Sobre o estado de saúde de Pinto da Costa, desejo-lhe sinceramente as melhoras e que possa ir de imediato gozar o resto da sua vida no Brasil com a sua esposa.
Mas naquele clube nem as coisas mais triviais são transmitidas de forma simples e direta. O cidadão Pinto da Costa tem direito à sua privacidade, mas a partir do momento em que o clube decidiu transmitir informações sobre o seu estado, não poderiam ser um pouco mais claros?
A 15 de Novembro, mais ou menos à hora do jogo entre Portugal e a Suécia (a la Passos Coelho quando noticiou a redução da TSU minutos antes de um jogo da seleção), o Porto, via Rui Cerqueira, comunicou o seguinte à Lusa:
in expresso.pt |
Ou seja, o presidente do Porto foi internado a 14 de Novembro para exames que decorrerão durante um ou dois dias e que não inspiram cuidados especiais.
No dia 18, segunda-feira, passámos para isto.
in abola.pt |
Afinal é uma insuficiência cardíaca descompensada. Não sou médico, mas assumo que terá sido detetada nos tais exames de rotina. No entanto, não deixa de ser curiosa a utilização do termo "As melhorias do dirigente portista foram de tal forma significativas" -- se há melhorias, significa que houve um passado recente em que esteve pior, pelo que talvez não se aplique a versão do internamento para exames de rotina. Ou então foi o jornal A Bola que percebeu mal. Mas o importante é que Pinto da Costa está melhor, já recebe visitas e a alta adivinha-se para breve.
Entretanto, o internamento prolonga-se e, algures entre as 21h35 (hora em que terminou o Suécia-Portugal) e as 23h55 de dia 19, o JN consegue uma reação de Pinto da Costa à qualificação da seleção para o mundial e à decisão da suspensão de Jorge Jesus.
Fico mais tranquilo, pois um homem internado devido a problemas cardíacos que dá declarações a um jornal numa hora em que devia estar em repouso, certamente que estará a poucos momentos de ser mandado para casa. As frases que o JN atribui a Pinto da Costa por acaso são pouco pintodacostianas, pois falta-lhe a dose de ironia que normalmente emprega nestas ocasiões. Mas enfim, não se pode exigir a uma pessoa que está no hospital que esteja na plenitude de todas as suas capacidades.
Destaco ainda a deliciosa frase do JN: "Apesar de ainda não ter visto confirmada a alta hospitalar que ontem noticiamos". Está visto que os médicos do São João se esqueceram de comprar o jornal nesse dia.
Enfim, é evidente que isto não significa absolutamente nada, o presidente do Porto poderá ter um problema que não quer que seja divulgado e é natural que volte à vida pública muito em breve. Mas é mais um episódio, à imagem do que se passa com Izmailov, em que o clube mostra que se está a borrifar para os seus sócios. No caso do russo, nem uma palavra em dois meses. No caso do presidente, a estratégia parece ter passado por fazer uma série de comunicados e encomendar notícias que soam tão a falso como uma nota de 7 euros.
Posso estar a ser injusto para com o gabinete de comunicação do Porto, mas na boca do mentiroso até a verdade é suspeita.