Aproxima-se mais um jogo europeu, e lá voltou o desperdício de pontos contra adversários acessíveis. Diga-se no entanto que desta vez não me pareceu que tenha havido falta de vontade dos jogadores: entrámos bem no jogo e apesar de não termos tido muitas oportunidades, podíamos ter ido para o intervalo em vantagem. Pelo segundo jogo consecutivo sentiu-se a ausência de Slimani.
Na segunda parte Marco Silva arriscou mas a aposta correu mal, mas foram dois fatores que o treinador nunca poderia controlar que nos deixaram à beira da derrota: uma falha de Rui Patrício, que ofereceu o golo a Rui Fonte, e uma expulsão incorreta de Cédric. Salvou-se o empate com um golo de Mané aos 94'. Nos descontos se ganha, nos descontos se deixa fugir uma vitória, nos descontos se empata, nos descontos se perde. Já nos aconteceu de tudo esta época.
Positivo
Um ponto que se julgava perdido é sempre bem-vindo - não torna o resultado mais suportável, mas para todos o efeitos 1 ponto é melhor que 0. Mérito aos jogadores que nunca desistiram, mesmo com menos um em campo.
A dupla de centrais - Paulo Oliveira e Tobias Figueiredo fizeram mais uma excelente partida. Tobias mais uma vez a impressionar pela concentração, qualidade de posicionamento e pela forma como se impõe fisicamente aos adversários. No único lance em que se deixou ultrapassar lá apareceu Paulo Oliveira com um grande timing de corte. Quanto ao ex-vimaranense, mais um jogo categórico e sem falhas. Em conjunto estiveram irrepreensíveis.
Bravos na bancada - apesar do frio, do vento e da chuva, não foi por falta de apoio vindo da bancada que perdemos mais dois pontos. #EuVouLáEstar
Negativo
Os santos também são humanos - é impossível não associar Rui Patrício à perda de pontos. Há noites assim: já tinha ameaçado no princípio da segunda parte com uma intervenção desastrada que correria mundo caso entrasse na baliza, e foi infeliz na forma como pontapeou a bola contra Paulo Oliveira. Lado positivo: já demonstrou no passado uma força mental que me dá toda a confiança de que vai superar este erro rapidamente.
As opções de Marco Silva - Montero e João Mário não fizeram uma boa primeira parte, mas não compreendi a ideia de fazer entrar em simultâneo Tanaka e Mané. Fazia mais sentido experimentar primeiro Tanaka ou Mané no apoio a Montero. Mas o que é facto é que não funcionou: não só não melhorou a nossa presença de área como perdemos o controlo do meio-campo. No final devia ter mandado Tobias para o meio da área - numa altura em que já se começavam a despejar bolas para a área precisávamos de alguém que lutasse por elas no ar.
Falta de objetividade - foram várias as ocasiões em que havia condições para rematar à baliza com boas probabilidades de sucesso, mas ganhou quase sempre a enervante tentação de procurar ainda mais um passe. À conta disso perdemos algumas oportunidades para marcar, e Tanaka foi o campeão nesse departamento.
Começamos um ciclo infernal de jogos de 3 em 3 dias da pior forma. O desafio que treinador e jogadores terão será tremendo, mas Marco Silva deveria abrir mais o plantel pensando um pouco na próxima época. O campeonato está perdido, o 2º lugar fica mais difícil, vamos ter um jogo teoricamente acessível com o Gil Vicente no meio da eliminatória com os alemães, pelo que está na altura de começar a preparar o futuro sem correr grandes riscos. Gauld e Wallyson têm que começar a ter minutos. Se Rubio continuar a marcar, pode ser também uma opção viável - pelo menos é um jogador que não foge do remate e que procura mais a baliza do que Montero e Tanaka. Grande prioridade: Taça de Portugal - e Liga Europa, se ultrapassarmos o Wolfsburgo. Campeonato: pensar jogo a jogo, aproveitando a folga que existe para se realizar uma gestão cuidada de plantel já com olhos no futuro.