sexta-feira, 27 de abril de 2018

Perigo amarelo

Creio que não estarei muito longe da verdade ao dizer que Bas Dost, Gelson Martins e Bruno Fernandes - não necessariamente por esta ordem - são os três jogadores do Sporting que mais atenções têm atraído ao longo desta época. No entanto, tenho a certeza absoluta que nenhum destes três jogadores estará no centro das preocupações de determinadas pessoas durante a próxima partida que o Sporting disputará em Portimão.

As figuras do jogo de sábado serão outras: Rui Patrício, Coates e Battaglia. Não pelo que poderão dar à equipa neste sábado, mas pelo que poderão não dar à equipa na jornada seguinte. Os três atletas estão em risco de suspensão para o dérbi com o Benfica e ficarão de fora desse jogo caso vejam um cartão amarelo frente ao Portimonense. O risco é grande caso o árbitro escolhido pelo CA for para dentro de campo com ideias de alterar o tempero da ultra-decisiva partida da penúltima jornada. Coates e Battaglia são alvos particularmente fáceis por causa das funções desempenhadas em campo - qualquer lance dividido com um adversário que se deixe cair poderá servir de pretexto para o juiz sacar do cartão.

É um filme já muitas vezes visto. No passado, em circunstâncias semelhantes, não me lembro de haver um único árbitro a ser tolerante com jogadores do Sporting perante uma falta que pudesse ser interpretada como sanção para cartão. Por exemplo, quando William viu um amarelo por uma falta feita junto à linha lateral nos descontos do Sporting - Académica em 2013/14 que o deixou de fora da visita à Luz na jornada seguinte - um amarelo aceitável por cortar um "ataque prometedor", mas que já vimos ser perdoado muitas vezes a determinados outros clubes em situações similares. Ou ainda um outro caso - este sim, escandaloso - quando, em 2015/16, Adrien foi impedido de participar na última (e decisiva) jornada em Braga por ter visto um amarelo neste lance:


Aconteceu aos 14', naquela fase em que os árbitros até costumam avisar os jogadores para terem cuidado. Desta vez não houve abébias para ninguém. Foi perfeitamente óbvio para todos os que viram o jogo que o árbitro - Tiago Martins, neste caso - tinha ido para dentro de campo com uma missão. E mal surgiu uma oportunidade, não a desperdiçou.

Da mesma forma que os nossos jogadores costumam ser alvos a abater em circunstâncias destas, é perfeitamente visível a tolerância que os jogadores do Benfica têm tido quando cometem faltas para amarelo. Aposto com quem quiser como Grimaldo, Rúben Dias, Fejsa e Jardel, igualmente em risco, poderão ir tranquilamente a jogo - não só porque o Tondela será uma presa tenrinha (ficarei muito surpreendido se não estiverem a perder por 2 ao fim de 15/20 minutos) que não causará dificuldades que obriguem os jogadores a trabalhar no limite - o pé-na-chapa de Pepa costuma ficar reservado para Sporting e Porto -, mas também porque poderão contar com a habitual tolerância por parte dos homens do apito caso algum acontecimento de jogo fuja do script pré-definido. 

Sejamos compreensivos: não andaram a trabalhar cinco anos para dominar a arbitragem e a enchê-la de mimos e cortesias para depois não poderem usufruir destas pequeninas retribuições quando os momentos decisivos chegam. Retribuições tão pequeninas, que ninguém precisa de ficar de consciência pesada... é só de um cartão amarelo que estamos a falar. Nenhum campeonato se decide por causa de um amarelo...