segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Nas asas de Bruno

O onze e a rotação

Sabe-se que a falta de frescura física de vários jogadores tem sido um dos principais problemas com que o Sporting tem-se debatido nas últimas semanas. Isso tem sido particularmente óbvio no trio do meio-campo: Gudelj, Bruno Fernandes e Wendel têm tido uma utilização intensiva e isso tem-se refletido - principalmente no caso do brasileiro - na incapacidade de jogos completos em condições. Seria por isso de esperar que Keizer aproveitasse esta deslocação ao estádio do último classificado para refrescar o meio-campo - quanto mais não seja porque não o poderá fazer nos três desafios que se seguirão nos próximos 10 dias - contra o Villarreal não poderá usar Doumbia e Geraldes por não estarem inscritos, e contra o Braga terá, obviamente, de meter a carne toda no assador. 

Keizer optou, no entanto, por ir a jogo novamente com o trio do costume. Entendo que queira agarrar-se o mais possível às escassas hipóteses de conseguir uma melhor classificação no campeonato, mas não me parece que, face à enorme diferença de valor entre o Sporting e o Feirense, que corresse riscos enormes se entrasse pelo menos com Doumbia e Geraldes nos lugares de Gudelj e Wendel. Junte-se a isso ainda o facto de ter arriscado em perder Bruno Fernandes e Coates contra o Braga, visto que ambos estão à beira da suspensão por já terem 8 amarelos no campeonato. Sinceramente, esperava um outro tipo de definição de prioridades e planeamento a curto prazo que fosse ditado pela estrutura para a equipa técnica. Felizmente, ontem correu tudo pelo melhor - não houve lesões nem amarelos a jogadores em risco, e até deu para fazer alguma gestão de esforço na segunda parte -, mas pusemo-nos novamente a jeito.


O jogo

Ao contrário do que tem sido normal, o Sporting entrou bem e foi à procura da vantagem do marcador logo nos primeiros minutos, mas a partir dos 15' perdeu por completo a capacidade de ditar o ritmo de jogo e de encostar o Feirense à sua área. A responsabilidade, a meu ver, divide-se entre a falta de peso do nosso meio-campo e da permissividade do árbitro às entradas duras dos adversários - perdoando dois cartões vermelhos na primeira parte a jogadores do Feirense, marcando faltas ao contrário, apitando faltas inexistentes e deixando passar faltas óbvias. O que é facto é que o nível exibicional caiu a pique e voltou a observar-se a crise de confiança que afeta os jogadores, proporcionando alguns momentos dignos dos apanhados. O golo da vantagem acabaria por surgir inesperadamente perto do intervalo, na sequência da primeira jogada com pés e cabeça que a equipa conseguiu fazer. 

A segunda parte teve uma dinâmica completamente diferente, com um Sporting superior a chegar com justiça à tranquilidade através de um bis de Bruno Fernandes - que cada vez mais se assume como o cérebro, o coração e o pulmão desta equipa -, primeiro antecipando-se à ponta-de-lança ao marcador direto com um cabeceamento após cruzamento de Diaby, depois com um (mais um) livre superiormente executado, desta vez mais em jeito do que em força. Já leva 20 golos e 10 assistências, que seria algo notável num ponta-de-lança... e mais notável é num médio. Aquilo que conseguirmos fazer esta época dependerá muito da capacidade que Bruno Fernandes terá para nos transportar.


Destaques individuais

Bruno Fernandes é, por motivos óbvios, a figura do jogo, e foi bem secundado por Acuña. O flanco esquerdo funcionou bem, graças ao bom entendimento entre o argentino e Borja. Sobre o colombiano, esteve novamente em bom nível - desta vez com o cruzamento para o 1º golo - mas voltou a ter responsabilidades - tal como já tinha tido no 2º golo sofrido na Luz - no golo sofrido. Renan voltou a estar magnífico entre os postes - fez duas grandes defesas, uma delas sensacional a evitar um golo certo - e péssimo fora deles. Geraldes estreou-se e fez bom uso dos minutos que lhe foram dados.


A arbitragem

Bem sei que o Sporting não se pronuncia publicamente sobre más arbitragens, mas espero sinceramente que o façam em privado com os responsáveis da Federação. Temos sido prejudicados de forma sistemática ao longo das últimas semanas - algumas vezes com influência no resultado - e ontem aconteceu o mesmo com o trabalho de Manuel Mota:

  • Aos 2', Soares entra com tudo de pitons sobre o tornozelo de Bruno Fernandes, torcendo-o. Com um pouco de azar (ou sorte, dependendo da perspetiva), podia ter causado uma fratura e terminado com a época do nosso melhor jogador. Um vermelho claríssimo que ficou por mostrar, mas o árbitro nem sequer amarelo mostrou.
  • Ainda na primeira parte, Vítor Bruno tem uma entrada dura de pitons sobre o pé de Dost. Deveria ter visto o segundo amarelo, mas Manuel Mota deixou-o no bolso.
  • Na segunda parte, Diaby sofre uma falta de Briseño numa situação em que ficaria isolado. O árbitro mostrou o amarelo por ter interpretado (a meu ver, mal) que ainda havia outro defesa capaz de disputar a jogada. Na minha opinião, mais um vermelho que ficou por mostrar.
  • Na primeira parte, num canto a favor do Sporting, Dost foi ostensiva e insistentemente abraçado por um defesa adversário. O holandês é claramente condicionado na disputa do lance e acaba por correr contra André Moreira. Manuel Mota assinalou falta de Dost, mas podia ter assinalado penálti.
  • Alguém entendeu o amarelo a Doumbia enquanto se posicionava atrás da barreira no livre que daria o terceiro golo do Sporting?

Salvou-se a boa decisão em invalidar o golo do Feirense, após indicação do VAR. Marco Soares estorva a ação de Renan na linha de golo, metendo inclusivamente o peso do corpo para trás para impedir que o guarda-redes chegasse à bola.