Sendo verdade que o Sporting está longe de ter uma equipa de futebol minimamente convincente, é também verdade que o histórico do Sporting (e também dos outros grandes) está preenchido de casos em que foi necessário passar por dificuldades para eliminar equipas do escalão do Loures - normalmente causadas por uma abordagem displicente de quem julga que os golos acabarão por aparecer mais cedo ou mais tarde. E é por aí que passa o aspeto mais positivo do jogo de ontem: o Sporting encarou este desafio da taça de forma séria e isso acabou por garantir um apuramento tranquilo. Há, depois, o resto: mesmo com algumas das principais figuras a fazerem 90 minutos - nomeadamente do meio-campo para a frente - voltou a assistir-se a um futebol paupérrimo que, de vez em quando, lá vai sendo interrompido por um ou outro fogacho esporádico causado pela classe individual (de alguns) dos nossos jogadores.
Apuramento tranquilo - o Loures teve duas boas ocasiões desperdiçadas, mas numa altura em que o Sporting já vencia por dois golos de diferença. O golo que sofremos surgiu já nos descontos, o que proporcionou ao jogo um minuto e meio de incerteza.
O regresso do bombardeiro - o guarda-redes do Loures poderia ter feito mais, mas a imprevisibilidade e força do remate de Bruno Fernandes acabaram por se sobrepor a uma colocação que não foi perfeita. Não foi um daqueles remates à Bruno, mas pode ser que ajude a despertar essa sua capacidade que nos tem feito tanta falta.
Suplício garantido - não dá qualquer prazer ver esta equipa a jogar. É deprimente constatar que quando usamos segundas linhas somos obrigados a recorrer a jogadores que não conseguem fazer melhor figura do que pinos cor-de-laranja. É confrangedor ver que por cada três tentativas de combinação à entrada da área, duas delas falham miseravelmente. À semelhança do que tem sido norma esta época, foi um suplício assistir a mais 90 minutos desta equipa ("aglomerado de jogadores que envergam o símbolo do Sporting" talvez seja uma descrição mais correta). Mas o pior é que esse suplício já era esperado. Pior ainda, não existe grande esperança de que as coisas mudem significativamente num futuro próximo.
Gestão do plantel - não dá para perceber aquilo que se passa na cabeça do treinador quando, num jogo destes, não se pode prescindir de Bruno Fernandes (que manteve o ritmo competitivo na seleção fazendo cerca de 70 minutos), quando não se pode prescindir do duplo pivot para segurar uma vantagem de dois golos (que, aliás, nem sequer conseguimos) contra uma equipa da segunda metade da tabela do seu grupo do Campeonato de Portugal, quando não se consegue arranjar mais do que três minutos de utilização para Miguel Luís, ou quando não se dá uma oportunidade a jogadores como Lumor (preferindo-se continuar a acreditar que Jefferson alguma vez voltará a ser solução).
Objetivo atingido, mas nada aconteceu que ajude a afastar a fortíssima sensação de que esta equipa está completamente à deriva. E agora vem aí o Arsenal...