Apesar dos maus resultados conseguidos nos últimos dois jogos para o campeonato e da eliminação da Taça de Portugal, a primeira metade da época do Sporting superou todas as expetativas que eu tinha antes do arranque do campeonato. Se na altura alguém me dissesse que acreditava que o Sporting estaria em segundo lugar a apenas 2 pontos do líder ao fim da primeira volta, eu diria que não podia estar bom da cabeça.
Mas não só a luta pelo primeiro lugar é uma realidade, como na verdade o segundo lugar peca por escasso perante a qualidade de jogo demonstrada durante os primeiros quinze jogos do campeonato. Tirando o jogo com o Porto, o Sporting nunca foi inferior a nenhum adversário -- e mesmo nessa partida as diferenças não foram tão acentuadas quanto se quis vender. Uma única derrota, sofrida na casa do campeão, melhor ataque, melhor defesa. Os números não mentem.
A satisfação com que escrevo estas palavras aumenta ainda mais quando penso que se trata de um plantel jovem com uma base proveniente da magnífica formação que tanto nos orgulha.
Fica agora a minha opinião sobre o desempenho dos jogadores de quem já tenho uma ideia mais ou menos formada, e também de Leonardo Jardim.
Rui Patrício: tirando aquele momento infeliz na Taça (e o erro no jogo contra Israel pela seleção), tem sido uma época fantástica do melhor guarda-redes português da atualidade. Ao contrário do ano anterior, em que brilhava facilmente em função do muito trabalho que tinha mesmo contra o mais humilde dos adversários, nesta primeira metade de temporada são poucas as vezes em que é chamado a intervir, mas sempre que é necessário fá-lo com uma enorme segurança. Se dúvidas havia em relação à sua estabilidade psicológica, veja-se como respondeu ao tal lance do golo de Luisão: 7 jogos sem sofrer golos.
Marcelo Boeck: psicologicamente deve ter sido difícil gerir a permanência de Rui Patrício quando tudo indicava que seria o titular esta época. Como Patrício ficou, têm sido poucas as oportunidades para Marcelo jogar. No princípio da época teve um ou outro deslize que preocuparam os sportinguistas perante uma eventual saída de Patrício, mas nos jogos oficiais voltou a demonstrar a segurança a que nos habituou. Junte-se a isto um enorme profissionalismo e carisma, e continuamos com homem para ser o futuro nº 1 do Sporting.
Marcelo Boeck: psicologicamente deve ter sido difícil gerir a permanência de Rui Patrício quando tudo indicava que seria o titular esta época. Como Patrício ficou, têm sido poucas as oportunidades para Marcelo jogar. No princípio da época teve um ou outro deslize que preocuparam os sportinguistas perante uma eventual saída de Patrício, mas nos jogos oficiais voltou a demonstrar a segurança a que nos habituou. Junte-se a isto um enorme profissionalismo e carisma, e continuamos com homem para ser o futuro nº 1 do Sporting.
Cédric: para mim o jogador que mais evoluiu desde a época anterior. Que sabia atacar e cruzar já todos sabíamos, mas agora está um jogador muito mais completo. Bem mais concentrado a defender, para além de um desequilibrador lá à frente tem sido também um pronto-socorro em vários lances de contra-ataque dos adversários.
Maurício: ao ser contratado poucos lhe dariam mais do que a presença num punhado de jogos. No entanto, a garra que coloca em campo garantem que, no mínimo, os adversários que apanhar pela frente terão a vida bastante dificultada. E é um jogador sempre a ter em conta nas bolas paradas ofensivas.
Rojo: longe vão os tempos do jogador que andava perdido em campo com Sá Pinto e Vercauteren. Neste momento é um central bem mais sólido e que reduziu drasticamente os dois tipos de asneiras que exasperavam qualquer adepto sportinguista: as faltas desnecessárias e as subidas com bola que invariavelmente iam parar aos pés dos adversários (no último jogo com o Marítimo teve uma recaída mas os índices de concentração de toda a equipa eram nitidamente baixos).
Eric Dier: tem tido poucas oportunidades para jogar, e quando jogou nem sempre esteve bem. No entanto, os momentos menos bons podem justificar-se por falta de ritmo de jogo. Nas últimas vezes que jogou esteve melhor. Custa-me vê-lo de fora após as excelentes indicações que deixou na época passada, mas perante o desempenho dos centrais titulares não podemos criticar Leonardo Jardim por isso.
Jefferson: já se sabia que era um bom jogador, mas não tão bom. Valioso nas bolas parada, principalmente nos cantos, fortíssimo a atacar e a criar desequilíbrios pelo corredor esquerdo. O facto de subir tanto no terreno proporciona algumas oportunidades aos adversários em contra-ataque, mas quer Adrien quer Rojo estão normalmente atentos para qualquer compensação que seja necessária.
Piris: um jogador muito útil por fazer as duas laterais, e não tem comprometido sempre que utilizado. Não chegou ainda ao nível exibicional dos titulares mas não é justo pedir-lhe isso quando tem poucas oportunidades de jogar. Duvido que continue no clube, já que o valor da cláusula de compra é excessivo para um jogador que não seja titular indiscutível.
William Carvalho: tremendo jogador. Como é possível que ninguém do Sporting nos últimos dois anos lhe tenha dado uma oportunidade? Andavam todos distraídos? Acaba por ter sido uma coisa boa, porque provavelmente seria mais um jogador a ser queimado pelos treinadores que tivemos nos últimos anos. Uma presença física imponente, revelando sempre um enorme esclarecimento a decidir se é altura de segurar ou soltar a bola. Dizem que só sabe lateralizar. Eu vejo-o lateralizar para a esquerda e para a direita, mas também o vejo frequentemente a "lateralizar" para Adrien, Martins e Montero. William lateraliza e "lateraliza" como poucos. Infelizmente não o teremos connosco durante muito tempo.
Adrien: uma eterna promessa finalmente concretizada. É o jogador cujo rendimento mais afeta o desempenho da equipa. Felizmente têm sido muitos os jogos com Adrien ao melhor nível. E quando está ao melhor nível é um jogador incrível e o Sporting é uma equipa incrível. Apenas o aproveitamento do seu bom remate não tem sido o melhor. Nos penalties tem sido irrepreensível.
André Martins: precisa de ser um jogador mais perigoso pelo centro do terreno. Regra geral os seus melhores lances são combinações com Wilson e Cédric, mas a equipa precisa que seja também um finalizador. Pelo menos, que apareça de forma mais frequente perto de Montero, para que o colombiano possa estar mais em jogo e aproveitar de algum apoio mais direto.
Vítor: ainda não se conseguiu impor na equipa. O facto de ter chegado no final do mercado de transferências, já com a época oficial em andamento e as poucas oportunidades consecutivas de jogar certamente que o prejudicaram.
Vítor: ainda não se conseguiu impor na equipa. O facto de ter chegado no final do mercado de transferências, já com a época oficial em andamento e as poucas oportunidades consecutivas de jogar certamente que o prejudicaram.
Wilson Eduardo: é um jogador sempre útil, mas com pouca capacidade para desequilibrar quando há pouco espaço para jogar. Dificilmente será mais do que isto. Num mundo perfeito, seria um bom jogador para se ter no banco e lançar em determinadas circunstâncias, mas na presente situação em que o Sporting vive acaba por ter que assumir um papel mais preponderante. Tenho alguma curiosidade em vê-lo a jogar mais próximo de Montero e não tão colado à linha, mas no sistema atual do Sporting isso não será possível.
Capel: fundamental nas últimas duas épocas, tem sido menos preponderante este ano. Continua a ser o jogador raçudo que nos habituou mas a verdade é que poucas vezes tem conseguido criar desequilíbrios.
Carrillo: à semelhança de Capel, poucas vezes tem correspondido ao que se espera dele. É um caso quase clínico, pois não se percebe o motivo pelo qual anda tantas vezes alheado do jogo. O potencial é imenso mas o tempo vai passando e continua longe de ser um jogador minimamente consistente. Pode e deve arriscar, merece compreensão por parte dos adeptos por nem sempre conseguir ter um rendimento positivo, mas está na altura de começar a mostrar serviço com mais frequência. Nos últimos jogos deu alguns sinais de o querer fazer. O Sporting bem precisa do melhor Carrillo.
Carlos Mané: até ao jogo do Marítimo só por duas vezes jogou mais do que quinze minutos pela equipa principal. As indicações eram boas, mas o tempo de jogo era demasiado curto para se tirar alguma conclusão. No jogo com o Marítimo mostrou inequivocamente que pode vir a ser um jogador importante, mas não se podem cortar etapas no seu crescimento. Não podemos pôr-lhe nos ombros a responsabilidade de fazer aquilo que os outros extremos do plantel não têm conseguido. Não seria justo para o jogador.
Carlos Mané: até ao jogo do Marítimo só por duas vezes jogou mais do que quinze minutos pela equipa principal. As indicações eram boas, mas o tempo de jogo era demasiado curto para se tirar alguma conclusão. No jogo com o Marítimo mostrou inequivocamente que pode vir a ser um jogador importante, mas não se podem cortar etapas no seu crescimento. Não podemos pôr-lhe nos ombros a responsabilidade de fazer aquilo que os outros extremos do plantel não têm conseguido. Não seria justo para o jogador.
Montero: chegou, viu e venceu. Teve um início de temporada verdadeiramente assombroso, revelando uma eficácia fantástica no momento de finalizar. Mas Montero é mais do que isso. Sabe recuar, esperar por apoio, joga muito bem de costas para a baliza e revela muita inteligência em tudo o que faz. Os golos começaram depois a escassear, fruto de uma queda da eficácia da finalização, mas nos últimos jogos o problema principal tem sido a ausência de bolas em condições que lhe chegam aos pés. De qualquer forma, foi um achado.
Slimani: um jogador extremamente útil. Não é um prodígio a jogar com os pés, mas conhece as suas limitações e não inventa. Muito forte de cabeça, com grande presença e um espírito ambicioso com grande confiança nas suas capacidades. Já deu pontos ao Sporting, mesmo tendo sido utilizado por pouco tempo. Foi uma boa contratação.
Este balanço não ficaria completo sem mencionar Leonardo Jardim. Um treinador com um discurso inteligente, tranquilo e coerente, em linha com o trabalho sério e extremamente competente que moldou um conjunto de jogadores, por quem poucos dariam alguma coisa, numa equipa na verdadeira aceção da palavra. Foi a melhor contratação do ano.