Witsel, que tinha sido suspenso por dois jogos por expulsão contra o Austria Viena, foi ontem despenalizado em um jogo e já pode jogar logo à tarde contra o Porto.
Longe de mim estar aqui a servir de advogado de defesa do Porto, até porque na minha opinião a falta que levou à expulsão de Witsel não foi assim tão violenta quanto isso, mas este é mais um exemplo das perigosas ligações entre grupos económicos e o futebol que deveria merecer mais cuidado por parte da UEFA.
Paris Saint Germain, Manchester City, Mónaco, Zenit, são casos em que a força do clube foi anormalmente empolado pela entrada de magnatas que não olham a custos para reforçarem as suas equipas. Como é evidente, isto é um golpe para outros clubes com menos meios nas competições europeias e principalmente nas competições internas.
A UEFA inventou o fair-play financeiro, mas isto não impede que esses magnatas inventem um contrato de patrocínio milionário das suas empresas ao clube, ficando o assunto resolvido.
Eventualmente uma solução de teto salarial, à imagem do que acontece nas competições profissionais nos EUA, poderia ajudar a tornar as coisas mais transparentes, mas admito que seja impossível de pôr em prática na Europa.
Mas a UEFA podia ao menos fazer um esforço para se manter à margem destas negociatas. Mas não.
Este ano, entre os patrocinadores da Liga dos Campeões está a Gazprom.
Gazprom, que como sabemos, é a patrocinadora e dona do Zenit. Zenit, cujo presidente, faz parte do conselho de administração da Gazprom Neft (empresa do grupo para o ramo do petróleo).
Mais uma vez digo que os dois jogos de suspensão a Witsel me pareceram exagerados em função da falta que o jogador cometeu, pelo que é justa a redução de castigo para um jogo. Mas também temos que admitir que não é comum a UEFA mudar de ideias em relação aos castigos que decide, ainda por cima na véspera de um jogo decisivo para a equipa em causa. Que por acaso é detida por um dos patrocinadores da UEFA.