quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O afastamento de Jefferson da equipa

Tanto quanto tive oportunidade de ler, existem três versões contraditórias a circular: uma de fonte presumivelmente ligada ao jogador, que diz que Jefferson se dirigiu ao presidente de forma correta e que foi recebido com agressividade; outra presumivelmente ligada ao presidente, que refere que o jogador entrou intempestivamente na sala onde estava Bruno de Carvalho e acusando-o de ser mentiroso; e ainda uma terceira, que indica que a conversa começou de forma calma e foi subindo de tom gradualmente.

Não sabendo qual das versões é a verdadeira, a única conclusão que posso tirar disto tudo com toda a certeza é que o principal prejudicado é o clube - ainda mais porque este episódio acontece numa semana em que teremos três jogos fundamentais para o nosso futuro nas competições em que estamos presentes.

Desejo por isso que o caso que se resolva rapidamente. Compreendo a questão do respeito que é devido ao presidente pelos funcionários do clube, percebo a importância de manter uma linha de autoridade, mas lamento que mais uma vez não se tenha encontrado uma punição que não envolva automaticamente o afastamento do jogador do grupo de trabalho. 

Noutros clubes uma questão destas com um jogador importante do plantel seria resolvida rapidamente numa de duas formas: insinuação de que poderia acontecer um acidente na rua envolvendo um esmagamento de rótula, ou oferecer uma melhoria contratual significativa imediatamente ou no final da época. Não tendo nós jagunços para fazerem serviços desse tipo (e ainda bem) ou folga orçamental para aumentar os salários de todos os jogadores que reclamem (o que seria pelas razões erradas), teremos que apostar no bom senso como arma principal de resolução deste tipo de casos.
 
Com certeza que se impunha um processo disciplinar, dando a oportunidade de a frio falar com o empresário, dando espaço para o jogador se retratar da sua atitude, podendo depois resolver-se o caso com uma multa ou com um afastamento posterior numa fase menos fulcral da temporada. Enquanto todo esse processo decorria, o jogador jogava. 

O Sporting é um clube que, pela política desportiva que segue e pelas restrições orçamentais que tem, está muito exposto a situações deste tipo. Não é uma questão dos jogadores do Sporting serem piores profissionais do que os outros - certamente que casos destes acontecem em todos os outros clubes -, mas simplesmente porque temos muitos jogadores que facilmente receberão propostas salariais muito superiores às atuais, e porque temos poucos meios financeiros para, no imediato ou num futuro próximo, irmos ao encontro das aspirações dos jogadores. 

É preciso no entanto referir que acredito que seja terrivelmente complicado encontrar o equilíbrio entre uma abordagem autoritária que desencoraje episódios futuros e uma linha de permissividade que acabe por colocar o poder nas mãos dos jogadores. E não sabendo o que se passou não posso estar a elogiar ou condenar sumariamente Bruno de Carvalho pela decisão que tomou.

Uma última palavra para Jefferson: por que raio é que achou que este seria um bom momento para falar de uma possível transferência para Kiev - que contratou Antunes há quase um mês? Alguém o avisou que se trata de um clube de um país em guerra e cuja moeda desvalorizou 300% ao longo do último ano? Devia era estar totalmente concentrado nos jogos que aí vêm.