.

Há sportinguistas que criticam que o clube aponte baterias ao setor da arbitragem (ou aos seus rivais), por acharem que nos devemos concentrar exclusivamente nos nossos próprios problemas. Não concordo com quem pensa assim, porque uma coisa não condiciona a outra, e a atual fase por que passa o clube é um bom exemplo disso: há apostas desportivas falhadas, com certeza, mas o clube tem sido empurrado para baixo pelas más arbitragens. Outros há que dispõem de (muito) mais margem para errar, mas o Sporting joga sempre no limite do risco. Se marca apenas um golo, está sujeito a que este seja anulado. Se o adversário mete um braço na bola, tem boas possibilidades de que os árbitros considerem o lance casual. 

As (más) arbitragens têm uma influência enorme no desenrolar das épocas. Num longo campeonato em que a regularidade é um fator essencial, não há clube que consiga manter níveis de competitividade constantemente perfeitos. Todos têm momentos maus. Mas, num caso, há a mão que ampara a queda. Noutro (ou noutros, como preferirem), há a mão que está pronta a provocar a queda. E sabemos que dois ou três insucessos acumulados em pouco tempo podem ser suficientes para que se coloque em causa todo o projeto desportivo.

Como tal, considero que o presidente faz MUITO BEM em denunciar publicamente as movimentações que existem para tentar prejudicar o Sporting e beneficiar outros à margem das regras. Alguém acha que fazer de conta que o problema não existe vai solucionar o quer que seja? Se até quem manda no futebol português rasga as vestes assim que se sente minimamente prejudicado (vide Vieira pós-Setúbal e a campanha antiantijogo pós-Márítimo), por que razão não haveria o Sporting, que tem razões de queixa incomparavelmente superiores, de fazer o mesmo?


Comunicação em quantidade, mas terá qualidade?

No entanto, concordo com uma crítica que muitos apontam à forma como o Sporting comunica: deve haver mais objetividade e critério nos momentos em que se fala. O problema de se falar e escrever muito é que rapidamente as pessoas se saturam e deixam de prestar atenção. Doseando as intervenções para quando há conteúdo relevante, e mantendo-as concisas e claras, o impacto será sempre muito superior. Infelizmente, não tem sido essa a tendência seguida pelos principais responsáveis do Sporting. 

Também não sei se ajuda falar tanta gente ao mesmo tempo: após a derrota com o Benfica, falaram, no espaço de 12 horas, Jesus, Octávio, Saraiva, Marta Soares e Bruno de Carvalho. Não será contraproducente ter tantas pessoas a abordarem o mesmo assunto, cada qual com os seus argumentos?

Para além disso, não faz sentido que o presidente ou o diretor de comunicação do Sporting estejam constantemente a reagir às criações dos paineleiros dos outros clubes. São pessoas a que ninguém dá credibilidade, pelo que qualquer reação sportinguista deveria ter outras origens - seja pelos representantes dos clubes nesses programas, seja nas redes sociais ou em blogues, que, costumam desmontar rapidamente as mentiras dos Guerras e Venturas da vida. Muito pior é haver resposta de pessoas com responsabilidade do clube: ao fazerem-no, estão apenas a dar-lhes protagonismo que não merecem. Ao mesmo tempo, desgasta-se a comunicação do Sporting, queimando munições que deveriam ficar reservadas para assuntos realmente importantes. 


O Sporting e os media

É evidente que é muito mais difícil para o Sporting não usar canais oficiais para passar a sua mensagem. Vieira não necessita de falar porque tem quem faça o trabalho sujo por ele: paineleiros sem qualquer respeito próprio, capazes de fazer as piores figuras e de mentir descaradamente; diretores e subdiretores de jornais disponíveis para contorcer as suas opiniões e ajustar os critérios editoriais das suas publicações em função das necessidades; canais de televisão e estações de rádio inundados de comentadores supostamente isentos, mas que estão sempre prontos a colocar na agenda os temas que convêm ao Benfica.

O Sporting ainda não encontrou antídoto para a bandalheira que se assiste diariamente na comunicação social desportiva deste país. Mas o pior é que parece não haver um plano coerente para obrigar a comunicação social a respeitar o clube. Ao longo destes anos, têm sido várias as tentativas de aproximação a um determinado órgão ou grupo de comunicação social, mas que acabam, invariavelmente, por não produzir resultados. Foi penoso (para mim), na semana passada, ver Bruno de Carvalho dar uma entrevista exclusiva à CMTV, o maior esgoto noticioso nacional, onde se dá palco a Venturas, Janelas, Figueiredos e Antunes. Como é uma questão de tempo até o Sporting ser enxovalhado pelo grupo Cofina, para quem se virará a seguir Bruno de Carvalho? Para a TVI de Moniz, que já conseguiu fazer edições do MaisTabaco com um cast totalmente vermelho (Braz, Aguilar, Diamantino e Rola)? Ao jornal A Bola, dos inenarráveis Serpa, Delgado e Fernando Guerra? Ao MaisFutebol, onde se fazem posts destes...


... posteriormente corrigidos, mas sem que o diretor, em conversas no Twitter, fosse capaz de admitir qualquer tipo de atitude incorreta por parte do seu site?

Não acho que os boicotes sejam eficazes, mas que tal, por exemplo, deixarmos de responder a perguntas dos órgãos de comunicação social que nos desrespeitam - seja nas conferências de imprensa de Jesus, seja em declarações nas zonas mistas, ou onde quer que seja? É do jornal X? Então não respondo. Não seria nenhuma inovação: ainda recentemente, Jurgen Klopp disse que deixaria de responder a jornalistas do The Sun. Tenho ideia de que aconteceu o mesmo em Itália há poucas semanas.


Se por acaso os media tomarem uma ação conjunta em reação a essa posição do Sporting - normalmente só têm coragem para as tomar connosco -, passemos a usar exclusivamente os canais do clube: Sporting TV, Jornal Sporting, site e redes sociais. Como referi no princípio, não sou um especialista na matéria, mas será que haveria uma perda de eficácia assim tão grande da comunicação sportinguista se deixássemos de recorrer à comunicação social tradicional? Será que a comunicação social não precisará mais do Sporting do que o Sporting precisa da comunicação social? Não é o Sporting que precisa de cliques, de vender jornais e de audiências para sobreviver.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Sorteio previsível

Chaves - Sporting
Benfica - Leixões 
Estoril - Académica 
Sp. Covilhã - V. Guimarães 

20 notas pouco soltas sobre o plantel do Sporting

O que não podia ser evitado

1. As vendas de Slimani e João Mário, concretizadas poucos dias (ou horas) antes do fecho da janela de transferências, com a época já em pleno andamento, condicionaram a formação do plantel. Não só pelo facto de o clube ter deixado de contar com dois jogadores fulcrais, mas também por ter provocado uma corrida ao mercado nos últimos dias de agosto - face às necessidades do plantel e ao dinheiro que finalmente tinha na mão.

2. Depois de uma pré-época atípica - em que Jesus praticamente não pôde contar com os quatro campeões europeus e Slimani -, entraram vários jogadores com a época já em andamento. Pior, numa fase em que já havia compromissos europeus a meio da semana, alternadas com pausas para as seleções. 

3. Nem o timing das vendas - controlado por quem tem o dinheiro - nem o das compras - a que se sujeitam os clubes que necessitam de vender para comprar - podiam ser controlados pelo Sporting. A direção fez aquilo que tinha a fazer: negociar as vendas nas condições mais favoráveis para o clube. Não podia recusar-se a vender: era um imperativo financeiro, mas também havia que considerar as expetativas dos jogadores e o estabelecimento do Sporting como um clube capaz de vender caro. Isso foi alcançado de forma equilibrada - convém lembrarmo-nos que Adrien também podia ter sido vendido -, registando o Sporting as duas maiores vendas da sua história, e com o bónus de nem sequer haver comissões a pagar.


O que podia ter sido evitado

4. A pré-época do Sporting foi desastrosa. Rapidamente se percebeu que havia imenso trabalho a fazer com os novos jogadores. Também rapidamente se instalou a (justa) desconfiança na capacidade que alguns jogadores teriam para estar ao nível das exigências de um candidato ao título.

5. A pré-época, face à ausência dos campeões europeus e, durante algum tempo, de Slimani, acabou por dar muito tempo de jogo a jogadores que estavam na porta de saída - Ewerton, Aquilani, Barcos, Carlos Mané - e a jogadores novos - contratados ou da formação - ou pouco utilizados na época anterior: Jug, Stojkovic, Jefferson, Esgaio, Petrovic, Meli, Iuri Medeiros, Ryan Gauld, Podence, Matheus Pereira, João Palhinha, Spalvis e Alan Ruiz.

6. A exigência dos adversários - quase todos de Champions e com a preparação mais adiantada -, misturada com circunstâncias anormais de jogo (como expulsões prematuras ou frangos dos guarda-redes), fizeram com que muitas das partidas se tornassem em experiências penosas. Poucos - desde os habituais titulares até aos reforços - mostraram boas indicações.

7. No final da pré-época, Jorge Jesus teve que decidir quais os jogadores que iriam ficar no plantel. A preferência foi clara: os jogadores provenientes da equipa B foram preteridos em favor dos reforços. Percebe-se a ideia: Jorge Jesus preferiu apostar na experiência, considerando o nível dos desafios que se avizinhavam. Podence, Iuri, Gauld, Palhinha (e ainda Francisco Geraldes e Domingos Duarte) foram colocados em clubes de primeira divisão para ganhar rodagem. Matheus ficou, mas sem contar para o treinador.

8. É fácil, neste momento, criticar Jesus por ter optado pela experiência em detrimento da juventude. No entanto, nada nos garante que Podence, Iuri, Gauld, Palhinha, Domingos ou Geraldes fizessem a diferença em relação aos que ficaram no plantel. Estes seis jogadores impuseram-se, com maior ou menor dificuldade, nas equipas a que foram cedidos, e estão a ganhar ritmo e experiência que acelerarão o seu desenvolvimento - certamente mais do que se ficassem no Sporting para serem utilizados esporadicamente. Uma ressalva: a situação de Iuri é diferente da dos colegas, pois já fez a rodagem suficiente na primeira divisão em épocas anteriores, e o seu jogo não ganha nada com o empréstimo ao Boavista. Mas também não foi pelo seu jogo que Jesus o dispensou - terão sido questões de falta de aplicação nos treinos.

9. É assim tão estranho que Jorge Jesus tenha preferido apostar na experiência? Olhando para os últimos anos, contam-se pelos dedos de uma mão os jogadores da formação que se impuseram no plantel principal sem terem rodado noutros clubes. Gelson Martins é a exceção a uma regra que conta com os exemplos de Cédric, Rúben Semedo, William Carvalho, Adrien Silva e João Mário. Carlos Mané, Tobias Figueiredo e Matheus Pereira também foram promovidos sem terem rodado noutros clubes, mas nunca se chegaram a impor. A evolução normal de um jogador passa por ganhar experiência num patamar intermédio entre a equipa B e o plantel principal do Sporting.

10. Apesar de estatisticamente compreensível, a decisão de Jorge Jesus não encaixa na cultura que existe no Sporting - a aposta contínua em jovens da formação. O normal é que, todos os anos, um, dois ou três jogadores da formação sejam integrados no plantel principal. Na época passada Jesus lançou Gelson e Rúben (e Matheus, a um nível menos regular). Bastava uma aposta regular em Matheus para manter essa tradição com uma chama minimamente acesa. No entanto, nem isso Jesus fez.

11. Ao invés, abriu espaço no plantel para um conjunto de jogadores que, ao fim de meia época, ainda estão por justificar o porquê dessa aposta, como Petrovic, Meli, Elias, Alan Ruiz, Markovic, André e Castaignos. Alguns desses jogadores prometiam, outros nem por isso. O que é facto é que nenhum destes rendeu aquilo de que o clube precisava: alguns por falta de categoria, outros por problemas de adaptação, outros, se calhar, por falta de vontade ou estaleca psicológica.

12. Olhando para o panorama global do ataque ao mercado, são poucas as contratações que, neste momento, se podem considerar acertadas. Dost é, de longe, a melhor contratação. Campbell, mais irregular, também é uma mais-valia. Outros, mesmo jogando pouco, mostram capacidade para estar ao nível das exigências se forem chamados a competir - como Beto e Douglas.

13. Considerando tudo isto, parece-me que os maiores pecados da estrutura do Sporting estão no trabalho que foi feito na formação do plantel. Gastou-se demasiado dinheiro para tão poucos reforços efetivos. Não nos podemos esquecer que, segundo o R&C do primeiro trimestre, este deverá ser o plantel mais caro da história do Sporting. Neste momento, parece óbvio que Jorge Jesus apenas confia num conjunto de 14 ou 15 jogadores - o que é muito curto para uma época tão preenchida. 

14. A prospeção de jogadores é um dos grandes problemas do Sporting. Desde que Bruno de Carvalho tomou posse, a percentagem de acerto nas contratações é muito reduzida. Na época de Leonardo Jardim houve um acerto razoável, mas o nível de exigência era inferior. Na época de Marco Silva, as contratações foram um desastre. Nestas duas épocas, há uma atenuante importante: não havia dinheiro para comprar jogadores acima de preços de saldo. Nas épocas de Jorge Jesus, o paradigma mudou. O acerto subiu bastante na época passada, mas na atual voltou a cair significativamente.

15. Parece-me que Bruno de Carvalho cometeu um erro: colocou demasiado poder nas mãos de Jorge Jesus. Vieira cometeu o mesmo erro em julho de 2010 e arrependeu-se. Jesus tem várias qualidades, mas a identificação de jogadores não é uma delas. O caso de Alan Ruiz é paradigmático: o Sporting gastou cerca de 8 milhões (2 desses milhões foram em prémio de assinatura para o jogador) para satisfazer um pedido do treinador. O problema é que as características do atleta nem sequer se encaixam no esquema tático de Jesus. Com este dinheiro, teria sido possível contratar dois jogadores habituados ao futebol europeu e com margem de progressão igual ou superior.

16. Os resultados das opções tomadas em julho/agosto estão à vista de todos: há poucos jogadores que entrem nas contas do treinador, e muitos dos atletas mais utilizados estão agora a ressentir-se fisicamente da sobrecarga de jogos a que foram sujeitos.

17. Paralelamente à questão de confiar num núcleo de jogadores tão reduzido, Jesus também tem responsabilidades na forma como não está a conseguir tirar o melhor proveito de alguns dos seus atletas. Por exemplo, continua a colocar Campbell fora de posição, Ruiz a fazer de Teo, e a teimar em exigir de Gelson e Dost aquilo que exigia de João Mário e Slimani. São jogadores muito diferentes. Jesus pode tentar adaptar os jogadores ao seu esquema de jogo, mas também deve adaptar o seu esquema de jogo às características dos jogadores que tem. É inadmissível que Dost não tenha mais do que 2 ou 3 oportunidades de golo em cada jogo. Por vezes, nem 2 tem... e assim fica difícil marcar.


O que fazer no que resta de dezembro e em janeiro?

18. Tem, obrigatoriamente, de haver um esforço para reestruturar o plantel. Aqueles que não têm nível para representar o Sporting, devem sair já. Desses, é vender quem tiver algum mercado, e tentar chegar a um acordo de rescisão com aqueles que não tiverem clubes interessados.

19. Fazer regressar alguns dos jovens da casa que podem fazer posições para as quais não há quaisquer alternativas aos titulares. Não fazê-los regressar só por regressar - se é para jogarem pouco ou nada, mais vale continuarem a ganhar experiência onde estão. Seria importante por vários motivos: recuperar alguma empatia dos sportinguistas com a equipa, e começar a preparar a próxima época ao mesmo tempo que se luta pelos objetivos que ainda nos restam.

20. Jorge Jesus é o melhor treinador que o Sporting pode ter. Escrevo isto convictamente - e mesmo considerando as críticas que fiz nos pontos anteriores. Mas o facto de ser um técnico excecional, não significa que seja igualmente excecional em todas as vertentes do seu trabalho. Bruno de Carvalho precisa de gente, no departamento de futebol, que complemente Jesus nas suas lacunas. Há, por isso, que retirar a Jorge Jesus o poder em excesso que lhe foi atribuído. Jesus não tem competências de olheiro e não tem competências de diretor desportivo. Bruno de Carvalho precisa de um diretor desportivo forte e com poder, e precisa também de rever a estratégia ao nível da prospeção. Não sei se já existem pessoas com as qualidades necessárias na estrutura atual. Se sim, é dar-lhes a oportunidade. Se não, há que os recrutar. Mais do que as eleições, a prioridade de Bruno de Carvalho deve ser a de se rodear de pessoas competentes - e não apenas de yes-men. Conseguindo isso, a vitória nas eleições - se é que não está já garantida - surgirá como inevitável consequência.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Falsa partida de Paulo Paiva dos Santos

É positivo para o Sporting que se apresentem várias candidaturas à presidência. Mesmo considerando as inevitáveis campanhas negativas e todo o ruído que isso gerará em pleno período de competições, o clube ganha com a discussão do mandato que agora termina e com a discussão das propostas que surgirão para o futuro.

Ontem avançou o primeiro candidato: Paulo Paiva dos Santos. Infelizmente, dificilmente poderia ter começado de pior forma. Foi, quase literalmente, uma falsa partida.


O mais criticável é o timing escolhido. Paulo Paiva dos Santos fê-lo cerca de uma hora após o final do jogo do Sporting, ou seja, quando os sportinguistas ainda estavam a tentar arranjar forma de digerir a derrota com o Braga. Até entendo que uma candidatura de oposição necessite de maus resultados para poder ambicionar uma vitória nas eleições, mas assim apenas passa uma imagem de demasiada ânsia numa derrota do clube para fins eleitoralistas.


Depois, a própria forma de anunciar foi infeliz - começando nos dois erros ortográficos (um parece do corretor automático, outro nem tanto) e de pontuação, e acabando num "RESPECT!" que não se entende. Não que a capacidade de escrever sem erros ortográficos seja uma qualidade essencial para se ser presidente de um clube de futebol - porque não é -, mas tudo isto dá a entender que foi muito mais um post impulsivo.do que planeado. Seria de esperar que houvesse um pouco mais de preparação.

Entretanto, o post foi eliminado.

Paiva dos Santos também já deu uma entrevista ao DN (LINK) onde explica os motivos que o levam a candidatar-se. Também aqui tem uma declaração que, na minha opinião, é pouco feliz: não confirma se é uma candidatura para levar até ao fim. Não me parece ser a melhor forma de alguém se fazer levar a sério num momento tão crucial de uma candidatura - como se costuma dizer, não há segundas oportunidades para se causar uma boa primeira impressão.

Fiquemos agora à espera das propostas que tem para o clube. Isso, sim, será o essencial.

EDIT 12h50: no preciso momento em que publiquei este post, deu-se a notícia de que Paulo Paiva dos Santos voltou atrás na ideia de se candidatar (LINK). Afinal a falsa partida foi mesmo literal...

Era uma vez um campeonato

Apesar de ainda não termos chegado ao fim do mês de dezembro, ou seja, numa altura em que estamos a chegar a meio da época, o Sporting já comprometeu dois dos seus objetivos: as competições europeias e, agora, o campeonato. É importante discutir aquilo que nos conduziu a um estado que a maior parte, há três meses, julgaria impensável, mas, para já, fico-me pela minha análise ao jogo de ontem com o Braga.


Infelizmente, nada do que aconteceu na noite de domingo foi propriamente novidade. Os sinais da quebra de rendimento eram evidentes, e atingiram, contra o Braga, o seu ponto de expressão máxima (ou mínima, se preferirem): uma equipa a que falta dinâmica e sentido prático, mas que nem por isso deixa de jogar no limite do risco, sujeitando-se a dissabores destes.





Muito público em Alvalade - apesar da derrota na semana passada, do muito frio e de ser um horário pouco simpático, as bancadas estiveram (mais uma vez) bem compostas. Foi o único facto positivo numa noite tenebrosa.



Equívocos atrás de equívocos - quando se coloca em campo jogadores fora de forma, acompanhados de jogadores fora da sua posição preferencial, e insistindo-se num jogo mastigado sem que haja capacidade de explosão e rasgos criativos que criem desequilíbrios na linha defensiva, estamos a dar todas as condições a um adversário minimamente competente para nos fazer a vida negra. O que se passou na primeira parte foi sintomático: apesar de ter tido quase 70% da posse de bola na primeira parte, o Sporting praticamente não causou situações de perigo, e acabou por ter sorte pelo facto de o Braga não ter conseguido aproveitar várias situações contra-ataque. Mais uma vez, destaca-se pela negativa a péssima definição no último terço (preferimos rodar a bola para trás quando se está em boa posição para cruzar, incompetência total no aproveitamento de situações de contra-ataque, e uma incapacidade angustiante nos cruzamentos) e aquela sensação de falta de urgência em resolver o jogo o mais rapidamente possível. Na segunda parte, a equipa pareceu tentar colocar outro ritmo na partida, mas manteve todos os outros defeitos.

A arbitragem de Hugo Miguel - mais uma vez, o Sporting é prejudicado de forma gritante pela arbitragem. É verdade que Hugo Miguel não assinalou uma falta de Coates sobre Wilson logo no princípio (o que daria amarelo, pois Rúben Semedo estava também a disputar o lance), mas teve dois erros escandalosos que prejudicaram o Sporting: perdoou uma expulsão a Marcelo Goiano numa entrada assassina sobre Gelson (aos 40'), e não assinalou um penálti mais que evidente por agarrão sobre André aos 90'. Houve outros dois lances duvidosos na área do Braga: uma falta sobre Bryan Ruiz, em que parece que há toque faltoso, e uma bola no braço de um defensor bracarense que, para mim, não é falta para penálti. Tudo somado, há claro prejuízo para o Sporting. E já vamos em quatro jogos consecutivos com o Sporting a ser prejudicado: dois golos mal anulados e cinco penáltis por assinalar. Não desculpa a falta de futebol da equipa, mas outros há que, jogando igualmente pouco, lá vão ganhando - bastando, para tal, não serem prejudicados pelos senhores do apito. Não admira que façam campanha contra o vídeo-árbitro. Bastava terem apanhado os dois erros claros, e provavelmente o Sporting teria ganho o jogo.



O campeonato passou a ser pouco mais do que uma miragem. Uma enorme desilusão, considerando as expetativas que existiam para esta equipa no final de agosto.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Doyen / Traffic / Títulos nacionais

Decisão do Tribunal Federal Suiço sobre o caso Rojo

Conforme se previa, o TFS deu razão à Doyen. Era previsível porque este tribunal limita-se a analisar questões processuais dos julgamentos de primeira instância, pelo que era bastante improvável que revertesse a decisão do TAD. No entanto, este desfecho não justifica que se queira fazer disto mais do que uma mera notícia de rodapé, pois não terá grande impacto na vida do clube.

Do ponto de vista moral, o Sporting continua com a razão do seu lado. A melhor prova disso está à vista de todos: foi a ação abusiva dos fundos que levou a FIFA a decidir banir os contratos de TPO do futebol. Quando o Sporting denunciou o contrato de Rojo e Labyad, os fundos agiam impunemente. Hoje, os fundos, tal como os conhecíamos, são proibidos e vistos como uns párias pelo mundo do futebol - com exceção de um punhado de clubes que adora viver metido em negociatas. 

Ainda ontem, foi divulgado pela imprensa internacional que a Doyen organizou uma festa com prostitutas onde participou Florentino Perez, presidente do Real Madrid, que, só por acaso, foi uma das testemunhas contra o Sporting no caso Doyen. Assim se vê o nível destes indivíduos. Mas a vida continua, e, felizmente, o Sporting está muito mais sólido do que estava em agosto de 2014. Em contrapartida, a Doyen e outros fundos estão em processo de perda de influência, que terminará assim que expirarem os últimos contratos ainda em vigor.

Do ponto de vista das contas, também não há impacto relevante ao nível da contabilidade e tesouraria do SAD. Do ponto de vista das contas, a provisão feita na época passada antecipou os custos de uma decisão desfavorável no TFS. Do ponto de vista da tesouraria, a retenção das receitas da Liga dos Campeões cobre, quase na totalidade, o valor a pagar.

Valeu a pena o Sporting ter-se metido nesta guerra? Na minha opinião, sim. Em primeiro lugar, pela questão de princípio de não admitir ingerências de indivíduos que nada têm a ver com o clube. Nem o problema dos juros pagos acaba por ser uma penalização particularmente dura, pois a taxa está ao nível do que se pagaria se se recorresse à banca ou a empréstimos obrigacionistas.

A Doyen é, finalmente, parte do passado do Sporting. Daqui a poucos anos, a Doyen será parte do passado do futebol. Até lá, o Benfica e o Porto que os aturem, pelo menos enquanto não venderem Ola John, Corona e Brahimi.


A parceria com a Traffic

Tem muita graça haver quem tente apontar a parceria com a Traffic como uma incoerência do Sporting face à sua posição em relação aos fundos. O Sporting insurgiu-se contra os contratos TPO e contra os fundos de quem se desconhece a origem do dinheiro. Os contratos TPO fazem parte do passado. E, tanto quanto se sabe, os proprietários da Traffic são conhecidos.

Ironicamente, o maior problema está no facto de os proprietários da Traffic serem conhecidos - e terem um historial com acusações muito graves. Isso faz com que não me agrade este acordo entre o Sporting e a empresa brasileira.

Agora, tudo dependerá da natureza da parceria: se for um simples acordo de prospeção e colocação de jogadores, não vejo grandes inconvenientes; se for para trazer Veras ou outros sul-americanos desconhecidos a troco de milhões, com clubes fachada metidos pelo meio, então Bruno de Carvalho terá de responder por isso. O tempo esclarecerá as dúvidas, mas não vejo motivos para que não se acredite que se trata da primeira hipótese.


A questão dos títulos nacionais

A Bola colocou na capa de ontem a notícia de que "a FPF já esclareceu a questão dos títulos". O jornal sustentou esta afirmação com um link do site da Federação que contém a lista de vencedores da Taça de Portugal, onde foram incluídos, numa subsecção situada no final da página, os vencedores do Campeonato de Portugal.

Não vejo como se pode achar que esta questão fica fechada com um mero link de um site, que pode ter sido colocado por um qualquer funcionário (ou até algum subcontratado). Qualquer tomada de posição da FPF terá de vir da sua direção. Mas mesmo uma tomada de posição da direção da FPF não se pode limitar a constatar que sim ou sopas - é necessário que essa posição seja bem sustentada juridicamente. A absurda (e não fundamentada) decisão de 2005 da FPF em considerar as ligas experimentais como campeonatos nacionais é discutível moral e juridicamente. Não se pode tirar, de ânimo leve, o estatuto de Campeão Nacional aos clubes, atletas e técnicos que conquistaram os Campeonatos de Portugal, conforme lhes era reconhecido à época.

A questão dos títulos continua tão aberta hoje como estava na quinta-feira.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

As opiniões do isento, credível, honesto, sapiente e coerente António Rola

É sempre engraçado observar o contorcionismo que certos indivíduos são obrigados a fazer quando comentam situações idênticas envolvendo protagonistas diferentes. É um exercício relativamente simples de se fazer, já que os meios de comunicação social estão inundados de profissionais que têm, como função principal, a defesa de uma agenda bem definida. Vem isto ainda a propósito dos lances polémicos do dérbi de domingo passado - mais concretamente o controlo de bola que Pizzi faz com o braço e que esteve na origem do primeiro golo da partida.

Vale a pena ouvir as opiniões de António Rola - ex-árbitro que é, há vários anos, colaborador do Benfica, comentador residente da BTV e, agora, também, comentador da TVI - em duas situações que têm muitos pontos em comum. Deliciem-se.


Mais do que as opiniões propriamente ditas, destaco a forma como Rola se descreve: "Como ex-árbitro de futebol, e com toda a isenção que me confere e a credibilidade que tenho em falar das coisas que sei". Maravilhoso. <3

O melhor endorsement possível para Bruno de Carvalho

Em qualquer eleição, é normal que os candidatos que concorrem para um determinado cargo, tentem recolher o apoio de várias figuras públicas ou organizações influentes, de forma a ajudar a convencer os votantes a optarem pela sua lista. Os americanos, por exemplo, chamam a esses apoios endorsement.

Bruno de Carvalho acabou de obter um dos melhores endorsements que poderia desejar. Aconteceu ontem, na CMTV.


Carlos Janela, antigo funcionário do Sporting - o seu legado de incompetência ainda hoje é recordado em Alvalade - e atual membro da máquina de comunicação benfiquista, tem uma grande preocupação na vida: o sentimento de indignação e vergonha dos seus amigos sportinguistas que elegeram Bruno de Carvalho. Vindo de uma pessoa que odeia o Sporting e que é pago para falar mal do Sporting, percebe-se facilmente aquilo que realmente o preocupa.

Sou capaz de imaginar três dos desejos que Carlos Janela fará quando, nos primeiros segundos de 2017, estiver a enfiar as 12 passas pelo mesmo orifício que usou para proferir as palavras que acabaram de ouvir: paz no mundo, fim da fome, e Bruno de Carvalho fora do Sporting.

Janela ainda acrescentou que, caso Bruno de Carvalho não for removido da cadeira da presidência, o Sporting terá a maior crise da sua história, uma crise inimaginável. 

Todos se lembram do estado de saúde desportiva e financeira que o Sporting atravessava no momento em que a atual direção tomou posse. Inimaginável, para mim, é que haja um sportinguista que seja que leve este indivíduo a sério. Bruno de Carvalho não poderia obter melhor propaganda do que esta.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Como desejar Feliz Natal em vários idiomas

Vídeo engraçadíssimo com atletas de várias modalidades do Sporting a ensinar colegas de outras nacionalidades a desejar Feliz Natal no seu idioma (com um convidado especial). <3

Fábrica do Sporting iguala La Masia

Excelente texto de André Pipa no jornal A Bola. Vale a pena ler.

(carregar na imagem

Dost e Patrício contra o karma

Vou ser sincero. Ao intervalo, depois de um par de sustos resolvidos por Rui Patrício, depois de um penálti defendido a dois tempos de forma brilhante por Trigueira, vendo um Sporting com dificuldades de mandar no jogo perante uma equipa do V. Setúbal muito pressionante e aguerrida, adivinhando-se o desgaste físico após dois jogos exigentes na Polónia e na Luz - e com o V. Setúbal com mais dois dias de descanso - e sabendo do karma sportinguista de ter jogadores emprestados a marcarem-nos golos, via os astros a alinharem-se para fechar da pior forma aquilo que seria uma semana de pesadelo. Aliás, não seria a primeira vez que perderíamos três objetivos no espaço de uma semana.

Felizmente, enganei-me. Não que a segunda parte tenha sido melhor do Sporting do que a primeira - não o foi -, mas porque, numa altura em que o V. Setúbal começava a quebrar fisicamente, acabou por se impor a qualidade de Bas Dost - um jogador que, apesar de estar a corresponder plenamente às expetativas dos adeptos, ainda não está a ser bem aproveitado pela equipa.



O golo de Dost - para o melhor e para o pior, o holandês não é Slimani. Percebo que Jesus tente trabalhar Dost de forma a dar algumas das coisas que Slimani também dava, mas também está à vista de todos que Jesus devia adaptar o sistema de jogo da equipa de forma a proporcionar mais ocasiões a Dost de fazer aquilo que sabe melhor: finalizar. Bas Dost é um fantástico finalizador,  já leva 10 golos, apesar da reduzida quantidade de bolas que, em média, lhe chegam em condições por jogo - e apesar de não ser marcador de penáltis. Não ajuda o facto de não termos jogadores que sabem cruzar bem, mas a própria filosofia de jogo da equipa não faz nada para aproveitar o target man que temos lá na frente. Ao excelente cruzamento de Zeegelaar, Bas Dost correspondeu com um disparo fulminante de cabeça. Bom golo, que valeu o apuramento.

Rui Patrício decisivo - teve duas intervenções absolutamente cruciais na primeira parte. A primeira foi uma defesa perante um isolado Edinho, que se viu na cara do 12º melhor jogador do ano graças um passe disparatado de Rúben Semedo. Depois, fez muito bem a mancha perante Ryan Gauld, que se isolou após uma boa combinação na esquerda. Parece estar a regressar à sua melhor forma.

A oportunidade de rever Gauld - fiquei agradavelmente surpreendido pela exibição do escocês. Depois de ter passado os primeiros meses da época sem jogar, parece finalmente ter conquistado o seu espaço na equipa de Couceiro. Ontem fez um excelente jogo e, continuando assim, não sairá do onze tão cedo. Aproveitando bem esta época e ganhando experiência de primeira divisão, ficará mais perto de, no próximo ano, seguir as pegadas de João Mário e Rúben Semedo.



Perdas de bola - a grande pressão feita pela linha atacante do V. Setúbal ajudou à festa, mas houve demasiadas perdas de bola não forçadas protagonizadas por vários jogadores do Sporting. Rúben Semedo foi o que mais cabelo me fez perder, mas não foi o único. William e Adrien também estiveram muito mais inseguros na condução de bola e passe do que é normal. Sinal de cansaço físico ou insegurança causada pelas últimas duas derrotas? Provavelmente, uma mistura das duas.

A recarga - Adrien bateu bem o penálti, mas houve muito mérito de Trigueira na defesa. No entanto, o capitão foi muito displicente na recarga, mesmo considerando o duplo mérito de Trigueira. Na pequena área, com o guarda-redes no chão, não se pode falhar daquela forma. Felizmente, o falhanço acabou por não ter consequências.



A tarefa não era simples, mas foi superada. E isso era algo fundamental, não só pela continuidade na competição, mas também para quebrar a sequência de duas amargas derrotas - não é difícil adivinhar o impacto que uma eventual derrota e eliminação da Taça de Portugal teriam no clube.

O sorteio dos quartos-de-final será realizado no dia 20. Juntamente com o Sporting, estão o Benfica, Chaves, Estoril, Sp. Covilhã (!), Académica e Leixões. Falta disputar o V. Guimarães - Vilafranquense. Considerando que a próxima eliminatória se disputa a 18 de janeiro, ou seja, no pico do inverno, prevejo uma viagem a Chaves, de forma a cumprir a fatal atração do Sporting por Trás-os-Montes nesta época do ano. Melhor do que um jogo em Chaves no pico do inverno, são dois jogos em Chaves no pico do inverno, separados por apenas 3 dias - é que o Sporting já lá vai jogar a 15 de janeiro para o campeonato.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Ainda sobre a decisão com recurso ao vídeo-árbitro

A propósito da discussão que houve na caixa dos comentários do post anterior, aqui fica o esclarecimento da FIFA. A decisão do vídeo-árbitro foi correta. Ganhou a verdade desportiva.



La FIFA ha querido salir al paso de la polémica surgida a raíz de la decisión de Viktor Kassai de pitar penalti tras haber revisado la acción con el sistema VAR (Árbitro Asistente de Vídeo). Tras detener el juego para ver la acción, el colegiado húngaro ha señalado pena máxima de Orlando Berrio (At. Nacional) sobre Daigo Nishi (Kashima) a pesar de que el nipón se encontraba más adelantado que la defensa en el momento de botar la falta.

El máximo organismo futbolístico ha querido defender la decisión de Kassai y ha argumentado que Nishi “no había estado nunca en disposición de disputarle el balón al rival”, por lo que “el fuera de juego nunca se había producido”.

De este modo la FIFA elimina cualquier duda sobre el sistema de videoarbitraje que está testando en el Mundial de Clubes de 2016.

"Gracias tecnologia!"

Vídeo-árbitro a ser utilizado no Campeonato do Mundo de Clubes para ajudar na decisão de um lance de possível penálti. Muito bem!

É fazer as contas

Novo texto do 3295C.



Sinceramente, pensei em chamar-lhe derby da vergonha, mas isso seria injusto para todos os intervenientes no jogo. Uns por não terem de a sentir, a não ser alheia, outros por nem sequer a terem.

É preciso não esquecer que à entrada da 13.ª jornada, o Sporting estava a uma vitória da liderança da Liga. Jogar na Luz era só o toque final, refinado, de uma reviravolta de um atraso que esteve em sete pontos para uma vantagem de um ponto. Com uma vitória na casa do eterno rival. Que não aconteceu por vários motivos, nenhum deles relacionado com o facto do Sporting ter jogado pior que o adversário. Chegou até a ser melhor e na segunda parte houve mesmo um período de domínio absoluto dos leões.

Atente-se no que escreve o Record na 1.ª página. Leram bem, o Record (esqueçam a parte das águias mortíferas):


E agora veja-se o que escreveu A Bola também na sua 1.ª página:


A SIC Notícias, por exemplo, arrancou com o seu jornal da meia-noite, depois do jogo, afirmando que a liderança dos encarnados tinha saído reforçada do derby. Isso mesmo. Nada de polémicas. Tudo normal. O Sporting acabava de perder na Luz, com dois penalties não assinalados, sendo que um deles deu origem ao primeiro golo do jogo, e a notícia é o reforço da liderança do vencedor.

Está, portanto, banalizado o facto de se perder um jogo com dois penalties por marcar. Tudo normal e tranquilo. Depois não querem que se cante pelo campeonato da vergonha e da mentira.

É fazer as contas e percebe-se facilmente por que, neste momento, à 14.ª jornada, não é o Sporting o líder do campeonato.