Primeiro recuemos ao mês de agosto. O Sporting tinha acabado de renovar contrato com João Mário, estabelecendo uma cláusula de rescisão de 60 milhões de euros. Rui Pedro Braz fez na altura os seguintes comentários:
Resumindo as ideias chave do discurso de Braz:
- A cláusula não espelha a dimensão salarial de João Mário.
- O clube garante que o jogador fica blindado, o jogador só sai se o clube o entender, o clube fica com um poder muito grande sobre a transferência do jogador.
- Isto pode ser negativo para João Mário, pois fica preso a um contrato que pode ficar muito aquém do que poderia ganhar noutro clube.
Avancemos agora até ao passado dia 13 de dezembro, dia em que Rui Pedro Braz teve a oportunidade de comentar as cláusulas de rescisão de Renato Sanches (80 milhões) e Nélson Semedo (60 milhões), a propósito da renovação de contrato que tinha acontecido uns dias antes.
Portanto:
- O objetivo é passar uma mensagem de que o Benfica aposta muito forte nos seus jovens, que o clube acredita que têm um potencial tremendo e uma grande margem de progressão.
- O objetivo não é querer convencer o mercado que Renato vale neste 80 milhões e Nelson vale 60 milhões.
- O objetivo é passar uma mensagem que não estão abertos a negociações nesta altura, não estão dispostos a deixar que os jogadores saiam antes de atingirem a sua maturação futebolística.
- É um ponto de grande motivação para os outros jovens da formação.
- Só há um risco: os jogadores poderem deslumbrar-se.
Creio que não há muito mais a dizer sobre a opinião de Rui Pedro Braz acerca das cláusulas de rescisão. Enquanto João Mário está preso a uma cláusula irrealista que lhe poderá ser prejudicial no futuro, Renato Sanches e Nelson Semedo vêem reconhecido o seu imenso potencial pelo clube. Foi isto que o comentador disse, sem tirar nem pôr.
Poderia dizer que estou chocadíssimo com esta diferença de tratamento, mas seria mentira. Braz é sempre depressivo quando fala das decisões tomadas pelo Sporting e eufórico quando fala das decisões tomadas pelo Benfica. É o mais bipolar dos comentadores desportivos em Portugal, mas não por causas psicológicas. É mesmo uma questão de espinha.