sexta-feira, 20 de abril de 2018

Minutos, minutos e mais minutos

O jogo do próximo domingo contra o Boavista encerra um período prolongadíssimo em que o Sporting teve que suportar um ritmo infernal de duas partidas por semana. A presença em fases bastante adiantadas (no caso das taças internas foi mesmo até ao fim) nas quatro frentes acaba, como é natural, por trazer dificuldades adicionais que o grupo de trabalho tem de ultrapassar, quer do ponto de vista da exigência da resposta física que os jogadores têm de dar, quer ao nível da qualidade média dos adversários que há para defrontar.

Só em 2018, o Sporting já realizou 26 partidas (duas das quais foram a prolongamento) para quatro competições diferentes, contra 21 do Porto e 15 do Benfica. São diferenças abissais com óbvias implicações físicas, mas também ao nível do foco no campeonato e da disponibilidade para treinar. 

Claro que estar envolvido em muitas competições é o cenário que qualquer treinador, jogador, dirigente e adepto deseja, mas não se pode deixar de olhar para os danos colaterais que esta intensidade competitiva causa numa equipa. No caso do Sporting, tem sido perfeitamente visível a infernal onda de lesões que tem vindo a dizimar o plantel. Ontem foi Piccini, que se junta a André Pinto, Podence, Bruno César, Rafael Leão e William Carvalho na enfermaria do departamento médico do Sporting, por onde também tiveram passagens prolongadas outros jogadores como Dost, Gelson, Coentrão, Doumbia ou Mathieu.

A exigência física a que os jogadores sportinguistas têm sido submetidos - nomeadamente em comparação com os rivais - acaba por ser bem traduzida no gráfico seguinte, que contém os jogadores mais utilizados do três grandes nesta época:


Excluindo Rui Patrício que, sendo guarda-redes, não entra nas contas na questão do desgaste, podemos ver que Coates, o jogador mais utilizado do Sporting, tem mais 37% de tempo utilizado que André Almeida, o jogador mais utilizado do Benfica.

No entanto, o que mais me impressiona neste gráfico é o tempo de jogo acumulado por Bruno Fernandes - que, jogando numa posição de enorme desgaste, tem conseguido manter um nível exibicional elevadíssimo - e também de Gelson, que consegue ser simultaneamente o maior desequilibrador individual do Sporting e um trabalhador incansável no apoio ao seu lateral.

Após o jogo com o Boavista, o Sporting cumprirá os quatro jogos que restarão (Portimonense, Benfica, Marítimo e Aves) ao ritmo de uma partida por semana. Acabará a época com 60 partidas oficiais realizadas, sendo que grande parte do plantel ainda somou mais uma série de jogos pelas respetivas seleções (de todos os jogadores do Sporting no gráfico acima, apenas Mathieu, Battaglia e Piccini não foram chamados para compromissos internacionais dos seus países).

A excelente prestação que o Sporting teve em todas as competições (com exceção do campeonato, onde, mesmo assim, ainda há uma minúscula esperança de reentrar na corrida), apesar dos constrangimentos que essa carreira implicou, acaba por servir de comprovativo do aumento de qualidade do plantel em relação à época passada. Não é um plantel perfeito - a lacuna do 2º avançado, por exemplo, tem sido complicada de suprir -, mas não me lembro de ver, de há muito tempo para cá, um plantel com tantas alternativas de qualidade para a maior parte das posições.