quarta-feira, 6 de maio de 2015

O futuro dos treinadores dos grandes

Desde que em dezembro estalou a polémica entre Bruno de Carvalho e Marco Silva, não tem havido semana em que os sportinguistas não tenham sido fustigados por declarações, opiniões e sentenças sobre o futuro do treinador no clube. Não houve programa que não abordasse o tema - fazendo disso um tema quase semanal - e nem os sinais públicos de pacificação entre os dois foram suficientes para adiar a discussão da polémica até ao final da época, altura em que se poderá fazer de forma completa o balanço do seu trabalho.

Entretanto, as questões relacionadas com o futuro dos treinadores de Porto e Benfica - este último com o contrato prestes a terminar - foram sendo estrategicamente ignoradas no bate-boca paineleiristico, nos espaços de opinião dos pundits nacionais e nas capas dos jornais. As (poucas) notícias que foram saindo sobre o futuro de ambos ou referiam-se ao interesse de equipas do calibre do Real Madrid e Barcelona - que não desestabilizam ninguém de tão óbvio que é o nível de fantasia de tais suposições - ou abordavam a harmonia total entre treinadores e respetivos presidentes, de tal forma coordenados que metem inveja às melhores equipas da história da natação sincronizada.

Apesar de ter há bastante tempo a consciência de que existe um decoro generalizado na abordagem ao futuro de Jesus e Lopetegui - que contrasta com a evidente sede de debate sobre o destino de Marco Silva -, juro que nunca imaginei que alguma vez iria ouvir aquilo que o moderador Tiago Alves disse a certa altura no Grandes Adeptos da semana passada:


Esperar por um momento mais oportuno e mais ajustado para os adeptos do Porto? Ora aí está uma delicadeza que nunca vi em nenhum programa deste género para com os sportinguistas. Mas adiante. O que é facto é que agora que o título está entregue ao Benfica, TODOS os programas da especialidade (incluindo o Grandes Adeptos, curiosamente) reservaram finalmente um espaço considerável para debater o futuro dos treinadores dos três grandes.

Como aparentemente o tema deixou de ser inoportuno e desajustado para os adeptos dos nossos rivais - que, como todos sabem, é algo que está permanentemente no topo das minhas preocupações - aqui ficam os meus desejos e previsões sobre a permanência ou saída não só de Marco Silva, mas também de Jesus e Lopetegui:

Desejos pessoais

Marco Silva: que fique no Sporting.

Jorge Jesus: definitivamente, que saia do Benfica.

Lopetegui: é-me indiferente que fique ou que saia. Por um lado já está melhor adaptado ao futebol português - infelizmente os tempos da rotatividade já não deverão regressar -, mas por outro entrará desgastado na próxima época e será difícil ter um plantel com a mesma qualidade, pelo que uma entrada em falso poderá pôr o clube em polvorosa.


Previsões

Marco Silva: fica no Sporting, independentemente do desfecho do final da Taça. Num momento mais oportuno e mais ajustado para os sportinguistas hei-de explicar os motivos que me levam a acreditar nisso - se o Tiago Alves pode evitar os temas sensíveis então eu também reivindico o mesmo direito.

Lopetegui: fica no Porto. Depois do que Pinto da Costa disse sobre o treinador, não o vai deixar cair assim tão facilmente, até porque a engorda do plantel do Porto teve a colaboração de demasiadas entidades que poderiam não achar graça à instabilidade que uma nova mudança da equipa técnica revelaria (a acontecer será a quarta em três épocas). Estou convencido que Pinto da Costa apenas consideraria despachar Lopetegui se apanhasse Jesus sem clube.

Jorge Jesus: ao contrário do que A Bola quer fazer crer, a permanência de Jesus no Benfica dependerá sobretudo da vontade do treinador, que é quem tem a faca e o queijo na mão. Se Vieira insistir em baixar o salário de Jesus, é bem possível que o treinador decida ir à sua vida para um Milan ou outro clube de 2ª linha (em termos de poderio desportivo atual) de uma das principais ligas europeias. Mantendo o salário, Jesus fica se não aparecer nenhuma oportunidade num tubarão - coisa que dificilmente acontecerá. A meu ver, Vieira fará tudo para manter Jesus, pelo que acabará por abrir os cordões à bolsa e assinará um contrato de mais quatro temporadas. Porquê tanto tempo, perguntam vocês? Porque se Jesus não sair este ano para o estrangeiro será sinal que desistiu de perseguir o sonho da consagração internacional, e há-de tentar assegurar o contrato mais prolongado e lucrativo possível com o Benfica.