quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Telmo Correia, deputado da nação

No Grandes Adeptos da semana passada discutiu-se o problema dos desacatos ocorridos no final do Sporting - Benfica. Eis o que Telmo Correia, o representante benfiquista no programa, teve a dizer sobre o assunto:


Telmo Correia ainda acrescentaria que se estava a referir ao problema de insegurança nos estádios.

O problema é que aqui o ponto não é a questão da insegurança estrutural do recinto (que até tem a classificação máxima da UEFA), mas sim atos criminosos de pessoas que procuraram ferir propositadamente outros adeptos.

É certo que Telmo Correia está a vestir as cores do seu clube no programa e, como tal, é natural que o tente defender, mas fazê-lo desta forma vai muito para além daquilo que é razoável - e ainda é mais grave pelo facto de estarmos a falar de alguém que é deputado da Assembleia da República.

Estendendo o raciocínio para outros campos que não o futebol, para Telmo Correia deve ser tão grave um acidente numa auto-estrada provocado por um furo num pneu, como um acidente numa auto-estrada provocado por carros a picarem-se numa corrida em contramão; deve ser tão grave a queda de um avião comercial devido a uma avaria, como a queda de um avião comercial provocado por um míssil terra-ar; deve ser tão grave morrerem milhares de pessoas como consequência de um desastre natural, como morrerem milhares de pessoas num atentado terrorista.

Os acontecimentos em si até podem ser idêntico do ponto de vista das vítimas (os feridos têm que ser tratados e os mortos chorados), mas as semelhanças acabam aí: para uma sociedade civilizada tratam-se de situações completamente distintas, algo que é facilmente demonstrável pelas reações que inevitavelmente se seguem a situações de um tipo e doutro. Há uma diferença óbvia entre acidentes e atos deliberados que têm uma grande probabilidade de magoar outras pessoas - e que alguém cuja função é legislar deveria conseguir identificar e admitir em qualquer circunstância.