Onyewu, Pranjic, Bojinov, Boulahrouz e agora Labyad.
Jogadores que ganham demasiado para o que justificam em campo. Do outro lado
está um clube que não tem dinheiro para qualquer tipo de luxo, obrigado a
reduzir o orçamento para valores historicamente baixos. Sem vontade de reduzir
o salário, os jogadores e seus agentes são incapazes de encontrar um clube que
esteja disposto a pagar vencimentos milionários pelo retorno desportivo que provavelmente
receberão em troca.
O Sporting entretanto encosta-os à equipa B, acreditando que
orgulho dos jogadores e a perspetiva de uma carreira estagnada os faça concluir
que o dinheiro não é tudo na vida. Também se compreende esta atitude, afinal
soluções como a de Elias, em que o Sporting paga parte de vencimento a troca de
nada, não fazem sentido absolutamente nenhum.
Isto, porém, não é a história completa, porque do outro lado
estão profissionais, alguns dos quais sempre tiveram uma atitude irrepreensível
no Sporting. Onyewu, por exemplo. Depois de uma má pré-temporada que
praticamente o condenou junto dos adeptos sportinguistas, acabou por ser um dos
esteios da defesa de 2011/12. Estranhamente foi despachado no princípio da época
seguinte, mas manteve sempre uma postura de lealdade com o clube e os adeptos
nas suas mensagens nas redes sociais. Este ano foi dispensado dos trabalhos de
pré-época. Aparentemente teve uma intervenção cirúrgica à revelia do
departamento médico do clube, que vai ser usada como motivo de rescisão do
contrato.
Labyad é outro caso que faz confusão. O jovem jogador era
uma promessa do PSV em final de contrato. Deve ter tido inúmeras propostas e
acabou por escolher o Sporting, onde não teve uma época feliz – como 95% do
plantel. Se Labyad tivesse optado pelo Benfica poderia ter tido uma época de sonho como
emprestado no Coruña, no Granada ou no Espanyol. A pré-época deste ano também
correu mal e lá foi parar com os costados à equipa B.
Não serão apenas os jogadores que sofrerão
com esta novela. O nome do clube ficará manchado pelo tratamento em massa a
jogadores indesejados, e certamente que nos próximos anos potenciais
contratações pensarão duas vezes antes de assinar com o clube. Afinal, ninguém
apontou uma pistola à cabeça de Godinho Lopes para que estes jogadores fossem
contratados.
Onyewu e a sua equipa de advogados na negociação com Godinho Lopes |
O tutor de Boulahrouz acompanhou todo o processo da transferência para o Sporting |
Os sportinguistas que acham que o clube está a ter um
comportamento correto, devido ao facto de os jogadores não justificarem em
campo os vencimentos milionários que auferem, pensem assim: o que achariam se a
PT, o BES ou a Super Bock cancelassem os contratos de patrocínio devido à
vergonhosa prestação desportiva do clube na época passada? Afinal, a
visibilidade e prestígio que as marcas obtiveram do patrocínio não foram
certamente as que imaginavam no momento da assinatura.