domingo, 11 de agosto de 2019

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Depois de visto o jogo inaugural do campeonato com o Marítimo, não há muito que se possa dizer que não se tenha dito já em diversas ocasiões ao longo das últimas semanas. Defrontando um adversário claramente inferior, o Sporting fez uma exibição que plasmou os problemas que têm sido observados na pré-época e que já vinham da temporada passada. Não é aceitável ver, em jogos em que a vitória é uma obrigação, tamanha incapacidade para furar as defesas adversárias e servir em condições os seus homens na área, fruto de um futebol previsível e mal executado no último terço do terreno.

Fonte: zerozero.pt
O problema é essencialmente coletivo, mas o momento de forma das individualidades - que poderiam ajudar a disfarçar as carências do modelo de Keizer - também não ajuda. Não é possível ganhar muitos jogos quando as poucas ocasiões para finalização estão dependentes de um Luiz Phellype que, apesar de batalhador, não tem instinto matador. Não é possível ganhar muitos jogos quando Raphinha, o segundo jogador de características mais ofensivas do onze, faz um jogo desastroso na construção e na finalização. Não é possível ganhar muitos jogos quando o segundo extremo - Acuña, que depende mais do esforço do que do talento para fazer a diferença - está ainda a encontrar-se. Não é possível ganhar muitos jogos quando os médios revelam dificuldades evidentes em ligar o jogo com os colegas. E ainda há Mathieu a atravessar uma fase má, Borja a juntar uma pouco habitual desconcentração no momento defensivo à habitual inoperância ofensiva, e temos um Thierry que, estando a ter os seus primeiros jogos a sério, está sujeito a cometer erros como aquele que deu origem ao golo do Marítimo. Não é possível ganhar muitos jogos quando, perante a má forma dos titulares, olhamos para o banco e não se vê ninguém capaz de dar um abanão no jogo. Onde estão os reforços? É para serem usados agora ou apenas quando já estivermos afastados da luta pelos objetivos da época? O que se andou a fazer no defeso e na pré-época?

Mas não é apenas o problema do plano A. Há também a questão do plano B (ou, para ser mais preciso, do plano salve-se quem puder): perante a necessidade de arriscar para ir atrás do resultado, Keizer desarruma a equipa que, apesar de ter uma dificuldade tremenda de controlar as transições adversárias no seu estado natural, perde a pouca organização que tinha e passa a ficar totalmente exposta sempre que o adversário mete a bola nos pés de um jogador que tenha um mínimo de talento e velocidade. Viu-se o que aconteceu após as mexidas contra o Benfica, e hoje voltámos a ver o adversário dispor das melhores oportunidades depois de Keizer ter feito as suas substituições.

Termino com o problema da mentalidade: mais uma vez, desperdiçámos pontos após um mau resultado dos rivais. Como é que podemos ambicionar conquistar o quer que seja se não somos capazes de explorar os erros alheios?

Está na altura de presidente, estrutura e treinador ficarem MUITO preocupados com o que se está a passar. Não há qualquer evolução a nível coletivo, não se vê qualquer contributo relevante dos reforços que, supostamente, vinham acrescentar ao que já cá havia. Incompetência do treinador? Falta de sintonia entre o treinador e quem decide as contratações? Falta de estratégia por parte de quem manda no futebol? Seja o que for, convém encontrar rapidamente respostas para o angustiante estado atual. Os sportinguistas não merecem este suplício e, ao contrário de nós, os adversários não vão ficar à espera que o Sporting arrume a casa e as ideias.