terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Caca de pombo

Logo após o final do Gil Vicente - Benfica, em que a equipa de Jorge Jesus não conseguiu aproveitar completamente o deslize do Porto, Luís Filipe Vieira desceu ao balneário.

O Record, que destacou vários jornalistas para relatarem todas as incidências antes, durante e após o jogo, não poderia deixar de noticiar a ida do presidente do Benfica ao balneário onde estava a equipa.

Mas em vez de relatar os factos, o escriba do Record sentiu-se à vontade para adivinhar as intenções do presidente do Benfica:


Parece-me abusivo da parte de um jornalista escrever que o presidente foi ao balneário "certamente para animar o plantel", quando não há nenhum facto que lhe permita tirar essa conclusão. É verdade que essa versão até pode ser verdadeira, mas também há a possibilidade de o presidente ir pedir explicações ao treinador por ter deixado Cardozo bater o penalty, ou a Siqueira pela expulsão perfeitamente evitável.

Mas confesso que o que me irritou nestas palavrinhas nem foi o seu valor facial. Muitas vezes os jornalistas têm que encher espaços sem terem nada de relevante para escrever. O meu problema está no facto de a página onde esta notícia aparece ser assinada pelos jornalistas Nuno Pombo e Pedro Malacó.

Nuno Pombo é um dos jornalistas que fez esta entrevista exclusiva a Jorge Jesus, em que o treinador do Benfica tentou apaziguar os ânimos após as suas infelizes declarações sobre os jovens da formação terem que nascer dez vezes para chegarem ao nível de Matic. Uma entrevista que pareceu mais um comunicado sem direito a contraditório, no fundo uma peça de propaganda encomendada pelo Benfica aos seus parceiros do Record.

Quando li "certamente para animar o plantel", a minha primeira reação foi "Certamente? Ou sabem, ou não sabem.", mas segui em frente. Depois, ao ver o nome de Nuno Pombo no topo da página, deixou de me parecer uma expressão totalmente inocente. Posso estar a ser injusto, mas infelizmente o caminho que a Cofina e o Record escolheram tornam legítimas estas desconfianças.