segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Populista?


Populista. Bruno de Carvalho não tem sido poupado a essa adjetivação desde surgiu como candidato à presidência do Sporting. Primeiro pelos outros candidatos à presidência e depois por comentadores e jornalistas. Na semana passada juntou-se a este movimento o distinto Rui Moreira, o Phil Dunphy português, que se celebrizou enquanto ex-paineleiro que abandonou um programa em direto por não conseguir enfrentar duras verdades como um homem.



Ontem, algum tempo após o final do jogo com o Porto, e após uma derrota que lhe terá sido particularmente dolorosa (apostou forte em declarações controversas que acabaram por não surtir o efeito desejado), Bruno de Carvalho dirigiu-se com Inácio até à bancada reservada aos adeptos do Sporting para agradecer o seu apoio. (Whiplash, obrigado pelo link!)


Mais um momento de populismo, dirá quem não aprecia o estilo de Bruno de Carvalho. Para mim, isto não é populismo. O populismo de facto caracteriza-se pela aproximação dos dirigentes do "povo", mas vem acompanhado de muito palavreado inflamado contra um alvo a abater (normalmente as elites) e por uma série de promessas irrealistas. E se há presidente que não tem feito propostas irrealistas aos seus sócios, esse alguém é Bruno de Carvalho. Se há alguém que tem apresentado os números verdadeiros, por muito difíceis que sejam de enfrentar, definindo objetivos ultra-realistas, quem se tem pautado por uma enorme transparência, esse alguém é Bruno de Carvalho.

Quando falamos de promessas irrealistas poderíamos, em contrapartida, mencionar um outro presidente que se mostrou convicto de poder chegar à final da Liga dos Campeões, em função do melhor plantel dos últimos 30 anos. E quando falamos de discursos inflamados contra um inimigo a abater, podemos falar de outro presidente que alimentou anos a fio uma guerra norte-sul, de forma a vitimizar a região em que se insere e desviar as atenções dos atos criminosos que praticava.

Curiosamente, ao fim de 30 anos de poder, o Porto acabou por se transformar num clube dominado por uma elite dirigente que estrangula toda e qualquer oposição que lhe possa fazer frente. Há quanto tempo não aparece um projeto alternativo, um candidato que abra o debate em relação aos aspetos negativos que o clube tem? Um bom exemplo desse regime elitista foi a inauguração do museu no dia do seu "120º" aniversário. Fechado à "populaça", foi um evento exclusivo para quem manda no Porto, suas esposas / concubinas, alguns jogadores, políticos, banqueiros, empresários, algumas figuras históricas do clube, pessoas do jet-set e biscateiros que defendem o clube na praça pública. O povão teve que esperar mais de um mês para poder lá pôr os pés dentro.

Voltando a Bruno de Carvalho, as ações que tem promovido para aproximar o clube dos sócios não são populismo. É que o discurso do "o clube voltou a ser nosso" veio acompanhado de exigência aos sócios -- o presidente tem repetido várias vezes que os sócios e adeptos têm que cumprir o seu papel, não só apoiando a equipa mas também comprando gameboxes, indo ao estádio, assinando o jornal. 

Temos um presidente que sente o clube como não tínhamos há 20 anos. Quando Bruno de Carvalho vai cumprimentar os adeptos nos jogos fora, sabe os sacrifícios que esses mesmos adeptos fazem pelo clube, já que há uns anos era ele que lá estava. Por isso não me falem em populismo. Isto é genuíno, louvável e um motivo de orgulho para todos nós.