Apesar de ser muito difícil compreender muitas das convocatórias de Paulo Bento, respeito o espírito de lealdade que o selecionador procura ter para com o seu grupo de jogadores. Opta por ter um balneário forte, abdicando frequentemente de jogadores que atravessam momentos de forma bem acima do que alguns dos habituais selecionados.
Esta estratégia, para além de irritar admiradores de jogadores que ficam injustamente de fora das convocatórias, tem outro tipo de riscos que hoje poderão ser bem evidentes. É que do onze-tipo de Paulo Bento:
- João Pereira não joga desde 30 de Outubro, devido a lesão
- Fábio Coentrão apenas fez 4 jogos oficiais pelo Real Madrid esta época, e vem de uma lesão
- Miguel Veloso não jogou em 2 dos 3 últimos jogos pelo Dínamo Kiev, por opção, mas aparentemente também tem problemas num joelho
- Raul Meireles não joga desde 29 de Setembro, devido a lesão
- Nani apenas fez 6 jogos oficiais pelo Manchester United esta época, e já não joga desde 26 de Outubro
Adicione-se uma possível falta de confiança de Rui Patrício, e temos 6 jogadores dos 11 habituais titulares que não estarão num momento de forma compatível com um jogo desta importância.
Jogar com dois ou três jogadores fora de forma, em nome das rotinas consolidadas, compreende-se e acomoda-se perfeitamente sem prejudicar o rendimento. Mais de metade da equipa é outra conversa.
Ao não convocar e utilizar William, Adrien e Bruma nos jogos com Brasil, Israel e Luxemburgo, Paulo Bento desaproveitou uma oportunidade de lançar 3 jogadores que hoje poderiam ser soluções muito válidas. É certo que os jogos com Israel e Luxemburgo eram oficiais e decisivos para assegurar a qualificação direta ou o playoff, mas perante o baixo nível de dificuldade pouco se estaria a arriscar. E, pelo que sabemos agora, talvez o desempenho da seleção tivesse sido bem melhor.
Ninguém compreende a insistência em desperdiçar convocatórias e tempo de jogo em jogadores em contínuo sub-rendimento como Rúben Micael, havendo outras alternativas com um rendimento superior. Já nem falo de Adrien. Que tal Danny, que estava numa forma fantástica no Zenit e não foi opção contra Israel?
Por isso, espero que Paulo Bento não lance William Carvalho ou Bruma no onze de hoje. Não é altura para fazer experiências. E, honestamente, não acredito que o faça.
Já o escrevi no passado: acho que Paulo Bento tem uma estratégia, e acredito que tem condições para levar a nossa seleção à fase final e a uma boa campanha no mundial 2014.
Com ou sem Ibrahimovic, é obrigação da seleção apurar-se para o mundial. Está na hora de Paulo Bento obter, do seu núcleo duro, o retorno do investimento que fez ao longo dos últimos dois anos. Nos jogos contra a Suécia, tudo o que seja menos que um empenho total e um rendimento de top não é aceitável.
Se não for treinador para o conseguir hoje e na próxima terça-feira, então não está lá a fazer nada.