Vou começar por tirar o elefante do meio da sala: o Sporting jogou muito mal na segunda parte. Chegou a ser confrangedor ver os nossos jogadores fazerem uma enorme quantidade de asneiras perante uma das piores equipas do campeonato. Os últimos minutos acabaram por ser angustiantes, não tanto pelo perigo que o adversário causou (o lance mais perigoso foi um ressalto de bola que passou perto da baliza), mas pela tradicional fatalidade que faz questão de surgir em jogos que não soubemos (ou não nos deixaram) matar a tempo e horas.
Após o apito final, senti um misto de alívio e irritação. Mesmo assim fiquei incrédulo, enquanto descia as escadarias do estádio já com o auricular do rádio no ouvido, ao ouvir Nuno Matos, da Antena 1, dizer que foi melhor o resultado que a exibição. Melhor o resultado que a exibição? Absurdo. Ou Nuno Matos deixou-se ir por um cliché sem pensar, olhando apenas para os últimos 5 minutos de jogo, ou não viu o mesmo jogo que eu.
O Sporting, no conjunto dos 90 minutos, foi indiscutivelmente a melhor a equipa, e na primeira parte jogou bem. Não entrou com a intensidade que todos desejaríamos, mas fez o suficiente para encostar o Olhanense à sua área e construir alguns lances de perigo. O golo de Mané, aos 14 minutos, chegou com naturalidade e creio que não havia ninguém, dos 30.000 sportinguistas presentes (boa casa), que não esperasse que o resultado se iria avolumar caso a produção do Sporting se mantivesse.
E manteve-se. Mesmo sem deslumbrar, o resto da primeira parte foi de sentido único e Montero até marcou de cabeça na sequência de um livre, mas o auxiliar de Hugo Miguel viu um fora-de-jogo inexistente. Eu, da minha posição no estádio, sem necessitar de repetições, não tive dúvidas absolutamente nenhumas que o golo tinha sido legal.
Fonte: @iDesporto |
Junte-se a este lance uma série de faltas absurdas assinaladas perto da área do Sporting (uma das quais acabou por provocar uma reação de Rojo que lhe valeu o amarelo), e podemos concluir que tivemos mais uma arbitragem muito pobrezinha que desta vez, felizmente, acabou por não ter influência no resultado.
Destaco pela positiva Montero, que esteve muito bem mas não precisa de ter tanta cerimónia para rematar, William Carvalho e Adrien, bem secundados por Cédric e Jefferson. Carrillo entrou bem no jogo e teve um remate ao poste que poderia ter sido um golo estrondoso.
Infelizmente a segunda parte revelou um Sporting nervoso e precipitado. Mané, que na primeira parte tinha estado bem, ligou o complicador, Heldon não se viu, Wilson Eduardo esteve muito trapalhão, e André Martins esteve muito mal a entregar a bola. Não sei a que se deveu a péssima exibição da segunda parte, mas parece evidente que os níveis de confiança de muitos jogadores estão bastante baixos. E como é evidente, os assobios que se ouviram em alguns momentos definitivamente não ajudam os jogadores, que têm melhor consciência do que ninguém que as coisas não lhes estavam a correr nada bem.
O Sporting acabou por desperdiçar uma boa oportunidade para responder categoricamente ao mau jogo da Luz. É certo que se o golo de Montero não tivesse sido invalidado, o Sporting teria condições para realizar um jogo tranquilo e certamente que mais golos apareceriam -- e todos sairíamos do estádio com uma sensação bem menos amarga.
Pode-se dizer que a equipa deu meia resposta, que foi suficiente para levar os três pontos. E isso era o fundamental.