Há ofertas que não se podem mesmo recusar. O passe a rasgar toda a defesa que Rafael Martins fez para o seu guarda-redes foi a cabeça de cavalo colocada debaixo do lençol apertado que foi o jogo defensivo do Setúbal na primeira parte. (*)
Um jogo que estava difícil viu-se de repente simplificado graças a um erro pouco habitual que teve o azar (sorte para os sportinguistas) de apanhar um matador que jogo após jogo demonstra ser um 5+2 no Euromilhões.
E este golo não desbloqueou apenas o marcador. Parece ter desbloqueado o próprio Sporting. Depois de uma primeira parte apática, com apenas um rasgo de Carrillo e pouco mais, o Sporting que regressou dos balneários foi uma equipa mandona que encantou os mais de 32.000 sportinguistas que foram ao estádio.
Na primeira parte tivemos vários jogadores abaixo do nível que nos habituaram. Maurício fez 3 erros invulgares, Adrien parecia escondido do jogo, Carrillo andou pouco inspirado, Martins esteve indeciso na entrega da bola e Wilson esteve muito apagado ofensivamente. No entanto, na segunda parte houve jogadores que se transfiguraram. Adrien esteve em excelente nível, as combinações entre Carrillo e Piris pareceram começar a resultar, William começou a não dar hipóteses aos adversários na sua zona de ação e os golos começaram a aparecer com naturalidade.
E, claro, tivemos Montero. É um jogador inteligente, que sabe segurar a bola e, acima de tudo, uma frieza e eficácia à frente da baliza que faz toda a diferença.
Os números do Sporting 2013/14 enchem-nos de satisfação. É certo que não são números de rolos compressores, nem números de equipas que estão habituadas a ganhar 4 campeonatos em cada 5. No entanto, pensando na equipa que tínhamos há 5 meses atrás e na equipa que temos agora, tenho que me beliscar. Parece demasiado bom para ser verdade.
(*) Quem não viu "O Padrinho", faça favor de o fazer assim que tiver 3 horas de tempo livre