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A questão da
contratação de Peseiro é, para mim, o assunto mais importante da entrevista, mas não de uma forma positiva: Cintra espalha-se ao
comprido quando continua a tentar defender o indefensável. É de uma completa falta de noção dizer que dispensou Mihajlovic por não ter campeonatos nem taças no currículo para, logo a seguir, afirmar que contratou Peseiro por ser um vencedor - quando na realidade é um treinador que tem somado insucessos sucessivos, apenas interrompidos por uma Taça da Liga conquistada ao serviço do Braga. Infelizmente, aquilo que está a acontecer ao futebol do Sporting não é surpresa para praticamente ninguém: Peseiro foi uma péssima escolha e o facto de Cintra assumir que tomou a decisão sozinho, contra a vontade de outros elementos da direção que o acompanhavam, deixa-o muito mal na fotografia.
Não lhe fica nada bem, também por isso, estar agora a apontar as responsabilidades dos graves desequilíbrios do plantel para as indecisões do treinador. Se é verdade que Peseiro andou aos avanços e recuos sobre determinados nomes que estavam em cima da mesa, então é mais uma desagradável constatação que o Sporting tinha e tem a pessoa errada ao comando do clube, e que faltou um pulso mais forte a Cintra para obrigá-lo a tomar decisões em tempo útil. Dizer agora uma coisa destas - numa altura em que existe uma enorme contestação a Peseiro - é estar a colocar o treinador numa situação ainda mais fragilizada perante os adeptos sportinguistas.
Ainda relacionado com a procura de treinador em finais de junho, é assustadora a revelação de que Jesus "esteve por um fio" para voltar. Obviamente que a competência de Jesus é incomparavelmente superior à de Peseiro (tal como o cheque que leva para casa no final do mês), mas toda a gente (menos Cintra, aparentemente) percebia que o ciclo de Jesus no Sporting estava mais que esgotado, não havendo qualquer margem para a sua continuidade em Alvalade.
A justificação dada para a presença na tribuna da Luz também não faz qualquer sentido: não pode usar o excelente relacionamento pessoal que tem com Vieira como argumento para defender uma posição de cariz institucional que contraria a vontade da esmagadora maioria dos sócios, ainda mais considerando a natureza temporária da sua presidência.
Cintra voltou a afirmar que os jogadores recuperados da rescisão não ficaram com um ordenado superior nem receberam qualquer prémio de assinatura, mas revelou que foram pagas comissões aos respetivos empresários. Esta afirmação é contrária aos rumores de que Dost teve uma melhoria contratual ligeira e de que Battaglia teve um aumento mais significativo. O tempo encarregar-se-á de confirmar os valores que foram despendidos nestas operações - que, na minha opinião, foram das mais importantes medidas tomadas por Sousa Cintra.
Termino com os aspetos mais positivos da entrevista: o facto de não ter aceitado as pretensões salariais de Podence, não ter cedido nas negociações com o Atlético por Gelson, e ter tomado a iniciativa de renovar contrato com Jovane - a política que se seguia de tratar todos os jovens da formação por igual é um modelo que, comprovadamente, não funciona.