Conclusões que NÃO podemos tirar do estágio na Suíça:
1. Sofremos 14 golos em 4 jogos. 8 desses golos foram sofridos com o quarteto defensivo habitual. O quarteto defensivo habitual cometeu erros que normalmente não comete, mais individuais do que de entendimento entre si. Ou seja, do ponto de vista individual, existem questões que podem e devem ser apontadas. No entanto, do ponto de vista coletivo, é completamente diferente jogar atrás de Petrovic / Ruiz a 8 do que de um meio-campo que esteja preparado para servir de primeiro tampão às iniciativas adversárias.
2. É cedo para fazermos juízos finais sobre os reforços e sobre a generalidade dos jogadores que transitaram da época passada. No caso dos reforços, estão a trabalhar há três semanas. No caso dos jogadores que transitaram da época passada, é muito mais relevante aquilo que vimos deles ao longo da época passada do que deste punhado de jogos.
3. É completamente prematuro estarmos a fazer projeções do que será a época em função destes jogos. Para além da ausência dos jogadores que estiveram na seleção, Slimani não foi uma única vez titular, e Bryan Ruiz nunca foi utilizado na sua posição habitual.
Conclusões que podemos tirar do estágio na Suíça:
1. O Sporting não está nem alguma vez estará preparado para disputar a Liga dos Campeões com uma equipa formada na totalidade por habituais suplentes.
2. O sistema de Jorge Jesus funciona bem se todos os jogadores o entenderem e se existir um grande nível de entrosamento entre eles. Se a maior parte dos jogadores ainda estiver em fase de assimilação do sistema e se não estiverem habituados a jogar juntos, o sistema não funciona. Se do outro lado estiver um adversário de Champions, o Sporting corre grandes riscos de perder. Se do outro lado estiver um adversário de Champions que tem a sua preparação mais adiantada em duas ou três semanas (enquanto o Sporting começa a época oficial apenas a 14 de agosto, o Zenit inicia já a 23 de julho, o Mónaco a 26 de julho e o PSV a 31 de julho), então corre grandes riscos de perder por muitos.
3. No caso dos guarda-redes, pela especificidade da posição, está visto que nem Azbe Jug nem Stojkovic estão aptos para serem suplentes de Rui Patrício. É importante contratar um guarda-redes com mais experiência, que não trema nos momentos em que for chamado à equipa.
4. Talvez se tenha exagerado no grau de dificuldade dos adversários escolhidos para este estágio, considerando a forma como Jorge Jesus encarou estas partidas. O treinador pareceu muito mais preocupado em testar soluções alternativas do que em afinar aquele que será o sistema preferencial. Por exemplo: Ruiz a 8, Bruno César a médio esquerdo, e a dupla de ataque Podence / Alan Ruiz não serão opções principais quando os jogos forem a doer.
5. Considerando o ponto 2 das conclusões que NÃO podemos tirar, já se pode concluir que existem alguns jogadores que, pelo que fizeram nestes jogos e na temporada passada, não têm lugar no plantel: refiro-me concretamente a Jefferson, Aquilani, Marvin e Barcos. Se eu mandasse, seriam os primeiros a serem dispensados. Teo e Mané também não devem fazer parte das contas de Jorge Jesus.
6. Levando em consideração os nomes referidos no ponto anterior, para mim é claro que as prioridades do Sporting no que resta do mercado são: guarda-redes suplente, um lateral esquerdo, um médio box-to-box e um 2º avançado. A estes teremos que somar substitutos diretos para as eventuais saídas de qualquer um dos campeões europeus ou Slimani.
7. Incrível o apoio no estádio mesmo com o resultado em 0-5, temos mesmo adeptos enormes.
Sentimento após o estágio na Suíça:
Não estou preocupado. Já calculava que iríamos começar a época num nível inferior ao que acabámos em 2015/16. Estranho seria que fosse de outra forma. É claro que é muito desagradável estar a ver jogos do Sporting (mesmo que a feijões) desejando que acabem depressa para o resultado não se avolumar ainda mais, mas estes jogos servem para isso mesmo: experimentar, errar, afinar. Mas é fundamental que se resolvam tão rapidamente quanto possível determinados problemas do plantel - nomeadamente as saídas dos dispendiosos Teo, Barcos e Aquilani (e ainda Labyad, já agora), que abrirão espaço no orçamento para jogadores que efetivamente possam fazer a diferença nas posições que estamos mais carenciados.