sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A reestruturação do plantel do Sporting

O jornal Sporting apresentou um quadro, muito bem estruturado e detalhado, com as condições de resolução dos problemas de jogadores não desejados no plantel. Também foram detalhadas as várias contratações, com valores de aquisição, cláusulas de compra futura de percentagens de passes e prémios de assinatura.

Numa altura em que as contas do clube estão a ser escrutinadas como nenhumas contas de qualquer equipa portuguesa alguma vez foi, é de louvar a apresentação aos sócios e adeptos do clube um conjunto de informações que acrescenta um nível de transparência inédito a este nível. É uma iniciativa que gostaria que se mantivesse, pois é uma forma adicional de mostrar aos sócios que o clube também é deles, e não vejo grandes desvantagens em estar a revelar publicamente este tipo de informação. 

Em relação à redução de custos, o balanço para já é muito positivo. Como é evidente ainda é prematuro pois o orçamento do futebol pode vir ainda a sofrer alterações (entre compras e vendas no mercado de inverno, e em situações litigiosas em aberto como a rescisão de Bojinov), pelo que não vou fazer grandes comentários à redução estimada de 40% em relação ao que estava planeado inicialmente.

E concordo que Bruno de Carvalho continue a comparar os seus números com aqueles que lhe foram deixados por Godinho Lopes. Para uma avaliação ser completa não basta saber onde estamos, é imprescindível saber de onde partimos.

Ficam alguns dos pontos que considero mais relevantes:
  • Algumas valores de vendas parecem muito baixos em casos como os de Schaars e Arias, muito por culpa do facto de a posição negocial do Sporting estar de rastos; a necessidade de reduzir brutalmente os custos era pública e os clubes compradores tinham consciência disso
  • A venda de Ilori terá sido de €6M + €1,5M em função do número de jogos realizados, tal como a de Bruma foi de €10M + €3M por objetivos 
  • As indemnizações pagas a Onyewu, Pranjic e Boulahrouz eram inevitáveis e são uma boa decisão; é pena que Bojinov e Evaldo não tenham aceite um acordo nos mesmos moldes
  • As contratações potencialmente mais caras chegam por empréstimo com cláusulas de aquisição pré-estabelecidas, diminuindo de forma significativa o seu risco
  • Jefferson custou ao Sporting €300.000 por 60% do passe, tendo a opção de comprar outros 20% por mais €300.000; estão previstos ao longo dos quatro anos de contrato um total €200.000 de prémio de assinatura, que na prática são uma componente salarial -- €50.000 por época completa de contrato
  • A inclusão de salvaguardas de indemnização em negócios de jogadores cedidos pelo Sporting que possam ir parar a Benfica e Porto passa a ser uma regra, para dificultar o aparecimento de novos casos do tipo Simão, Quaresma, Varela e Carlos Martins; esta é capaz de ter sido a penúltima boa decisão de Godinho Lopes enquanto presidente do Sporting (a última foi quando convocou eleições), pois evitou que Insúa estivesse no Benfica alguns meses depois; não sei se protege o clube em situações dúbias do tipo Sporting -> Galatasaray -> Baniyas -> Benfica
  • A renovação em massa dos jogadores mais promissores das equipa B e júnior é muito positiva: salvaguarda os interesses do clube, dá estabilidade aos jogadores e ao mesmo tempo impede que comecem a pensar precocemente noutros voos (e concentrando-se em mostrar valor em quem lhe paga os salários); no caso de o potencial de alguns jogadores não se concretizar, não me parece que seja difícil resolver os seus casos; não percebo por que há tantos comentadores incomodados com o valor das cláusulas de rescisão (é indiferente nesta fase da carreira dos jogadores serem de €20M ou €200M)