segunda-feira, 24 de abril de 2017

Não há presidente mais cobarde, incendiário e demagogo do que este


Sabes que o Benfica conseguiu um ótimo resultado quando vês Vieira a falar no final de um jogo importante. Quando o jogo corre mal, normalmente manda Rui Costa falar em seu lugar. Lembro-me, por exemplo, do que Vieira (não) fez quando o Benfica perdeu a final da Liga Europa. Lembro-me também do que aconteceu no verão de 2014: depois de um final de época desastroso, com jogadores a desaparecerem sem qualquer justificação e os rumores de que o BES tinha fechado a torneira, o presidente do Benfica fingiu-se de morto durante semanas a fio, sem dar uma palavra que fosse aos sócios que o elegeram. Se o Benfica tivesse perdido no último sábado, os únicos a quem o presidente se dignaria a dirigir seriam, muito provavelmente, a equipa de arbitragem e os dirigentes do CA que estivessem presentes no local.

Mas como o Benfica conseguiu um resultado favorável, Vieira, o corajoso, lá decidiu falar aos jornalistas presentes. Aqui está o que disse sobre algumas das polémicas que envolvem o Benfica:


Em primeiro lugar, há que dizer que não é normal Vieira colocar-se à disposição dos jornalistas sem rede. Mas, verdade seja dita, está visto que não há necessidade de qualquer rede face à falta de iniciativa dos interlocutores que lhe calharam em sorte ontem: como é possível que, com tantos jornalistas presentes, ninguém tenha tido a coragem para fazer o contraditório que se impunha?

De qualquer forma, alguns dos temas que abordou deram para demonstrar que estamos perante o mais cobarde, incendiário e demagogo presidente do futebol português, que não tem qualquer ponta de moral para estar a dar lições aos restantes.

Sobre a cartilha, o presidente benfiquista não foi homenzinho para admitir o que já toda a gente sabe: de que ele é, em última análise, o responsável pela famosa cartilha, e que tem perfeito conhecimento da sua natureza e conteúdo, pois está incluído nos mails distribuídos por Janela aos paineleiros e comentadores do clube. Vieira é o presidente do clube que paga, ao que se diz, 10.000 euros por mês para Janela fazer o que faz - coordenar o discurso mais agressivo, incendiário e mentiroso que o futebol português alguma vez testemunhou -, e ainda tem a distinta lata de dizer que se mantém em silêncio para não incendiar o futebol nacional.

Depois, o mais grave: o discurso desculpabilizador do assassinato da madrugada de domingo. Segundo os jornais, os membros da claque sportinguista deslocaram-se à Luz por causa de um duelo marcado por SMS. Ou seja, iam tão à procura de confusão como iam os da claque benfiquista que estavam no local. Mas independentemente disso, mesmo que a claque sportinguista tivesse decidido deslocar-se à Luz por iniciativa exclusiva sua, isso não legitima nem nunca legitimará que outros se sintam no direito de tirar a vida a alguém.

Para além disso, é de uma hipocrisia completa vir com frases feitas como a do "a provocação gera violência", quando o próprio Vieira é ou foi o superior hierárquico de gente como João Gabriel, Carlos Janela ou Pedro Guerra.

Para finalizar a análise às palavras de Vieira: haverá maior demagogo do que um presidente que disse, um dia, que se demitiria se o seu clube não conseguisse chegar aos 300.000 sócios, que garantiu que tinha terminado o descarregamento de jogadores, que já prometeu, vezes sem conta, que o passivo era para reduzir, e que fez a previsão de que o Benfica iria ter a espinha dorsal da seleção nacional?

Não estou a dizer com isto que Bruno de Carvalho é um menino de coro e que não contribuiu para o clima de enorme tensão que existe, mas o principal instigador de tudo o que se tem passado nos últimos dois anos é o presidente do Benfica - mesmo que por interposta pessoa. Infelizmente, só num país como Portugal é que uma pessoa com o passado de Vieira consegue passar por estadista, ideia suportada e promovida por uma comunicação social completamente conivente ou submissa.