O Sporting anunciou há pouco um princípio de acordo com o Eintracht Frankfurt para a venda de Bas Dost. A decisão não surpreende e, até certa medida, é compreensível, mas não deixa de ser uma movimentação de enorme risco para a direção e para o treinador. E, obviamente, para o clube.
Comparando com outros pontas-de-lança do Sporting do século XXI, falamos de alguém que ultrapassou Liedson e Slimani e apenas não conseguiu superar (o insuperável) Mário Jardel. Foi um atleta que sempre se mostrou muito acessível e que nunca escondeu o quanto gostava de cá estar. O episódio da rescisão levou a que se abrisse uma ferida difícil de sarar (pun not intended) entre jogador e adeptos, ainda que, de todos os jogadores, o holandês fosse aquele que mais razões teria para querer sair do clube.
Todos percebem que o salário de Dost era excessivo - Cintra também deixou heranças pesadas - para a atual capacidade financeira do Sporting, ainda mais considerando o fraco rendimento desportivo dos últimos meses. Mas também todos sabem que esse salário poderia não custar muito a pagar caso Dost continuasse a fazer aquilo que demonstrou saber fazer tão bem - marcar golos atrás de golos, com um grau de aproveitamento extraordinário face às poucas oportunidades de que foi dispondo.
Esqueçam a fraca contribuição defensiva e as limitações de mobilidade: para a realidade portuguesa, Dost é um jogador excecional à volta de quem se podia (e devia) construir uma equipa. Não foi essa a opção de Keizer e, infelizmente, tarda em mostrar-se acertada. Isso faz com que a saída de Dost tenha um sabor amargo, devido à sensação que nos deixa de uma oportunidade perdida que, a partir de hoje, se torna irreversível.
Os golos do holandês deixarão saudades. Muitas ou poucas, depende de quem for agora contratado para o seu lugar - e aqui reside o risco para a direção e treinador: se o novo reforço não corresponder às expetativas, não haverá forma de justificar por que razão se abdicou de um goleador mais que testado em vez de se tentar tirar o melhor proveito dele. Não é preciso perceber-se muito de futebol que não é todos os anos que se consegue encontrar um goleador como Dost.