sexta-feira, 13 de maio de 2016

O futebol de Bryan

Se no final da tarde do próximo domingo a classificação no topo da liga se mantiver tal como está hoje, concretizar-se-á a amarga injustiça de não vermos o título de campeão ser conquistado pela melhor equipa da competição. No entanto, alguns sportinguistas poderão cometer uma injustiça tão grande ou maior que essa, se responsabilizarem Bryan Ruiz pela perda do campeonato por causa dos golos falhados frente a V. Guimarães e Benfica.


Ruiz já era um jogador de créditos firmados quando assinou pelo Sporting. Havia, naturalmente, a expetativa de que contribuísse para o crescimento da equipa com o seu inegável talento e experiência. No entanto, para mim, essas expetativas foram claramente superadas. 

Encantou-me com a sua criatividade, inteligência e técnica. Com a classe demonstrada dentro e fora das quatro linhas. Os cruzamentos teleguiados para Slimani foram uma imagem de marca da sua época, mas impressionou-me sobretudo pela imprevisibilidade das suas ações: os adversários ficam sempre na dúvida se irá pausar jogo ou acelerar, se vai optar pelo drible ou inventar uma linha de passe para um colega melhor colocado. As estatísticas dizem-nos que marcou 11 golos e fez 12 assistências, mas deixam de fora as dezenas e dezenas de golos em que Ruiz foi interveniente direto. Para além disso, demonstrou sempre uma atitude exemplar sem bola, nunca poupando esforços no trabalho defensivo. Isto, apesar de ter sido o jogador de campo mais utilizado pelo Sporting - apenas Rui Patrício jogou mais minutos. Fosse no meio-campo, mais encostado à esquerda, ou no apoio ao ponta-de-lança, Jorge Jesus sempre viu nele um intérprete perfeito das suas ideias, mesmo jogando muitas vezes no limite das suas capacidades físicas. 

Bryan Ruiz foi uma das principais figuras da época do Sporting, juntamente com Rui Patrício, Adrien, João Mário e Slimani. Sem ele, não teríamos chegado à última jornada ainda a disputar o título. É, por isso, uma tremenda injustiça que se tente colar um eventual insucesso no campeonato aos dois golos falhados por Bryan, depois de todo o futebol que nos ofereceu nos 45 jogos em que participou. Sejamos ou não campeões no final desta temporada, um jogador como Ruiz nunca poderá ser encarado como parte do problema. Pelo contrário. Bryan Ruiz foi e é, acima de tudo, um engenhoso inventor de soluções de que o Sporting e os sportinguistas não podem prescindir. 

Obrigado, Bryan!