sábado, 14 de outubro de 2017

A confissão clubística do Senhor Juiz

Foi rejeitado, pelo Tribunal da Comarca do Porto, a providência cautelar colocada pelo Benfica para impedir que o Porto continuasse a divulgar os emails que têm incendiado o futebol português nos últimos meses.

O Benfica reagiu prontamente à sentença, dizendo que irá recorrer para a 2ª instância. Um dos motivos da revolta encarnada é a "confissão clubística" do juiz que tomou a decisão - que, no início do processo, assumiu ser adepto portista.


É uma argumentação pertinente. Que garantias tem o Benfica de que o juiz consegue efetivamente alhear-se da sua condição de portista no momento de tomar a decisão? Em teoria, qualquer juiz deve estar preparado para pôr de lado todas as preferências e preconceitos pessoais, mas na prática sabemos que, muitas vezes, não é isso que acontece. Como tal, não deveria esta decisão ficar a cargo de um juiz que não ligue a futebol?

É claro que esta argumentação pode abrir outras questões: seguindo a mesma linha de raciocínio que o Benfica traçou ontem, então sportinguistas e portistas têm toda a legitimidade para não aceitar que os padres Manuel Mota, Nuno Almeida, Vasco Santos, Bruno Esteves (que estavam na lista que Adão Mendes passou a Pedro Guerra) e João Pinheiro (que manda e-mails confidenciais para o menino bonito Nuno Cabral) - para não falar de outros novos talentos da arbitragem que estão claramente ligados à mesma máquina - arbitrem jogos seus e do próprio Benfica, pois não dão garantias de isenção, que é uma característica fundamental que qualquer árbitro deve ter.

No caso destes árbitros - e ao contrário do juiz portista que tomou a decisão sobre a providência cautelar -, nem sequer estamos no domínio das suposições: basta olhar para o histórico de decisões polémicas que tiveram em jogos dos grandes - no caso de Vasco Santos, até como VAR já conseguiu ter uma decisão escandalosa a favorecer o Benfica, ao não dar indicações para expulsar Eliseu. A tendência em favorecer o clube da sua preferência é evidente aos olhos de todos. De que está o Conselho de Arbitragem à espera para os afastar em definitivo destes jogos?