Bas Dost: ***
Quando soube que o Sporting estava interessado em Bas Dost, não tive quaisquer dúvidas de que iria ser uma mais-valia para o ataque da equipa. No entanto, nunca pensei que o holandês tivesse um impacto tão grande e tão imediato numa equipa que estava habituada a jogar para Slimani, um ponta-de-lança de características muito diferentes. Dost entrou na equipa e começou de imediato a marcar, revelando uma capacidade de finalização mortífera: a cada duas oportunidades, marca uma. Mas a importância de Dost não se limita aos golos que marca. Se no início parecia um corpo estranho nos momentos em que a bola estava longe da baliza adversária, aos poucos e poucos foi-se tornando um jogador muito útil noutros aspetos do jogo: duelos aéreos para disputa da primeira bola após pontapés de baliza, distribuição de jogo ao primeiro toque muito eficaz pelo chão, e até a defender - no último terço de época passou a ser muito mais frequente vê-lo a perseguir adversários com bola. Até do ponto de vista físico surpreendeu, pois no Wolfsburg era frequentemente substituído por volta dos 60, 70 minutos. Dost vinha com a complicadíssima missão de substituir Slimani - um dos jogadores mais queridos dos adeptos nos últimos anos - e o melhor que se pode dizer é que não tardou muito para nos deixar com a certeza de que não ficámos a perder com a troca. Pelo contrário.
André: *
O melhor que se pode dizer da época de André é que não se confirmou a fama de mau profissional com que vinha do Brasil. Em termos de esforço e aplicação, não há nada a apontar. O problema foi o resto, o rendimento propriamente dito, nomeadamente no momento da finalização. O brasileiro tem toque de bola - no seu jogo de estreia, contra o Moreirense, numa das primeiras vezes que teve o esférico nos pés fez um passe fenomenal a deixar Markovic na cara do guarda-redes -, mas foi um desastre constante no momento de meter a bola na baliza, proporcionando-nos frequentes momentos de desespero e enormes amargos de boca. Do mal o menos, deu para recuperar o investimento feito.
Luc Castaignos: *
Chegou no fecho do mercado e rapidamente se percebeu que iria ser a 2ª alternativa a Dost, atrás de André, tardando a ter oportunidade para jogar. Estreou-se apenas no final de outubro e teve uma utilização relativamente regular em novembro e dezembro, mas nunca conseguiu justificar as apostas dadas por Jesus. Zero golos marcados, pouco futebol demonstrado, não tem qualquer espaço para permanecer na próxima época. Veremos até que ponto se conseguirá recuperar os 2,5 milhões que se investiu em 80% do passe.
Alan Ruiz: *
Tendo sido uma das primeiras contratações da época, Alan Ruiz não poderia ter começado de pior forma: chegou à pré-época numa forma física deplorável. Ainda assim, foi dos poucos jogadores que demonstrou alguma qualidade nos primeiros jogos amigáveis e acabou por ser aposta consistente de Jorge Jesus nos dois meses iniciais de competição oficial, jogando como segundo avançado, muito encostado ao ponta-de-lança. Esse adiantamento no terreno não o favoreceu, como ficou bem demonstrado pelas paupérrimas exibições, e acabou por perder a titularidade. Regressou ao onze no início da 2ª volta, e aí já conseguiu mostrar algumas das qualidades que terão levado Jorge Jesus a recomendar a sua contratação: um remate fácil e potente, boa visão de jogo e muita técnica. O problema é o resto: fraca apetência para ajudar a equipa defensivamente e pouca intensidade quando a pressão adversária é grande. Olhando para o panorama geral - expectativas perante o investimento feito, a má forma física com que chegou, a incapacidade de aproveitar as oportunidades na 1ª volta, e um jogador influente em parte da 2ª volta - o balanço não pode ser positivo. Se conseguir corrigir um pouco os problemas referidos, poderá ser, efetivamente, um jogador muito útil na próxima época.
Daniel Podence: **
Deu nas vistas na pré-época, mas acabou por ser emprestado por estar tapado pelas muitas contratações feitas no defeso. Podence esteve em excelente plano no Moreirense, e acabou por ser chamado de volta no final de janeiro. Jogador muito trabalhador, raçudo e intenso, aproveitou muito bem as oportunidades dadas por Jesus, quer como segundo avançado, quer como extremo esquerdo. Tem lugar garantido no plantel da próxima época.
Gelson Martins: ***
2015/16: **
Apesar de ter sido utilizado de forma consistente na época passada, acabou por ser a grande revelação de 2016/17. O impacto que teve na equipa foi tremendo. Desequilibrador nato, impressiona a facilidade com que consegue criar espaços. Mesmo não sendo forte no momento da decisão, foi o jogador com mais assistências do campeonato - imagine-se aquilo de que será capaz se conseguir ter mais frieza no momento de fazer o último passe. Apesar da sua importância na manobra ofensiva da equipa, nunca deixa de ajudar o seu lateral. Grande, grande época.
Matheus Pereira: -
2015/16: *
Completamente esquecido nos primeiros seis meses da época, foi utilizado apenas contra o Praiense (como titular) e contra o Arouca, para a Taça da Liga (como suplente). No final de janeiro, entrou aos 89' contra o Paços de Ferreira e, na jornada seguinte, foi titular... no Dragão. O jogo não lhe correu bem - estranho seria se corresse - e voltou a desaparecer das opções de Jesus mais um mês. Depois foi titular contra o Tondela - onde jogou muito bem - e contra o Nacional. Voltou a sair da equipa, para regressar nas três jornadas finais. É impossível que um jogador jovem possa responder bem perante uma utilização tão irregular e errática. Sendo um dos jogadores com maior potencial da nossa formação, não merecia a gestão que Jesus fez da sua utilização.
Joel Campbell: *
Foi, para mim, uma das desilusões da época, mas não tenho a certeza que a responsabilidade seja apenas de Campbell. Sendo um jogador sempre pronto a procurar a desmarcação e com boa capacidade de finalização, parecia talhado para a função de segundo avançado. No entanto, Jesus decidiu colocá-lo quase sempre encostado à esquerda, onde acabaram por sobressair, sobretudo, os seus defeitos. Depois de todos os objetivos perdidos, saiu das opções da equipa por uma questão de gestão (lógica) de plantel: não fazia sentido apostar-se num jogador emprestado cuja saída era um dado adquirido.
Lazar Markovic: *
Um erro de casting. Era, à partida, uma contratação de risco: jogador talhado sobretudo para jogar em contra-ataque, e que pouca ou nenhuma utilização teve desde que abandonou Portugal - devido, sobretudo, a lesões sucessivas. Rapidamente passou a ser um dos alvos das bancadas por causa da sua insistência em jogar sozinho e pela ausência de trabalho defensivo - entrando-se aí num círculo vicioso de pressão externa e interna que levou a que o jogador caísse cada vez mais de rendimento. Foi, sem surpresa, enviado de volta para Inglaterra na janela de transferências de janeiro.