Amanhã saberemos a decisão do Conselho de Disciplina sobre o caso do atraso do Porto.
Segundo a RTP, o CD já tomou a decisão, que será favorável ao Porto. A confirmar-se, este desfecho não surpreenderá ninguém. E mesmo que o CD decidisse contra o Porto, o Conselho de Justiça, verdadeira coutada daquele clube, nunca permitiria que a afronta sportinguista pudesse surtir quaisquer efeitos práticos.
Este desfecho é natural, pois não só vivemos num país em que provar a culpa de alguém é tarefa quase impossível, como toda a gente sabe que, no futebol português, quem ocupa os cargos de decisão está lá para zelar pelos interesses daqueles que patrocinaram a sua eleição.
Mesmo assim, o Sporting fez bem em ir à luta. Mesmo sabendo que os canais da justiça federativa estão inquinados, o Sporting deverá sempre lutar pelo que é justo, quanto mais não seja porque obriga as ratazanas e os Herculanos Limas a saírem momentaneamente dos túneis de esgoto e a revelarem-se. Porque, mesmo que a Taça da Liga pouco valha enquanto competição, dá o sinal de que existe quem não esteja disposto a pactuar com o regime de impunidade que existe para determinados privilegiados no futebol português.
No fundo, o futebol português é uma coisa parecida com o jogo conhecido por "futebol", mas com um emaranhado de regulamentos cujo significado se pode vergar em função daquilo que der mais jeito num determinado momento. Uma espécie de Calvinball, mas em que só um dos jogadores tem o poder de decidir quando e quais as regras que mudam.
E, para quem não conhece o conceito Calvinball, há sempre a possibilidade de explicar o futebol português de uma forma ainda mais simples. Tão simples, que até uma criança de cinco anos consegue compreender: é um jogo em que os batoteiros quase sempre ganham. E o Porto é o clube mais batoteiro de todos.