Depois de uma pré-época preenchida com uma série de jogos que serve para passar o tempo mas não sacia a fome de bola, chegou finalmente o dia que marca o início da época oficial do Sporting.
Apesar de os acontecimentos da última semana (casos Rojo e Slimani e a pálida exibição com o Gijon) terem abalado um pouco a minha confiança em relação ao que poderemos fazer nas competições em que vamos participar, talvez faça sentido realizar um pequeno exercício de memória: comparemos o sentimento que temos ao olhar para os rapazes com que vamos para a guerra este ano, com o mar de incertezas que vivíamos nas horas que antecederam a estreia na época 2013/14 contra o Arouca em Alvalade. Não tem absolutamente nada a ver, o que é um indicador claro de tudo aquilo que progredimos nos últimos tempos.
É certo que ainda não sabemos o que vale este plantel, mas há motivos para estarmos confiantes. Foi evidente uma preocupação em arranjar alternativas credíveis para todas as posições, e à primeira vista o objetivo foi conseguido. Evidente também foi o facto de não ter sido contratado nenhum jogador que entrasse de caras no onze - tarefa difícil perante as restrições financeiras que temos, nomeadamente o teto salarial estipulado para quem chega ao clube. De qualquer forma, a política seguida pela estrutura de futebol tornou a equipa mais forte - não só porque os jogadores que mantivemos são na generalidade jovens que continuam num processo de evolução natural, como também porque o aumento da concorrência é um ótimo escudo contra flutuações de forma dos habituais titulares.
Como é óbvio, aquilo que parecia ser um trabalho sólido e tranquilo sofreu um golpe repentino com o afastamento de Rojo (que tornou a saída de Dier mais relevante) e Slimani. No caso do argentino, apesar de ser o nosso melhor central, acredito que a sua ausência seja mais fácil de resolver - creio até que a direção já esperava a sua saída, em função da quantidade de centrais que contratou. No caso do argelino, não temos ninguém no plantel com as suas características, o que será um problema em jogos mais fechados. Slimani vale pontos e espero que haja sabedoria das duas partes para que se chegue a um acordo que permita ao avançado reintegrar o plantel principal o mais rapidamente possível.
Tudo somado, não podemos de maneira alguma considerar que partimos na pole position para o quer que seja, e se queremos ser considerados como candidatos ao título teremos que fazer um jogo intenso e objetivo contra a Académica que apague a má imagem que deixámos no Torneio Teresa Herrera.
Para logo, a única dúvida que existe é quem irá ocupar o lugar de Rojo. Paulo Oliveira parece ser a opção que faz mais sentido. Apesar de o ex-vimaranense não ter convencido na pré-época, quer Sarr quer Rabia integraram o plantel bastante mais tarde, e para além disso Oliveira tem uma experiência de I Liga que pode ser importante - Sarr deu alguns sinais de que tem coisas básicas para aprender antes de ser lançado às feras e Rabia chegou há poucos dias e é uma incógnita, sendo que nenhum deles tem noção do tipo de futebol que por cá se pratica.
Jogando praticamente em casa (a onda verde promete invadir Coimbra em força, ao que se diz a bancada reservada para os sportinguistas está esgotada desde ontem), todos esperamos que os jogadores entrem em campo com vontade de mandar na partida e no adversário, conquistando aquilo que é essencial: a vitória. Se for com uma exibição dominadora, tanto melhor, desde que tragam os três pontos para Lisboa.
Já agora, porque sonhar não custa, que Montero volte aos golos. Como seria importante termos o nosso goleador de volta logo no primeiro jogo oficial.