- A forma como a partida decorreu demonstra, para quem ainda tinha dúvidas, que há um alinhamento por baixo em relação ao que eram as capacidades de Porto e Benfica da época passada. Como é evidente existe margem para progressão em ambas as equipas, mas é inegável que o nível de talento que esteve ontem em campo é inferior ao que existia há um ano - principalmente no Porto, já que o Benfica está sobretudo pior do ponto de vista individual por causa da lesão de Salvio.
- Do lado do Porto, sente-se uma dependência enorme na inspiração de Brahimi para a criação de desequilíbrios. André André, Imbula, Danilo e Rúben Neves não são jogadores que por si só ajudem a abrir uma defesa fechada. E o problema do Porto parece ser precisamente esse: quando chegam ao último terço do terreno, não parece haver ali trabalho que leve os seus jogadores a procurarem soluções coletivas para perfurarem as linhas adversárias. Os jogadores com a bola ficavam entregues a si próprios, acabando por ser presa fácil para um Benfica que soube quase sempre fechar bem os caminhos para a sua baliza. Nelson Semedo fez um belo trabalho a anular o argelino, pelo que o Porto acabou por ter que recorrer frequentemente a cruzamentos (onde a defesa do Benfica estava como peixe na água) ou remates de meia distância inóquos após muita circulação de bola de lado para lado.
- A iniciativa do jogo esteve quase sempre entregue ao Porto, mas o Benfica acabou por ser a equipa mais perigosa na primeira parte. Mas sempre, sempre à custa de situações de bola parada. Em situações de bola corrida o Benfica foi pouco mais que inofensivo. E na segunda parte as dificuldades em chegar à área do Porto foram ainda mais evidentes.
- Atendendo que o Benfica teve mais 24 horas de descanso e que o Porto teve um jogo europeu bem mais intenso a que se somou uma viagem longa de regresso, seria de esperar que o Benfica procurasse tirar partido de algum ascendente físico no final da partida. No entanto, acabou por ser o Benfica a ir desaparecendo à medida que os minutos iam avançando.
- Casillas é um guarda-redes fantástico entre os postes mas percebe-se a intranquilidade que existe naquela cabeça quando a bola é bombeada para a pequena área. Não há jogo em que não deixe escapar entre as mãos uma bola fácil que venha em trajetoria descendente. E quando tem que jogar com os pés consegue ser ainda mais perigoso para a própria equipa do que Rui Patrício.
- Lopetegui não se pode queixar da sorte. Ficou muito perto de empatar o jogo, e se isso acontecesse iria passar um período muito complicado no relacionamento com os adeptos do seu clube. Pareceu revelar sempre mais medo em perder do que ambição em ganhar, como as substituições acabaram por demonstrar.
- Os portistas não se podem queixar sobre o cartão mostrado a Maxi, pelo contrário. O uruguaio teve muita sorte em não ter sido expulso - o que acaba por ser uma espécie de ironia do destino, considerando que o adversário prejudicado era o Benfica.
- Maicon pelos vistos quer ser o novo Bruno Alves:
- Mete dó olhar para o desgosto estampado na cara de Vieira poucos segundos depois do final da partida.
- Depois de semanas a assistir na comunicação social ao dissecar da eliminação do Sporting da champions, da vitória tremida em Vila do Conde e da pesada derrota frente ao Lokomotiv, o jogo de ontem demonstrou que nem Porto nem Benfica estão com uma máquina suficientemente afinada para poderem ser considerados mais candidatos que nós. O Sporting tem problemas, é evidente, mas os seus rivais também os têm.
- Isto pressupõe, claro, que o Sporting será capaz de ultrapassar as exibições apáticas dos últimos dois jogos. Quanto à partida de logo com o Nacional, só é aceitável uma presença em massa dos sportinguistas no estádio e uma exibição personalizada da equipa ao nível das primeiras da época.
(obrigado pelo título, Tetchetyud!)