Um desastre: não há outra forma de descrever o trabalho de Jorge Jesus nesta época. Depois de um ano em que o treinador conseguiu subir significativamente a competitividade da equipa, ninguém esperava que esta época se registasse uma quebra de rendimento tão significativa, ainda para mais quando o investimento em jogadores foi tão elevado.
Jesus pode ter razão quando disse que as arbitragens ajudaram a afastar o Sporting do primeiro lugar do campeonato em momentos cirúrgicos, mas, infelizmente, o campeonato não foi a única competição em que ficámos prematuramente fora da luta. Saímos da Taça de Portugal após um jogo muito pobre em Chaves, tínhamos a obrigação de passar a fase de grupos na Taça da Liga - independentemente das circunstâncias -. e a campanha europeia acabou por ter contornos humilhantes quando nem conseguimos assegurar o 3º lugar no grupo.
Muito pouco para um plantel tão caro e desequilibrado. Jorge Jesus pediu e recebeu muitos jogadores, alguns bastante caros e quase todos eles a auferirem salários elevados, mas não conseguiu extrair deles a qualidade exibicional exigível, como André, Petrovic, Elias, Douglas, Markovic ou Campbell. Insistiu teimosamente num Bryan Ruiz em nítido subrendimento, deu inúmeras oportunidades a um Alan Ruiz que tardava em mostrar serviço, perdeu-se em equívocos na lateral esquerda, e não foi capaz de criar de inventar as alternativas de que a equipa necessitava.
Igualmente lamentável foi a forma - bem típica nele - como foi sacudindo as responsabilidades pelo que de mau ia acontecendo. Em Madrid, disse que o Sporting não teria perdido o jogo caso estivesse no banco, mas não fez o mea culpa pelos excessos que o levaram a ser expulso e suspenso por dois jogos. No final da época, ao fazer uma espécie de balanço, queixou-se de não ter jogadores suficientes de 10 milhões, mas esqueceu-se que faz parte do seu trabalho desenvolver e valorizar jogadores de valor inferior - principalmente quando recebe um salário principesco.
O único aspeto verdadeiramente positivo foi a explosão de Gelson Martins, um jogador que Jesus tinha lançado na época anterior.
Em dois anos de Sporting, Jorge Jesus realizou uma excelente época e uma época paupérrima. Justifica, obviamente, uma terceira época. Para o bem ou para o mal, servirá de tira-teimas para a quarta.