terça-feira, 19 de maio de 2015

Três graus de indignação

Ver aquele adepto benfiquista ser agredido revoltou-me profundamente. Nem consigo imaginar o que sentiria se estivesse no lugar dele - com outra camisola, evidentemente -, a partilhar um dia de festa com os meus filhos e, sem aviso prévio, numa questão de segundos, ver-me a perder por completo o controlo da minha vida e do bem-estar dos meus filhos. Poucas coisas devem ser mais aflitivas.

Muito mal a PSP a tentar branquear o que se passou, muito bem o Benfica ao proporcionar uma experiência aos miúdos que, de tão inesquecível que será, talvez possa minimizar de alguma forma o horrível episódio a que foram sujeitos.

Noutro nível de indignação relativamente à atuação da polícia, bem menor, estão os acontecimentos do Marquês. A polícia foi obrigada a intervir. A culpa, em primeira e última análise, é dos energúmenos que colocaram em risco a segurança de todos ao arremessar todo o tipo de objetos perigosos que tinham à mão. Sim, houve excessos por parte da polícia - que, por muito treino que tenham, não deixam de ser humanos -, é lamentável que não consigam distinguir os arruaceiros de outras pessoas a quem faltou o bom julgamento de se afastarem do centro dos problemas, mas não nos podemos esquecer que não foi a polícia que esteve na origem do que se passou.

Mas ontem à noite vi um vídeo que, não envolvendo qualquer tipo de violência física, também me chocou. Não tanto quanto as imagens do menino em pânico ao ver o pai a ser agredido, mas bem mais que a carga policial realizada no Marquês. Falo de imagens mostradas pelo JN em que mostra uma série de pessoas a pilharemo armazém da loja do Estádio D. Afonso Henriques:


Ver tantas pessoas, com um ar totalmente natural, a saírem da loja com chuteiras, bolas, camisolas do Guimarães (!), malas de viagem e sabe-se lá o que mais, exibindo um sorriso na cara como se estivessem a desfrutar de uma qualquer atividade de lazer, também me tirou do sério. Até consigo reservar uma ponta de compreensão para quem rouba por necessidade. Agora, estes criminosos não merecem o mínimo de respeito. Não chega o Benfica dizer que vai pagar. Em relação a estes e outros que estejam identificados em vídeo, é favor a polícia ir bater-lhes à porta e proporcionar-lhes uma visita guiada à esquadra da sua zona de residência e ao tribunal competente mais próximo.

P.S.: este post foi escrito ontem à noite, mas perante a capa do jornal A Bola de hoje tenho que fazer os seguintes comentários:



  • É triste que o jornal A Bola não faça quaisquer considerações na capa à violência no Marquês ou às pilhagens de Guimarães, e que pareçam querer reduzir o que se passou ao episódio da agressão ao pai dos miúdos.
  • Vieira diz que quer encontrar culpados, sejam eles quem forem. Já sabemos que isso vale de muito:

  • Soube também ontem que os ecrãs gigantes do Marquês - que passavam as imagens da Benfica TV - mostraram em plena festa as imagens da agressão policial de Guimarães. Parece-me no mínimo irresponsável, atendendo ao facto de serem imagens capazes com potencial para inflamar os ânimos contra os elementos da polícia presentes no local.
  • Há poucos meses atrás, adeptos de um determinado clube lançaram petardos sobre um aglomerado de adeptos de um outro clube. Desse incidente resultaram 6 feridos. Para quem não se lembra, aqui estão as imagens:

Como é que os responsáveis do Benfica na altura classificaram estes incidentes? Ah, pois, "folclore".