sábado, 21 de janeiro de 2017

Um grande tiro no pé

Bruno de Carvalho anunciou na manhã de ontem outros três nomes para a sua comissão de honra: Jorge Jesus, Nani e Eric Cantona.


Ao final da tarde, Pedro Madeira Rodrigues reagiu desta forma:


Em primeiro lugar, considero que Pedro Madeira Rodrigues tem razão ao dizer que Bruno de Carvalho não devia ter feito o convite e que Jorge Jesus não o deveria ter aceitado. Bruno de Carvalho não deveria fazer convites destes a funcionários do clube. Por serem funcionários do clube, devem manter-se equidistantes porque têm a obrigação de trabalhar com a direção que os sócios escolherem. Bruno de Carvalho, enquanto presidente, deveria perceber isto. Jesus também não deveria ter aceitado sem anunciar a colocação do seu lugar à disposição em caso de derrota do candidato que apoia.

A situação não me incomoda por aí além, porque este apoio público de Jesus à candidatura de Bruno de Carvalho acaba por ser uma forma bastante prática de aniquilar as especulações que têm aparecido na imprensa do costume em relação ao alegado mau relacionamento entre os dois.

Mas que foi útil para a campanha de Bruno de Carvalho, isso é inegável.

Pedro Madeira Rodrigues reagiu da pior forma possível. Em primeiro lugar, um apoio de Jesus a Bruno de Carvalho não implica necessariamente que se posicione CONTRA Madeira Rodrigues ou qualquer outra candidatura. Da mesma forma que a maior parte dos sportinguistas não hesitarão em colocar-se atrás de Madeira Rodrigues caso este vença - tenham ou não votado nele -, Jesus, sendo um profissional do futebol com contrato com o Sporting, também não deixaria de fazer o seu trabalho com um novo presidente.

Em segundo lugar, ao agir desta forma, Madeira Rodrigues cometeu alguns dos pecados de que acusa Bruno de Carvalho: tomou uma decisão a quente, precipitada, e que, concretizando-se, implicará enormes custos para o clube. Não só porque o clube deixaria de contar com Jorge Jesus como seu treinador, mas porque também teria de lhe pagar uma indemnização elevadíssima, correspondente aos dois anos e quatro meses de salários relativos ao resto do contrato. Falamos de um valor próximo dos 15 milhões de euros. Madeira Rodrigues estaria a arranjar o seu caso Doyen logo no seu primeiro dia no cargo, mas em pior.

A contratação e definição do salário de Jesus não são responsabilidade de Madeira Rodrigues, mas enquanto aspirante a presidente, não tem um motivo suficientemente forte que justifique o esbanjamento de 15 milhões de euros no despedimento do treinador - qualquer desavença poderia ser resolvida com uma conversa entre ambos assim que Madeira Rodrigues tomasse posse, caso vencesse as eleições.

Na minha opinião, foi um grande tiro no pé na sua candidatura.