sábado, 30 de maio de 2015

Chegaram os Fundos 2.0

Há uns anos, o Porto contratou Walter recorrendo a fundos de investimento. Os fundos que apoiaram o Porto nessa transação foram duas empresas chamadas Pearl Design Holding Ltd. e For Gool Co., conforme pode ser lido na notícia abaixo, publicada há 3 anos:

in bloomberg.com

Mais recentemente, em 2014, o Porto vendeu 25% do passe de Walter ao Fluminense, mais uma vez envolvendo a For Gool Co. no processo, conforme aparece na página 26 do R&C da FC Porto, SAD referente ao 3º trimestre de 2014/15, publicado ontem:


Ou seja, o relacionamento da For Gool Co. e Porto era a ligação tradicional entre um fundo e um clube de futebol que investem conjuntamente num determinado jogador.

Como se sabe, a FIFA proibiu os fundos de deterem percentagens de passe de jogadores. Já escrevi no passado que seria natural que os fundos passassem a agir como financiadores. Na impossibilidade de deterem passes de jogadores, certamente que passariam a incluir outro tipo de cláusulas que lhes manterão os níveis de recompensa a que se habituaram.

E não perderam tempo. Ontem, o R&C apresentado pelo Porto referente ao 3º trimestre de 2014/15 revelou o seguinte: 




Ou seja, o Porto financiou-se junto de um fundo comprometendo-se com uma taxa de juro que variará em função do preço e condições da venda de Herrera. Na teoria, o Porto continua a deter os mesmos 80% do passe de Herrera, mas na prática parece que estamos perante um estratagema muito semelhante aos que existiam antes da proibição da partilha de passes. Só que em vez de os fundos serem recompensados com uma percentagem fixa da venda, passamos a falar em taxas de juro variáveis indexadas ao preço de venda do jogador.

Ou seja, o Porto acabou de vender uma percentagem significativa de Herrera a um fundo por 5 milhões de Euros. E nada foi comunicado à CMVM. 

Vamos ver se e como a UEFA irá reagir a isto. Entretanto o Porto continuará a caminhar de forma imparável na direção do abismo.