segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

José Eduardo, mediador de conflitos

Foi com muito interesse que li os acontecimentos relatados por José Eduardo na sua página de sábado no jornal A Bola, onde explicou a sua ação decisiva no entendimento entre Bruno de Carvalho e os primos José Maria Ricciardi e Ricardo Espírito Santo naquele março quente de 2013. Entre afagos de afeto e encorajamento ao jovem presidente e palavras ríspidas que amoleceram os espíritos dos tubarões da banca, José Eduardo conseguiu uma convergência de posições entre o clube e a banca, salvando o clube de novas eleições e do mais-que-iminente desastre.

Fiquei por isso desiludido por saber que a série dedicada por José Eduardo à história recente do Sporting terminou. Sei também que o universo sportinguista suspira de desilusão, mas sei de fonte segura que José Eduardo já tem preparada uma nova série de artigos ainda mais incrível - desta vez não se limitando apenas à história recente do Sporting.

Aqui fica em exclusivo parte de um dos textos de José Eduardo que A Bola publicará em breve.



Depois de vários anos de um conflito feroz e que tinha ultrapassado todos os limites da razoabilidade, já se começava finalmente a ver a luz ao fundo do túnel. No entanto, não conseguia estar tranquilo com o rumo dos acontecimentos, pois antecipava que a improvável aliança que se tinha formado em função dos interesses comuns que os ligavam poderia ruir a qualquer momento assim que outras questões se levantassem. E se isso acontecesse, nem Deus nos poderia valer.

Tomei por isso a iniciativa de contactar os três líderes para ver se os conseguia juntar. Era fundamental que conversassem presencialmente para poderem chegar a acordo em alguns assuntos críticos que os separavam. Falei primeiro com o velhote careca, homem conhecido pela sua inteligência e carisma e discursos inspiradores, que me disse que aceitava uma reunião desde que fosse num sítio mais quente - a saúde não estava famosa e precisava de passar uns dias num local retemperador. Falei depois com o tipo do bigode farfalhudo. Não foi fácil dialogar com ele - atrás daquela fachada serena está um homem que tem um feitio tramado quando se chateia. Propus-lhe a reunião numa cidade junto ao Mediterrâneo mas rejeitou de imediato o local que lhe propus. Queria reunir-se mais perto de casa.

Seguiu-se então uma sequência de telefonemas em que a tensão era quase insustentável. Em várias ocasiões senti o chão a desfazer-se debaixo dos meus pés e parecia-me que estava perante uma causa perdida. Mas não desisti, e os meus conhecimentos geográficos e da hotelaria internacional foram fundamentais para encontrar um local que fosse do agrado de todos: Yalta, uma cidade balnear na Crimeia, junto ao Mar Negro, agradou ao Zé Estaline e ia ao encontro das necessidades do Winston. Em relação ao Xico Roosevelt qualquer sítio lhe servia, não era esquisito. O problema é que chegou atrasado (vinha de mais longe), o Zé já estava todo melindrado e ameaçava abandonar a conferência e acabei por salvar a situação ao me oferecer para servir de representante dos americanos. Ainda posei para umas fotos mas felizmente o Xico acabou por aparecer ainda a tempo.


A reunião acabaria por ser um sucesso. Concordámos por dividir Berlim em quatro zonas, definimos que a Polónia ficaria na esfera política soviética a troco da declaração de guerra da URSS aos japoneses e participação na guerra do Pacífico poucos meses depois de a frente ocidental ficar resolvida. O resto pertence à história.