Jorge Gabriel tem direito à sua opinião e a expressá-la livremente. Mas está no Trio d' Ataque a representar os adeptos do Sporting e, no mínimo, seria bom que procurasse compreender o ponto de vista da esmagadora maioria dos sportinguistas. Definitivamente, eu não me revejo nas declarações que podem ver nos dois vídeos que se seguem, retirados do programa de ontem da RTP Informação.
Sobre as palavras de Jorge Gabriel, gostaria de deixar duas notas.
O Sporting não tem sido nestes últimos anos tão acarinhado pelas arbitragens quanto os outros dois grandes? Como diriam os americanos, now that's an understatement. Usar a expressão "carinho" numa situação dessas é tão apropriado quanto fazê-lo sobre as boas-vindas que recebem novos reclusos de aspeto limpinho nos chuveiros de uma prisão de alta segurança.
A segunda nota é para registar que Jorge Gabriel parece não ter percebido que o protesto no início do jogo de ontem não foi contra as arbitragens. Foi contra a corrupção. São coisas diferentes, apesar de infelizmente estarem interligadas pelos motivos que sabemos. De qualquer forma, fica-lhe muito mal resumir o protesto de dezenas de milhares de sportinguistas a um encolher de ombros, acompanhado da lacónica frase "pouco ou nada vão modificar o status quo do futebol português".
É verdade que qualquer manifestação deste tipo dificilmente terá algum efeito prático. Mas na realidade, poucas manifestações têm. A maior parte delas tem o objetivo de procurar despertar consciências, de fazer ver a outros que há pessoas que estão descontentes com o estado das coisas.
Mas suspeito que Jorge Gabriel saiba disso, porque há pouco mais de um ano não teve problemas em participar ativamente nisto:
in jn.pt |
Revolta, indignação, tristeza. Afinal Jorge Gabriel também é capaz de sentir esse tipo de emoções. Mas é pena que tenha dificuldade em sentir a revolta, indignação e tristeza dos sportinguistas que representa (pelo menos em teoria) no Trio d' Ataque.
Este senhor definitivamente não me representa.