terça-feira, 18 de setembro de 2018

The lone gunman

De acordo com uma hilariante "nota à comunicação social" emitida no final da tarde de ontem no site do Benfica, Paulo Gonçalves deixou de ser assessor jurídico do clube. Vale mesmo a pena ler:


O ponto alto desta nota riquíssima de conteúdo é a patética tentativa de convencer o povo de que o processo judicial em que Paulo Gonçalves está envolvido em nada está relacionado com as suas funções na SAD benfiquista: aparentemente o autor deste comunicado esqueceu-se de que a Benfica SAD é acusada nesse mesmo processo. Pelos vistos a amnésia que afligiu o presidente está a espalhar-se pela hierarquia abaixo.

Aliás, só mesmo um caso agudo de perda de memória é que pode explicar a mudança de atitude do Benfica face a Paulo Gonçalves. Há apenas pouco mais que uma semana, uma fonte oficial do clube disse ao Expresso que deixar cair Paulo Gonçalves seria uma admissão de culpa.

(via @paulamargarida_)

Depois do esforço narrativo de transformar Paulo Gonçalves num mero colaborador da SAD - apesar de falarmos de alguém que representou o Benfica variadíssimas vezes em instâncias relevantes -, o gabinete de crise passou para a fase seguinte: numa altura em que começa a ser cada vez mais evidente que as provas são avassaladoras, tentam vender ao público que o ex-assessor é uma espécie de lone gunman, que planeou e executou sozinho um plano do qual o Benfica não retirou qualquer benefício - isto apesar de estarmos a falar da estrutura que está dez anos à frente, apesar do mais que conhecido percurso profissional pré-Benfica de Paulo Gonçalves, apesar de os mails comprovarem que Vieira sempre teve perfeito conhecimento da existência dos meninos queridos e das borlas que Paulo "Rei das Borlas" Gonçalves lhes dava no "interesse exclusivo do SLB".


Não tardará muito que o surto de amnésia continue a deslizar hierarquia abaixo até se espalhar pelos adeptos benfiquistas. Da mesma forma que ninguém se lembra de ter votado em Vale e Azevedo, serão poucos aqueles que num futuro próximo se lembrarão de que Paulo Gonçalves foi um dos braços direitos de Vieira durante cerca de 11 anos. Idiossincrasias de uma massa associativa que criou petições para destituição da direção quando Jonas estava na porta de saída, mas que se tem mantido em silêncio desde que a SAD foi formalmente acusada de corrupção.

Desde que a equipa de futebol vá ganhando, está tudo bem.