segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Falta-nos um bocadinho assim, à Danoninho

A Taça da Liga é de facto uma competição menor. Seria impossível para mim ver um Sporting - Porto para o campeonato ou Taça de Portugal com o nível de descontração com que vivi o jogo de hoje. No entanto, ambas as equipas levaram o jogo bastante a sério, cada um com o seu objetivo, e acabou por ser uma partida muito interessante.

De um lado um Sporting que assumiu sempre as despesas do jogo. Foi a única equipa que procurou ganhar e apresentou um jogo muito concentrado e fluído. Enormes exibições de Cédric, William e Adrien, bem secundados por Dier, Rojo e Jefferson. Durante a primeira parte gostei muito do entendimento de Martins, Wilson e Cédric na ala direita, proporcionando-nos excelentes momentos de futebol. 

Na segunda parte entrou Carrillo, que confirmou a subida de forma que vem revelando nas últimas semanas, e teve um jogo absolutamente avassalador que deixa água na boca para o que poderá vir aí nas próximas partidas. Foi pena Vítor não ter aproveitado duas excelentes ocasiões de golo que teriam colocado justiça no resultado.

Foto: Record

Apesar de ter gostado do jogo do Sporting, há um facto que é incontornável: é o quarto jogo que realizámos contra Benfica ou Porto, e voltámos a não conseguir ganhar, o que demonstra que ainda nos falta alguma coisa para podermos vencê-los no confronto direto. Foi pena, porque uma vitória poderia dar-nos um acréscimo de confiança importante e colocar mais pressão sobre os nossos rivais.

Ao contrário do que tem feito nos anos anteriores, o Porto não poupou muitos titulares, deixando de fora apenas Helton, Lucho e Jackson (com os últimos dois a entrarem durante a segunda parte). No entanto, não me parece que estejam a dar mais importância à Taça da Liga este ano. Simplesmente não queriam ser derrotados pelo Sporting. Não queriam acima de tudo que alcançássemos o bocadinho que nos falta, à Danoninho. Tão pouco se deram ao trabalho em tentar marcar um golo, que nem Danilo nem Alex Sandro subiram no terreno para causarem os desequilíbrios que os caracterizam.

A arbitragem de Olegário Benquerença pareceu-me boa. Excetuando um fora-de-jogo que me pareceu mal tirado a Wilson (e que não tendo sido assinalado daria origem a uma falta que provocaria com a expulsão de um jogador do Porto) e um amarelo que faltou mostrar a Danilo após uma enorme sucessão de faltas na primeira parte, já fico satisfeito por não ver a pouca vergonha da dualidade de critérios dos últimos mestres do apito que nos têm calhado em sorte, como Duarte Gomes, Bruno Esteves, Jorge Sousa e Manuel Mota.

Uma última palavra para três jogadores adversários. 

Ghilas jogou pouco, mas é natural atendendo à falta de oportunidades que lhe têm dado. Não me dá particular gozo que as coisas lhe estejam a correr mal. Não terá sido por falta de vontade dele que não veio para o Sporting. Agora que sabemos quanto o Porto pagou por metade do seu passe, é evidente que não houve nega ao Sporting, houve nega do Sporting. 

Fernando foi desafiado por José Manuel Ribeiro do jornal O Jogo para demonstrar dentro de campo a superioridade em relação a William Carvalho. Hei-de escrever sobre o artigo que o diretor de O Jogo fez sobre o assunto. O que é facto é que Fernando a construir foi uma nulidade, mostrando um excesso de voluntarismo e falta de clarividência que me incomodaria ver na seleção -- o que não quer dizer que seja contra a sua convocatória. É certo que Fernando vale mais do que isto, mas hoje William ganhou-lhe a toda a linha, quer defensivamente quer ofensivamente.

Carlos Eduardo apanhou uma equipa a sério pela frente pela primeira vez. O novo Deco (que de Deco só parece ter a nacionalidade, o número da camisola e bater bem livres e cantos) jogou muito pouco e ameaça tornar-se o sexto flop portista do ano, depois de Licá, Quintero, Josué, Herrera e Reyes. O jogador não tem culpa da chuva de elogios prematuros que recebeu após jogar contra adversários fracos como Rio Ave e Olhanense, mas a realidade é que os portistas (e os comentadores) parecem-se cada vez mais com os benfiquistas ao endeusarem jogadores sem que os tenham visto a jogar contra adversários de nível médio ou alto. Até pode ser bom jogador, mas compararem-no a Deco ao fim de dois jogos completos é uma idiotice.