sábado, 15 de abril de 2017

A ganhar embalagem

Sabendo-se que o V. Setúbal já demonstrou ser uma equipa muito bem preparada para fazer estragos aos grandes - dois empates com o Porto, uma vitória e um empate ao Benfica, e uma vitória ao Sporting na Taça da Liga -, não se pode, de forma alguma, desvalorizar o bom jogo que o Sporting fez na noite de ontem no Bonfim.

A equipa da casa entrou com tudo, conseguindo encostar o Sporting à sua área nos minutos iniciais, mas, uma vez sacudida essa pressão, a partida passou a ter um sentido único: o V. Setúbal foi incapaz de contrariar a pressão intensa a que foi submetida e o Sporting foi empurrando o jogo para junto da área de Bruno Varela. O primeiro golo surgiu com naturalidade, e, com maior naturalidade ainda, apareceram os outros dois golos, que se adivinhavam a qualquer momento após uma entrada fortíssima do Sporting na segunda parte.

Nota-se um Sporting cada vez melhor, física e tecnicamente, em que a equipa sabe tirar partido das melhores características dos seus jogadores, e vai-se ganhando embalagem para aquilo que se deseja que seja o melhor final de época possível, considerando a falta de objetivos melhores.





Mais uma exibição muito sólida - depois de uma sequência de jogos em que o Sporting foi ganhando sem convencer, a equipa parece estar agora a entrar numa fase em que vence categoricamente, com excelentes prestações nos dois lados do campo. O V. Setúbal entrou bem, dominando os primeiros dez minutos da partida, mas a partir daí o jogo foi completamente controlado pelo Sporting - com particular ênfase para o início da segunda parte, onde a equipa foi simplesmente arrasadora e encerrou a discussão sobre quem levaria os três pontos. 

A primeira parte de Gelson - foram vários os jogadores que se aproveitaram a um bom nível, mas Gelson Martins destacou-se dos demais durante a primeira parte. Foi oportuno na forma como aproveitou a hesitação de Fábio Cardoso para marcar o golo inaugural, e ainda serviu de forma magistral Dost e Alan Ruiz - naquelas que foram as melhores ocasiões do Sporting durante os primeiros 45 minutos. Numa dessas ocasiões sofreu um penálti que João Pinheiro converteu em livre. Foi substituído assim que a vitória estava garantida, não fosse o árbitro encontrar algum motivo para lhe mostrar amarelo e deixá-lo e fora do dérbi.

Outros destaques - Bruno César deu boa sequência à grande exibição que teve contra o Boavista: esteve envolvido no primeiro golo e fez a assistência no segundo; o seu rendimento caiu na segunda parte, a partir do momento em que andou a saltar de posição em posição; Alan Ruiz não marcou, mas voltou a fazer um bom jogo, parecendo cada vez melhor fisicamente; Marvin Zeegelaar pouco fez a atacar, mas esteve muito bem a defender; William e Adrien tiveram um início de jogo pouco seguro, mas com o passar do tempo acabaram por conquistar o meio-campo; Podence entrou muito bem.

O passe de Alan Ruiz para o golo de Dost - o melhor momento do jogo. O passe do argentino de trivela foi perfeito - com a bola a fazer o arco necessário para passar pela única nesga de terreno que havia fora do alcance de Frederico Venâncio e Bruno Varela - encontrando Dost, que só teve que encostar e agradecer ao companheiro. Teve o bónus de colocar o holandês, provisoriamente, na liderança da Bota de Ouro.


O amarelo a Zeegelaar - conforme seria de esperar, o árbitro foi particularmente zeloso quando Zeegelaar fez a sua primeira falta, e não lhe perdoou o cartão amarelo - o que deixa o holandês de fora do dérbi. Marvin é um dos patinhos feios deste plantel, mas a verdade é que está a passar por um bom momento e poderemos sentir a sua falta na próxima jornada. 



Quinta vitória consecutiva (com um total de 15-2 em golos marcados e sofridos), oitava vitória nos últimos nove jogos. O Sporting está, claramente, a recuperar o seu melhor nível físico e técnico, à imagem do que vimos no início do campeonato. Que continue assim até ao fim.