Uma equipa de sucesso precisa que todas as unidades façam o seu trabalho de forma competente, desde o presidente aos jogadores, passando pelo responsáveis pelo departamento de futebol e pela equipa técnica.
Dependendo do clube, há o hábito de se dar mais ou menos importância a cada uma dessas unidades. No caso do Porto, não é novidade para ninguém que o treinador tem sido, nos últimos anos, um acionista minoritário. Aos olhos dos portistas o responsável nº 1 pelas vitórias costuma ser o presidente. Depois os elogios vão na direção dos jogadores, sobrando depois alguns louros para a estrutura e, no final, refere-se com simpatia que o treinador teve o mérito de não estragar aquilo que os outros lhe proporcionaram.
José Manuel Ribeiro escreve que os adeptos portistas devem "aceitar que o treinador só cobre uma parte das variáveis, e às vezes bem pequena.". Parece-me que o raciocínio do diretor de O Jogo vem em completo contraciclo com o sentimento da generalidade dos portistas. Após largos anos em que acreditaram que o treinador era uma figura pouco mais que decorativa, esta época mostrou-lhes que afinal existe uma grande diferença entre ter ou não ter um treinador competente. Daí a desilusão generalizada que se pode ler nos blogues portistas perante o nome anunciado ontem.
Apesar de ainda ter uma enorme fé na capacidade da estrutura do clube em proporcionar ao seu novo treinador todas as condições para disputar o título até ao fim (coisa que este ano não aconteceu), José Manuel Ribeiro refere que existe uma variável que o Porto não controla: o Benfica. Concordo. O Benfica será sempre o candidato nº 1 ao título caso consiga manter o treinador e não venda metade do plantel.
Mas acho curiosa a forma como José Manuel Ribeiro descarta desde já o Sporting dessa luta. Fez questão de não mencionar o Sporting porque "o FC Porto voltará a ter mais recursos para competir". Tem graça, isto significa que o Porto este ano não teve recursos para competir? Que recursos faltaram ao Porto este ano?
Mas acho curiosa a forma como José Manuel Ribeiro descarta desde já o Sporting dessa luta. Fez questão de não mencionar o Sporting porque "o FC Porto voltará a ter mais recursos para competir". Tem graça, isto significa que o Porto este ano não teve recursos para competir? Que recursos faltaram ao Porto este ano?
Financeiros? Não me parece. Numa época em que o Porto gastou €31M em Herrera, Reyes, Quintero, Licá, Ricardo, e Ghilas, com uma folha salarial ao nível do Benfica, é impossível invocar esse argumento.
Estabilidade organizativa? Não foi anunciada nenhuma mudança a esse nível, pelo que se supõe que as figuras que dirigiram o Porto nesta época continuarão para o próximo ano.
Jogadores? Ao que se diz, Fernando e Jackson estão de saída, e será complicado contratar jogadores que os consigam substituir de imediato. Acho bastante provável que o Porto consiga equilibrar o plantel em termos de alternativas para as várias posições, mas a qualidade média dos jogadores dificilmente aumentará.
Duvido que se esteja a referir a recursos nas instâncias de poder federativos. Esses sempre lá estiveram, prestáveis e obedientes nos momentos de necessidade, como tivemos oportunidade de ver no caso do atraso na Taça da Liga.
Só muda mesmo o treinador. E apesar de merecer o benefício da dúvida, não há nada no currículo de Lopetegui que leve a crer que seja um técnico assim tão extraordinário. Se fosse, certamente que os clubes espanhóis não o teriam deixado nas seleções jovens durante tanto tempo. Lopetegui é inegavelmente uma aposta de risco.
O motivo pelo qual José Manuel Ribeiro não menciona o Sporting não tem a ver com os recursos que o Porto terá a mais na próxima época. É apenas uma questão de despeito, de alguém que ainda não se adaptou à ideia de que o fosso da qualidade com que se trabalha no Porto e no Sporting se reduziu significativamente.
Sabe que mais, JMR? Podemos viver bem com isso. Esteja à vontade para não nos considerar candidatos ao título em 2014/15 -- é um favor que nos faz.