Existem motivos de sobra para os sportinguistas estarem preocupados com a recente produção da equipa. No entanto, estando também insatisfeito com a produção recente da equipa, não me parece que faça sentido o sentimento de fatalismo que tomou conta de muitos adeptos. Recapitulemos os jogos oficiais que o Sporting fez até ao momento:
- Marítimo (C): vitória por 2-0; jogámos sem ponta-de-lança, em virtude da suspensão de Slimani, mas o jogo foi ganho de forma confortável;
- Paços Ferreira (F): vitória por 1-0; jogo completamente controlado frente a um adversário que não rematou uma única vez à baliza de Rui Patrício;
- Porto (C): vitória por 2-1; boa reação à desvantagem inicial, vitória indiscutível;
- Moreirense (C): vitória por 3-0; vantagem construída nos primeiros 60 minutos;
- Real Madrid (F): derrota por 2-1; grande exibição, com reviravolta consentida nos últimos minutos de jogo.
Até esta fase, a equipa respirava confiança e não havia, seguramente, nenhum sportinguista que não estivesse satisfeito com a qualidade do futebol praticado.
- Rio Ave (F): derrota por 3-1; exibição frouxa, com o resultado a ser definido por 15 minutos fatais;
- Estoril (C): vitória por 4-2; bom jogo da equipa, mas foram consentidos dois golos nos cinco minutos finais que mancharam, de certa forma, a exibição;
- Legia (C): vitória por 2-0; vantagem construída ainda na primeira parte, numa exibição poupada; o resultado nunca esteve em causa.
A derrota com o Rio Ave e os golos sofridos no final do jogo com o Estoril levantaram algumas questões sobre a consistência defensiva da equipa, mas, de uma forma geral, os resultados eram satisfatórios. O único resultado abaixo das expetativas, até então, tinha sido a derrota em Vila do Conde.
- V. Guimarães (F): empate por 3-3; grandes 70 minutos iniciais, ao nível do melhor que a equipa produzira na época; 20 minutos finais desastrosos, consentido o empate;
- Famalicão (C): vitória por 1-0; má exibição, parcialmente explicável pelas muitas alterações na equipa e pela pouca motivação que existe sempre neste tipo de encontros;
- Borussia Dortmund (F): derrota por 2-1; má primeira parte, durante a qual os alemães marcaram dois golos, seguida por uma boa segunda parte, em que a equipa fabricou oportunidades suficientes para empatar;
- Tondela (C): empate por 1-1; má exibição, do princípio ao fim, em que a derrota acabou por ser evitada nos últimos segundos.
Na Liga dos Campeões seguimos com 1 vitória e 2 derrotas. A equipa não superou as expetativas, mas também não teve nenhum resultado fora daquilo que seria razoável esperar - considerando a valia dos adversários. Na Taça de Portugal, sem qualquer brilhantismo, cumprimos a nossa obrigação. No campeonato, temos 5 vitórias, 2 empates e 1 derrota, e estamos a 5 pontos do Benfica. Aqui, como é evidente, a prestação desilude, principalmente se olharmos para a forma como entregámos pontos aos adversários.

Mas, apesar de tudo isto, parece-me precipitado estarem a tirar-se conclusões definitivas sobre o valor de determinados jogadores - dos reforços, em particular, e do plantel, na generalidade - e a diabolizar-se Jorge Jesus. É indiscutível que a equipa atravessa um péssimo momento psicológico, e quando assim é, praticamente todos os jogadores parecem maus. Sabemos bem, pelo que vimos na temporada passada, que há qualidade neste plantel.
O problema é, sobretudo, psicológico. Havendo lacunas óbvias, um Sporting confiante conseguiria, com maior ou menos dificuldade, ultrapassar os obstáculos que essas lacunas criam contra os Tondelas da vida. É claro que essas lacunas exigirão (muito) trabalho técnico-tático - sobretudo no que diz respeito a garantir os equilíbrios necessários considerando as diferenças nas características entre os jogadores que saíram e os que entraram -, mas isso é algo que, com tempo, poderá ser alcançado. Se há técnico em Portugal que, através do treino, revela capacidade nessa vertente, é Jorge Jesus.
O grande problema do Sporting, neste momento, é a falta de tempo para trabalhar e consolidar esses equilíbrios. O atraso de cinco pontos reduziu a margem de erro ao mínimo. Neste panorama pouco animador, a parte positiva é que, literalmente e figurativamente, dependemos apenas de nós para conseguir dar a volta a esta situação. A nós, os adeptos, cabe-nos manter o apoio que sempre soubemos dar nos maus momentos. Que nunca seja por falta de apoio que o clube deixe de alcançar os seus objetivos.
O jogo do ano, para o Sporting, é já na próxima sexta-feira, contra o Nacional.