Após regressar do estádio tive que rever o jogo na televisão para não escrever nada de que me arrependesse mais tarde. A sensação com que saí do estádio foi de que tínhamos sobrevivido a uma daquelas arbitragens cujo objetivo é única e exclusivamente cavar-nos uma cova tão funda que nos impeça de incomodar os donos da bola em Portugal.
Ao nível daquele arranque do Sporting de Domingos em 2011/12, com um Xistra contra o Olhanense e um Proença contra este mesmo Marítimo, que se certificaram que não pudessemos aproveitar a onda positiva que na altura o nosso clube vivia. Ao nível de um Capela que inclina o campo de tal forma que se torna impossível que 11 seres humanos possam vencer um jogo de futebol.
Perder com o Porto e de seguida não ganhar ao Marítimo, em vésperas de uma visita à Luz, poderia transformar estas três semanas no funeral do Sporting 2013/14.
Pois bem, revi o jogo na televisão e a minha opinião sobre a arbitragem de Bruno Esteves não mudou. Por mais vezes que reveja o lance do penalty a favor do Marítimo, não consigo ver onde é que o Jefferson toca no avançado adversário (confesso que no estádio me pareceu falta, mas ouvi de imediato na Antena 1 que o penalty tinha sido mal assinalado, por isso continuo na dúvida). Mas não percebo porque é que a mão de Rojo é assinalada (dando origem ao livre direto do 1-1) e uma mão em tudo semelhante na área do Marítimo não deu penalty. Porque é que o árbitro e o fiscal de linha não viram uma agressão de Rúben Ferreira a Capel. Porque é que na segunda parte João Diogo não vê o 2º amarelo depois de uma falta por trás a Capel. Porque é que foram toleradas inúmeras perdas de tempo durante todo o jogo sem um único amarelo para o Marítimo, e 10 segundos depois de marcarmos o 3-2 Montero já via um amarelo sem se perceber bem o motivo.
Ao contrário de anos anteriores, o Sporting conseguiu sobreviver a uma arbitragem trágica. O facto de termos ultrapassado tudo isto é uma prova de vida. Uma prova
de capacidade. Uma prova de vontade. Uma prova de persistência.
Isto não quer dizer que tenhamos feito um jogo perfeito. Longe disso. A primeira parte foi frouxa. Escaparam à apatia geral Capel e William Carvalho. Mesmo assim não merecíamos ter terminado a primeira parte a perder, porque o Marítimo pouco fez para procurar o golo.
Na segunda parte foi tudo diferente. Viu-se muito mais vontade, agressividade e velocidade. Destaco Jefferson, Adrien e Capel, mas de um modo geral toda a equipa subiu de produção. No entanto, o facto de o Sporting ter que ir à procura do resultado deu inúmeras oportunidades ao Marítimo de ter situações de contra-ataque em igualdade ou superioridade numérica. Se há coisa que o Marítimo soube fazer bem, foram os passes longos para as 3 flechas que tentavam aproveitar o adiantamento do Sporting. Talvez também por isso se tenha visto tanta intranquilidade de Dier e William na segunda parte.
Com os golos de Slimani e Adrien, o Sporting conseguiu concretizar uma das mais difíceis reviravoltas de que tenho memória. O Sporting conseguiu sair por cima de um jogo em que não era suposto sair vencedor. Mesmo
que não queiram, vão ter que gramar connosco durante mais tempo do que
imaginavam.
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