A ideia base que tem estado no centro do discurso dos dirigentes, treinadores e jogadores sportinguistas deste o início da temporada, é entrar jogo a jogo com o objetivo de vencer. Isso faz com que os jogos tenham todos o mesmo nível de importância, visto que não há mais do que 3 pontos em disputa em cada um deles.
No entanto, tenho a opinião de que o jogo desta noite com o Olhanense vale mais que os 3 pontos que estão em disputa.
Tem sido evidente aos olhos de todos que o rendimento do Sporting tem vindo a decrescer desde o final de dezembro. Uma equipa que antes disso goleava e fazia excelentes exibições, passou a ter uma relação mais complicada com a baliza adversária.
Olhando para os jogos disputados desde que o Sporting recebeu o Nacional, a equipa conseguiu 3 vitórias, 4 empates e 1 derrota. O facto de a percentagem de vitórias neste período estar abaixo dos 50% é obviamente preocupante. Mas a verdade é que o Sporting fez o suficiente para ganhar em 3 dos 4 empates que consentiu (contra o Porto para a Taça da Liga e contra Nacional e Académica para o campeonato). No empate com o Estoril a exibição do Sporting foi pobre, limitada pela excelente réplica do adversário mas também pelo anti-jogo praticado por Pedro Proença. A derrota com o Benfica foi indiscutível e, convenhamos, pecou por escassa. Se tivesse sido mais eficaz na finalização o Benfica poderia ter alcançado um resultado histórico.
Ou seja, neste período mau do Sporting houve apenas dois jogos em que a equipa não fez realmente o suficiente para ganhar (Estoril e Benfica), apesar de terem existido vários jogos com exibições pouco conseguidas.
Infelizmente, a opinião que se começa a formar é a de uma realidade bem mais negra. Apesar de os ciclos exibicionais serem inevitáveis para todas as equipas, querem vender-nos que o verdadeiro Sporting é o Sporting do último mês e meio, e não o dos primeiros 5 meses.
Como exemplo, podemos ler um texto escrito por Mário Fernando, diretor de desporto da TSF, no seu blogue jogo jogado.
in jogo jogado, tsf.pt |
Segundo Mário Fernando, o jogo de terça-feira demonstra a real diferença entre o atual Benfica e o atual Sporting. Não concordo. O jogo de terça-feira demonstrou a diferença entre o Benfica e o Sporting daquela noite, dos jogadores disponíveis naquela noite, da motivação com que esses mesmos jogadores entraram, e das apostas táticas dos treinadores.
Se o Sporting valesse apenas aquilo que demonstrou no jogo contra o Benfica, estaria a lutar para não descer. O Arouca, o Belenenses, o Gil Vicente, e se calhar a maior parte das equipas que foram à Luz esta época deram bastante mais réplica ao Benfica do que o Sporting.
Como também é verdadeiro que se o Benfica valesse aquilo que demonstrou no jogo contra o Sporting, estaria na frente do campeonato não com 4 pontos sobre o 2º classificado, mas provavelmente com 12 ou 13 pontos de vantagem.
Admito que possa estar a interpretar mal a frase de Mário Fernando, ou então o jornalista pode ter escolhido mal as palavras ao escrevê-la, mas durante esta semana já li e ouvi demasiadas opiniões de outros comentadores que vão nesse sentido: que a superioridade do Benfica em relação ao Sporting foi natural em função do fosso que existe entre as duas equipas.
Não foi natural. O Sporting que esteve em campo fez o seu pior jogo no campeonato, e o Benfica que esteve em campo fez o seu melhor jogo da época.
Que raio, o Benfica que esteve em Barcelos uma semana antes não foi o mesmo Benfica que jogou na terça-feira. Porque andam a tentar vender que o verdadeiro Benfica é o que derrotou o Sporting por 2-0? Tal como o Sporting guerreiro que esteve em Arouca há duas jornadas atrás não tem nada a ver com o Sporting apático e medroso que se apresentou na Luz. E não foram este Benfica e este Sporting que estiveram presentes nos dois confrontos anteriores entre ambos, na 3ª jornada e na Taça de Portugal.
É por isso que o jogo de logo é um pouco mais importante que a generalidade dos outros jogos. É necessário que a equipa saiba responder categoricamente ao desaire, que mostre que o jogo da Luz foi o bater no fundo e que a recuperação da forma, da confiança e da qualidade que já demonstraram inicia-se já hoje contra o Olhanense.
O essencial será sempre conquistar os três pontos. Mas seria bom que os jogadores apresentassem mais alguma coisa. Vencer folgadamente não será equivalente a dizer que o mau momento estará ultrapassado, mas pelo menos coloca um pouco de perspetiva no festival de críticas que a equipa recebeu e que são injustas. Injustas porque muitos comentadores aproveitaram para extrair conclusões que vão bem para além da prestação do Sporting naquele jogo em particular.
O real valor do Sporting é bem superior ao que foi demonstrado no último jogo. Eu sei disso, e a esmagadora maioria dos sportinguistas sabe disso. Eu acredito na equipa. Nós acreditamos na equipa. E mais uma vez, a melhor forma de demonstrarmos a nossa crença é aparecendo logo em Alvalade para apoiar durante 90 minutos. Eu vou estar lá.