domingo, 5 de janeiro de 2014

O Sporting e o mercado de inverno

Os excedentários

Labyad, Jeffren e Elias são casos que urge resolver, mas não a qualquer custo. Considero Elias um excedentário porque não acredito que a direção venha a permitir a sua integração no plantel principal após a quantidade de declarações inflamadas que o jogador e o seu pai fizeram ao longo dos últimos meses sobre o Sporting.

Esta direção tem tido uma postura muito firme perante atitudes incorretas dos vários agentes ao clube. Como tal, espero que aproveite estes três jogadores, que não contam para o plantel e são suficientemente conhecidos, para servirem de exemplo para a posteridade.

Custa-me que jogadores do Sporting fiquem privados de exercer a sua atividade, principalmente porque o seu "crime" é serem demasiado bem pagos para o seu rendimento. O Sporting assinou os contratos de livre vontade, e o facto de terem sido oferecidos aos jogadores salários milionários não é culpa deles. No entanto, os danos estão feitos e são irreversíveis, pelo que o melhor que há a fazer é aproveitar estes casos para marcar uma posição perante o universo de jogadores, clubes e empresários de que a bandalheira dos últimos anos acabou.


Os reforços

Prefiro que o Sporting não contrate ninguém, pelos seguintes motivos:
  • As probabilidades de contratar alguém que tenha um impacto imediato no rendimento da equipa são ínfimas -- o ano em que fomos buscar André Cruz, Mpenza e César Prates foi uma exceção à regra; mais recentemente apenas João Pereira foi um reforço efetivo de inverno
  • Iria desestabilizar o plantel, principalmente os jogadores mais jovens que têm sido titulares
  • A dimensão do plantel é suficiente para a carga de jogos que teremos até ao final da época

Pelo contrário, ao não contratar ninguém o clube está a passar um voto de confiança ao atual plantel que premeia o excelente espírito de grupo que existe, e pode contribuir de forma a aumentar ainda mais a motivação dos jogadores por terem uma estrutura que acredita e aposta neles sem reservas.

Ao contrário do que muitos comentadores dizem, não acredito que o Sporting esteja já a jogar no limite das suas possibilidades. Olho para os habituais titulares, e vejo vários jogadores em melhoria constante: Cédric, Maurício, Dier, Rojo, Jefferson, William, Adrien, Martins e Carrillo estão hoje bem melhor do que no início da temporada. Só Montero, que teve um arranque fenomenal é que parece estar uns furos abaixo do que já conseguiu este ano. E falando de um plantel tão jovem, como é possível que tanta gente diga que não vão evoluir mais, quando o topo da carreira de um jogador situa-se entre os 26 e os 32 anos, dependendo da sua posição? É evidente que não serão melhorias assinaláveis, mas há espaço para progredir ainda este ano.

O plantel atual só será curto se existirem lesões graves em alguns dos titulares. Como não é possível saber se existirão lesões e, em caso positivo, em que posições, não vale a pena estar a engordar o plantel em função de algo que não se pode prever.

Não contratando dá-se também mais um sinal de que não somos candidatos a nada, a não ser a vencer jogo a jogo. Um reforço considerável da equipa daria um sinal de outro nível de ambição que Benfica e Porto estão desejosos que seja assumido por uma equipa que os está a envergonhar ao conseguir o mesmo nível de desempenho com 1/4 ou 1/5 do orçamento.

Por isso, na minha opinião, o plantel atual dá garantias para continuar a praticar o excelente futebol que nos tem oferecido até agora. E havendo alguma lacuna pontual, podemos sempre recorrer à equipa B -- seria bom para o moral dos jovens verem que continuam a haver oportunidades de promoção ao plantel principal.


As saídas

Penso que o Sporting deve recusar qualquer proposta pelos titulares habituais. Num ano em que Patrício, Cédric, Rojo, William, Adrien, André Martins e Montero têm hipóteses de participarem no mundial, o potencial de valorização é algo que não pode ser ignorado no caso de surgirem propostas para a sua venda em Janeiro. E honestamente não estou a ver a direção vender qualquer jogador neste momento a não ser que ponham na mesa valores irrecusáveis, o que sinceramente me parece quase impossível.

Vendas ou cedências de jogadores pouco utilizados podem ser equacionadas. Magrão e Welder parecem ser contratações falhadas. A renovação por 5 anos de Salomão ainda não foi justificada. Cissé precisa de rodar na primeira divisão.

A confirmar-se a saída de Rinaudo, ficarei com pena por se tratar de um jogador raçudo que deixa tudo em campo e um fantástico recuperador de bolas. Fico bastante preocupado com a falta de alternativas naquela posição -- não havendo Rinaudo, teremos que rezar a todos os santinhos que nenhuma lesão aconteça a William Carvalho. Mas sendo ano de mundial, e considerando a postura exemplar que Rinaudo tem tido nestes dois anos e meio, espero que o Sporting não lhe corte as pernas se a saída for o seu desejo.

Bom, bom, era conseguir vender os excedentários sem perder a face. Mas parece-me mais prudente não estarmos a contar com uma coisa dessas.